Paixão e divertimento no fotojornalismo


25/11/2008


Aline Sá
28/11/2008

Nascido em São Paulo, em 8 de março de 1977, Ricardo Brito se apaixonou pela arte de fotografar aos 15 anos, quando trabalhava como mensageiro da sucursal paulistana do Jornal do Brasil. Foi lá que teve a oportunidade de desenvolver e ampliar seus conhecimentos, motivado por profissionais experientes como Ed Vigiani, Cezar Diniz, Luiz Paulo Lima, Carlos Goudgrub e Renato de Sousa:
— Acompanhava de perto a rotina de trabalho deles e, ambicioso, pedi autorização à Célia Chain, que era a Chefe de Redação, para freqüentar o Departamento de Fotografia depois do expediente e ajudar o Sr. Martins, o laboratorista. Aprendi muito com ele e o jornal acabou patrocinando alguns cursos na área. Ali nasceu a minha paixão pelo fotojornalismo.

Terminados os cursos, o pai também o incentivou, dando-lhe uma câmera:
— Com ela, em pouco tempo passei a sair com os jornalistas, para treinar o que havia aprendido. Quando recebi minha primeira pauta, fiquei contente — e mais ainda quando revelei o filme e os veteranos gostaram do resultado, elogiando o enquadramento e a luz. Do JB, para onde voltei depois, fui para o Jornal Caderno São Paulo/EM>.

Entre os trabalhos mais impactantes de sua carreira, Ricardo destaca a cobertura da enchente no córrego Pirajussara, cujas imagens foram vendidas pela Agência Folha para diversos veículos, e assuntos importantes e atuais, e até o acompanhamento de obras de infra-estrutura no setor de telecomunicações. Seja qual for o tema, diz ele, a foto tem de ser acurada, verossímil e objetiva — e, para isso, é fundamental a sensibilidade do profissional, que tem que perceber o contexto à sua volta e inserir-se nele:
— A imagem jornalística precisa ter caráter informativo, não pode ser apenas um recurso visual para a matéria. Hoje, muitas vezes ela é usada para preencher vazios e arejar a página, mas, para mim, o importante é que ela fale por si mesma e complete a notícia. Afinal, o repórter-fotográfico também é jornalista, participa da matéria com a informação do que viu e captou.

Personagens

Para Ricardo, fotografar é bem mais que um trabalho, uma profissão:
— É minha atividade diária, minha paixão e também meu divertimento, pois trabalho com o que adoro fazer. E não são importantes nessa arte apenas a técnica e as imagens resultantes, mas também os personagens e suas histórias. Conheci pessoas e lugares maravilhosos cobrindo pautas e, por isso, hoje dou preferência àquelas que me dão mais tempo para elaborar, pesquisar e produzir com calma boas imagens.

Ricardo, porém, já passou maus momentos indo atrás de boas histórias:
— Para começar, é difícil sobreviver de frila, pois algumas empresas não entendem que temos que pagar aluguel, seguro de equipamento, impostos etc. E estamos sujeitos a acidentes de percurso, como ser esquecido numa cidade interiorana depois de cobrir um enduro eqüestre e ter que voltar pra casa de carona num caminhão, sacolejando em cima de um monte de sacos de batatas. Ou ser flagrado tirando fotos de gente sendo agredida numa delegacia, ter que sair correndo feito louco pra não levar tiro e, no caminho, ainda jogar tudo numa lata de lixo, rezando pra ninguém achar a câmera. Neste caso, pelo menos, aprendi uma lição: passei a usar um equipamento mais silencioso… 

Liberdade

Mesmo apaixonado pelo fotojornalismo, “com sua oportunidade e liberdade de narrar o fato para o leitor e despertar sua imaginação”, Ricardo também faz eventuais trabalhos de publicidade e está permanentemente abastecendo seu site, www.rbfotocom.com.br, com novas imagens. Para um profissional, em qualquer tipo de pauta, o importante, diz ele, é ter “atitude, vontade, determinação, objetividade, curiosidade e sensibilidade aguçada na hora de congelar um momento”.

A quem se interessa por fotografia e quer ingressar nesse competitivo e restrito mercado de trabalho, Ricardo dá seu conselho:
— Prepare-se, pois a competição acirrada abala os valores éticos. Busque reconhecimento apenas no ato de ver seu material bem aproveitado, complementando o texto. Estude e treine muito, para aprimorar a técnica e a sensibilidade estética, e mantenha os olhos atentos, para não perder o que pode acabar se revelando a melhor foto do dia. 


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