De laboratorista a repórter-fotográfico


14/08/2007


Rodrigo Caixeta
17/08/2007

Roberto Esteves diz que a fotografia é uma paixão de infância. Aos 12 anos, ficava admirado vendo o avô fotografar eventos familiares. Três anos mais tarde, viu alguns fotojornalistas em ação no carnaval de São Paulo e decidiu que era aquela profissão que queria seguir. E foi à luta. Em 1975, aos 17, fez o primeiro curso com o professor Enio Leite e, no ano seguinte, outro mais avançado com o fotógrafo J.Godoy, que o indicou para o primeiro trabalho — “com carteira assinada e tudo!” — como laboratorista e assistente de estúdio numa agência de publicidade:
— Foi minha primeira grande escola. Depois fiz um curso no Centro Educacional Kodak e oficinas culturais com profissionais como Nair Benedicto, Cristiano Mascaro, Mário Espinosa e Emidio Luisi.

Na publicidade, Roberto descobriu a magia da profissão escolhida— “contrastes, meios-tons, preto e branco…” — e aprendeu o conceito do retrato — “um segmento da fotografia presente em qualquer situação”:
— Sobretudo na fotografia documental, que hoje pratico mais do que o fotojornalismo — afirma o repórter-fotográfico, que já fez fotos para bancos de imagem como Photo Stock, Still Life Photo e Freelance Photographers Association (FLPA)

Há 25 anos dedicado à carreira, Roberto já teve fotos publicadas nas revistas Interview, Vogue, Status, Astros & Estrelas, Carícia, Tribuna do Músico, Marketing Cultural, Agito Geral e Rodeio de Bravos; e nos jornais Folha da Tarde, Notícias Populares, Folha de S.Paulo, Diário Popular, Shopping News, Diário de Mauá, Estadão e Gazeta Esportiva. Desde 1991, também acumula a função com a de professor:
— Dei aulas, inclusive, para menores infratores — hoje, alguns deles são fotógrafos profissionais — e para a terceira idade. Em setembro, inicio um curso de Fotojornalismo para adolescentes na Oficina Cultural Alfredo Volpi, em São Paulo.

Repórter-fotográfico, professor e também documentarista, Roberto acaba de lançar o site www.robertoestevesfotografias.art.br, em que disponibiliza seu acervo de imagens de coberturas diversificadas, que vão desde provas eqüestres até semanas de moda e circuitos de artes marciais.

Beleza

Das histórias vividas na carreira, Roberto se lembra de uma engraçada:
— Fui, com uma equipe, cobrir o carnaval em um clube de São Paulo para o Notícias Populares. O foco da reportagem era a beleza feminina, mas, chegando ao local, percebemos que o número de travestis era muito maior, o que acabou virando nossa pauta.

Roberto diz que o fotojornalismo brasileiro está entre os melhores do mundo — “pela competência explícita demonstrada pelo grande número de imagens de profissionais brasileiros que ilustra jornais e revistas mundo afora”, reconhece. Como fonte de inspiração, destaca os trabalhos de Walter Firmo, Januário Garcia e Sebastião Marinho, entre os nossos, e do norte-americano Gordon Parks. E avisa aos aspirantes a uma vaga de repórter-fotográfico:
— É preciso dedicação, muito trabalho e muito estudo. Deve-se também apreciar cinema, quadrinhos e outras artes visuais, que ajudam a compor o olhar do fotógrafo.

Atualmente, Roberto trabalha em projetos pessoais, como a continuação do documentário “Meninos do mundo” — cujas imagens foram publicadas na “Antologia da fotografia africana” — e a edição de um livro para a União das Escolas de Samba Paulistanas, para o carnaval 2008:
— O tema é “120 anos de abolição inacabada”, que reúne o olhar de mais três fotógrafos: Mário Espinosa, Wagner Celestino e Luiz Paulo Lima. 

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