Ex-alunos do Iserj festejam 60 anos de formatura


16/11/2006


José Reinaldo Marques

 Instituto Superior de Educação do Rio, hoje

A Associação Brasileira de Imprensa foi convidada para participar da festa do 60º aniversário da formatura de professores da turma de 1946 do Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro (Iserj), que será celebrado com um almoço de confraternização, na próxima quinta-feira, dia 23, no Clube da Aeronáutica, na Praça XV (Centro).

Autora do convite à ABI, a professora Therezinha Souza Lonzetti, 80 anos, mulher do jornalista Ulysses Cláudio Lonzetti — associado da Casa há 62 — diz que ainda há 87 remanescentes da turma de 360 alunos. Segundo ela, a prova de acesso ao antigo Iserj era muito difícil:
— Era um vestibular que exigia alto padrão de conhecimento de Português, Aritmética, Geografia, História e Ciências. E não bastava à candidata a aprovação nas provas para ser aceita. A instituição também exigia que tivéssemos dentes e físico perfeitos.

Therezinha entrou para o Instituto de Educação em 1939, quando cerca de 3 mil candidatas se inscreviam para o concurso de admissão em que eram selecionadas apenas as 200 primeiras classificadas:
— Era uma escola muito especial. Na época, o Rio de Janeiro era a capital do País e todos os professores do Instituto eram mestres que lecionavam nas escolas de Medicina, Direito e Engenharia da antiga Universidade do Distrito Federal dos Estados Unidos do Brasil (UDF).

Elite

              A fachada do Instituto em foto dos anos 30  

A professora conta que o Instituto de Educação chegou a ser discriminado por alguns setores da esquerda, que o consideravam muito elitizado:
— Dizia-se que o prédio era um símbolo da elite e que por isso deveria ser destruído. Éramos realmente um símbolo, mas da elite pensante. Os professores daquela época eram pessoas que tinham lecionado na ditadura de Getúlio Vargas, expondo abertamente, em sala de aula, os próprios juízos de valor, sem medo de serem admoestados. Minha geração era assim.

Localizado na Tijuca, Zona Norte do Rio (Rua Mariz e Barros, 273), o atual Instituto Superior de Educação iniciou sua história em 6 de março de 1880, quando, por meio do Decreto nº 7.684, D. Pedro II implantou a Escola Normal da Corte — que só começou a funcionar oficialmente em 5 de abril, num salão do Colégio Pedro II, em São Cristóvão. À cerimônia de inauguração, compareceram o Imperador e o Barão Homem de Mello, que, “com a vênia de Sua Majestade”, anunciou estar “solenemente instalada a Escola Normal”.

Em 19 de março de 1932, o Decreto nº 3.810 extinguiu a Escola Normal e criou o Instituto de Educação, com o “objetivo de ministrar educação secundária a ambos os sexos, preparar professores primários e secundários e manter cursos de continuação e aperfeiçoamento para professor”. A escola de formação docente funcionou em vários locais até se firmar no imponente prédio que o abriga até hoje. Segundo o professor Ricardo Fanírio, do Centro de Memória do Iserj, o prédio da Rua Mariz e Barros foi ocupado às pressas:
— Corria um boato de que todos os imóveis públicos seriam tomados por Getúlio Vargas e seus pares da Revolução Integralista de 1930.

Como Instituto de Educação o colégio viveu seu apogeu nas décadas de 40, 50 e 60. Depois de ter sido inaugurado misto — com 88 moças e 87 rapazes —, durante muito tempo a instituição só aceitou o ingresso de meninas, por causa da Lei Orgânica que vigorou no estado entre 1946 e 61 — já em 62 as matrículas de candidatos do sexo masculino voltaram a ser aceitas.

Até meados dos anos 90, o Instituto esteve vinculado à Secretaria de Educação do Estado do Rio. Em 97, passou para a Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia, integrando a rede da Fundação de Amparo às Escolas Técnicas (Faetec). Em junho de 1998, foi transformado em Iserj, com base na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que prevê que a formação de professor de 1ª a 4ª séries requer nível superior. Atualmente, tem cerca de 5 mil alunos e oferece formação de professores para educação infantil (creche e pré-escola) e ensino fundamental (C.A. à 8ª série) e médio (formação geral e curso técnico de Informática). 

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