Cyro Garcia diz que está na hora de mudar o Rio


14/09/2016


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Jansen de Oliveira, Domingos Meirelles, Cyro Garcia, Ivan Proença e Jesus Chediak

 

A principal tônica da exposição do candidato do PSTU, Cyro Garcia, foram as radicais propostas de mudança defendidas pelo seu programa de governo. Cyro propôs a imediata revisão de todos os contratos das Organizações Sociais (OS) que administram os hospitais municipais, com o objetivo de melhorar a qualidade de atendimento à população. O candidato lamentou a atual situação dos hospitais públicos, como parte de uma estratégia para beneficiar os planos de saúde.

Saúde

“Os hospitais estão deficientes e precisam ser reequipados. Existe a necessidade urgente da prefeitura realizar concursos públicos em todos os níveis para melhorar o atendimento médico. Não há leitos disponíveis, faltam especialistas, como neurocirurgiões, geriatras, pediatras, ortopedistas em áreas críticas da cidade, onde a população mais necessita da prestação de serviços médicos. A atual política de saúde da prefeitura privilegia hospitais localizados em áreas nobres da cidade. Quero incrementar a Saúde preventiva ao invés do que acontece hoje que beneficia a Saúde curativa, bem mais onerosa e que atende os interesses da indústria farmacêutica em detrimento da população”.

Na sua opinião, se houvesse uma política de saúde voltada exclusivamente para a família, o custo benefício das verbas investidas nos programas tradicionais seriam bem menores e com resultados mais expressivos.

“Além de uma economia significativa, o cidadão comum seria beneficiado com outro nível de atendimento que evitaria a sua internação hospitalar. Gostaria que o Rio tivesse o mesmo padrão de atendimento de países desenvolvidos, como a França e a Itália, que não privilegiam a política de incentivo à internação e de consumo exagerado de medicamentos, como existe no Rio e no resto do país.”

 

Jansen de Oliveira, Domingos Meirelles, Cyro Garcia, Jesus Chediak e Ivan Proença

Jansen de Oliveira, Domingos Meirelles, Cyro Garcia, Jesus Chediak e Ivan Proença

Educação

O advogado Jansen de Oliveira questionou o candidato se ele tinha informações detalhadas sobre o custo dos programas de educação implantados pela prefeitura e se defendia alguma alternativa capaz de melhorar, a curto prazo, o nível do atendimento escolar oferecido pelo município do Rio. O advogado da ABI aprofundou o questionamento, observando que esse era um requisito básico para conhecer os números da atual administração e realizar um planejamento mais detalhado em seu programa de governo. Cyro Garcia explicou que não teve acesso aos números, mas tem conhecimento dos graves problemas que afetam a população.

“Os números divulgados pela prefeitura não reproduzem a realidade”. Acentuou que as mazelas da atual administração serão enfrentadas pontualmente dentro dos critérios estabelecido no seu programa de governo.

O candidato defendeu também a introdução de um sistema de educação integral a fim de beneficiar a população mais carente, além de melhorar a qualidade da merenda escolar, atualmente oferecida aos alunos da rede pública municipal. Cyro criticou o atual sistema de educação integral por não cumprir seu verdadeiro papel já que as aulas terminam às 14h. O ideal seria estender o horário e prolongar a permanência do aluno nas salas de aula e que só voltassem para casa depois de jantar na escola.

Transporte

Cyro foi enfático ao afirmar que a atual política de transporte do Rio está a serviço das empresas de ônibus. Condenou a influência nefasta que a Federação de Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro exerce ao interferir na gestão e planejamento do sistema de transporte coletivo oferecido à população. Ao invés de privilegiar os ônibus, que deveriam ter um papel secundário nas conexões urbanas, a prefeitura deveria implantar um serviço de transporte ferroviário que interligasse as principais área da cidade.

“Além de ser uma solução moderna e mais econômica, o transporte ferroviário seria mais eficiente, com um custo operacional extremamente baixo para os cofres do município.”

Na sua opinião, o BRT deveria ter uma função apenas complementar, interagindo melhor com o trem. Cyro criticou o atual modelo de VLT por ele qualificado “como um brinquedo do Eduardo Paes” por deixar de cumprir o papel que deveria exercer no transporte coletivo no Centro da cidade. Além de caro, considerou o VLT um desperdício diante do elevado custo de funcionamento e conservação. Cyro acha que o trem tem baixo custo de manutenção e oferece melhores serviços á população.

Segurança

Cyro Garcia criticou também o atual funcionamento das UPPs por terem sido implantadas sem levar em conta as carências e características dos locais onde foram instaladas. Cada área da cidade tem suas próprias necessidades e, segundo ele, não se poderia adotar um modelo comum a todo Rio de Janeiro. Ele condenou o armamento da Guarda Municipal dizendo que ela precisaria ser totalmente reformulada para atender melhor as reais necessidades da população.

Campanha eleitoral

O candidato ressaltou que o PSTU por defender ideias e um programa de gestão que contraria os interesses das classes dominantes foi marginalizado na campanha a prefeito por mais um casuísmo da atual legislação eleitoral. O objetivo, segundo ele, foi silenciar a visão de gestão que o PSTU tem da administração pública e do exercício da atividade parlamentar. O partido diante dessa nova manobra eleitoral passou a dispor apenas de seis segundos no horário de propaganda gratuita do TRE na televisão.

“A redução do tempo tem como principal objetivo impedir que a sociedade seja informada dos projetos que norteiam o partido e que tanto incomodam as elites que controlam as atividades política e econômica do Rio e de todo o país”, observou.

O presidente da ABI comentou que a esquerda tem encontrado, nos dias de hoje, uma certa dificuldade em fazer suas propostas prosperarem junto à classe trabalhadora, com a mesma velocidade do trabalho de conscientização nos anos 20 da antiga República Velha , quando o proletariado recebia forte influência do movimento anarquista. Domingos Meirelles concluiu seu raciocínio perguntando ao candidato se o povão entendia o slogan cifrado do PSTU : ” não vote em burguês .Vote 16 “. Cyro Garcia admitiu a existência dessa dificuldade e explicou que a criação do slogan está relacionada diretamente com o curto espaço de tempo que o partido tem na propaganda eleitoral da televisão.

“São apenas seis segundos , não dá para dizer mais do que isso,” completou.

O candidato do PSTU disse também que outro fator responsável pela manutenção desse aparente quadro de apatia da classe trabalhadora é o intenso trabalho de alienação desenvolvido pelas elites na tentativa de descaracterizar e até mesmo negar a existência de uma luta de classes na sociedade brasileira.

O advogado Jansen de Oliveira perguntou se essa dificuldade de comunicação da esquerda não estaria também relacionada com o mundo líquido em que vivemos, onde a pluralidade de opiniões tem uma velocidade e um dinamismo em permanente mutação, levando as pessoas a se preocuparem com suas necessidades mais imediatas, customizando religiões e ideologias políticas, numa espécie de sincretismo político.

Cyro Garcia disse que infelizmente esse trabalho de mascaramento ideológico tem sido realizado também com a colaboração de alguns partidos de esquerda ao participarem das chamadas políticas de aliança como é o caso do PT e do PC do B que no passado recente tiveram como parceiro o PMDB com todo seu legado de fisiologismo.

“Fora todos”

Cyro sustentou que foi correta a decisão do seu partido em apoiar o impeachment da presidente Dilma Rousseff diante do fato do PT ter se envolvido em tantos escândalos e renunciado aos compromissos políticos que justificaram a sua criação.

“O PT representou um verdadeiro retrocesso na vida política brasileira. Ao assumir o poder fez uma aliança com os grandes grupos financeiros e com a chamada base da pirâmide, abandonando os compromissos que nortearam a sua fundação como legítimo representante dos verdadeiros interesses da classe trabalhadora.”

Cyro explicou que o fato de terem apoiado o impeachment e fazerem duras críticas ao PT não significa que estejam comprometidos com o Governo de Michel Temer a quem também condena pela velha política do ‘toma lá dá cá’.

– Por isso, defendemos ‘Fora Todos Eles’ ao encamparmos ‘eleições gerais já’ que é um dos principais motes de nossa campanha. Defendemos um governo socialista de trabalhadores que seja formado conselhos populares eleitos de forma democrática.

Cyro Garcia é bancário aposentado do Banco do Brasil. Formou-se em Direito pela UFRJ e diplomou-se como doutor em História pela UFF. Foi deputado federal pelo PSTU, concorreu ao Governo do Estado do Rio e está disputando pela quarta vez a eleição para prefeito da cidade do Rio de Janeiro.

Na próxima quinta-feira (15), a deputada federal Jandira Feghali será sabatinada pela diretoria da ABI. O encontro será das 14h às 16h, na sede da entidade, com transmissão online através do Facebook da ABI.

Gravação transmitida pelo Facebook:

*Publicado em: 14 set, 2016 às 19:00