Tribunal egípicio condena jornalistas da rede Al Jazeera a três anos de prisão


31/08/2015


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Os jornalistas Peter Greste,  Baher Mohamed e Mohamed Fahmy, do canal árabe Al-Jazeera, foram condenados a três anos de prisão no Egito por “divulgação de informações falsas” e trabalhar sem as autorizações necessárias em 2013.

Os três foram sentenciados, neste sábado (29), por difundir notícias falsas e trabalhar sem permissão no país. O veredicto aconteceu em novo julgamento, após sentença inicial ter sido anulada por um tribunal de apelação.

O juiz Hassan Farid alegou que os três “não eram jornalistas”, pois não estavam registrados como deveriam junto as autoridades competentes.A justiça egípcia considera que eles apoiaram em sua cobertura jornalística a Irmandade Muçulmana, do ex-presidente Mohamed Mursi, destituído e preso em julho de 2013 pelo ex-chefe do Exército e atual presidente, Abdel Fattah al-Sissi.

Após o veredicto, a TV árabe condenou a decisão do tribunal, classificando-a de um “ataque deliberado contra a liberdade de imprensa.”

O diretor-geral da emissora, Mostefa Souag, afirmou que o veredicto “desafia a lógica e o bom senso” e que “todo o caso foi fortemente politizado e não foi conduzido de forma livre e justa.” A Anistia Internacional (AI) chamou o veredicto de “uma paródia de Justiça no Egito.”

Em junho de 2014, os jornalistas foram condenados a sete anos de prisão. O canadense Fahmy, no entanto, foi sentenciado a três anos adicionais, após a polícia ter encontrado, durante uma busca em sua casa, uma bala de revólver que ele havia recolhido durante a cobertura de confrontos entre apoiadores da Irmandade e forças de segurança. Todos os três negaram as acusações, afirmando que estavam fazendo somente o seu trabalho. Um tribunal de apelação anulou o veredicto, depois de concluir que houve escassez de provas contra os jornalistas.

Greste foi deportado em fevereiro deste ano, após passar 400 dias na prisão. Ele foi julgado novamente à revelia. Fahmy e Mohamed estavam em liberdade sob fiança desde o início do segundo julgamento em fevereiro. Fahmy, que tinha tanto cidadania egípcia quanto canadense, entregou o seu passaporte egípcio na esperança de ser deportado como Greste.

A rede de televisão afirmou que irá recorrer junto ao Tribunal de Cassação, que pode confirmar ou anular a sentença. Peter Greste foi julgado in absentia, depois de ter sido expulso para a Austrália em fevereiro sob um decreto presidencial. Fahmy e Mohamed foram presos no tribunal após o anúncio do veredicto. A esposa de Fahmy, em lágrimas, estava presente no tribunal, ao lado de Amal Clooney, advogada de seu marido. Fahmy, que possui nacionalidade canadense, renunciou a sua cidadania egípcia para poder ser expulso como seu colega australiano, sem sucesso até o momento.

Em um primeiro julgamento, em junho de 2014, Fahmy e Greste haviam sido condenados a sete anos de prisão e Mohamed a dez. Mas o Tribunal de Cassação anulou as condenações dos jornalistas, ordenando um novo julgamento. Na abertura do novo julgamento em fevereiro último, Mohamed e Fahmy foram colocados em liberdade condicional depois de mais de 400 dias de detenção.