28 de abril de 2024
Assassino de dono da Folha do Estado é julgado em Fórum de Cuiabá(MT)
Por Cláudia Souza*
24/10/2013
Sávio Brandão, à esquerda, e João Arcanjo, no detalhe (Imagem: Reprodução Mídia News)
A segurança no Fórum de Cuiabá foi reforçada nesta quinta-feira, 24, para a realização do júri popular de João Arcanjo Ribeiro, de 62 anos, ex-policial civil e bicheiro, antigo chefe do crime organizado no Mato Grosso, acusado de ser o mandante do assassinato do empresário Domingos Sávio Brandão de Lima Junior, dono do jornal Folha do Estado, em 2002. O Ministério Público Federal declarou à época que Sávio Brandão publicava em seu jornal diversas reportagens denunciando a organização criminosa. Arcanjo nega a acusação.
De acordo com o Tribunal de Justiça do Mato Grosso (TJ-MT) o reforço no Fórum de Cuiabá está sendo feito por tropas de elite da Polícia Militar, por policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope), da Ronda Ostensiva Tático Móvel(Rotam) e do Esquadrão Antibomba.
Agentes do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) e da Polícia Federal participaram da escolta do réu da Penitenciária de Segurança Máxima de Porto Velho, em Rondônia, para Cuiabá. Após o desembarque, Arcanjo seguiu escoltado pela PF, com reforço de agentes de segurança de Mato Grosso.
O coordenador militar do TJ-MT, coronel Wilson Batista, disse que os policiais farão diariamente a varredura no prédio que abriga o Fórum Desembargador José Vidal. O assessor militar do Fórum, major Jonildo José de Assis, explicou que o controle do acesso ao local também foi intensificado e a entrada na sala do Tribunal do Júri será restrita. Todas as pessoas que vão acompanhar as audiências deverão estar previamente cadastradas na 1ª Vara Criminal ou na Coordenadoria de Comunicação do TJ-MT. Além disso, todos passarão pelo detector de metais. O julgamento está previsto para durar dois dias.
Homicídios
De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, o desembargador Rui Ribeiro, do TJ-MT, negou na última terça-feira, 22, o pedido da defesa de Arcanjo para desmarcar o júri, sob a alegação de que a imprensa local “solidária à vítima produziu um massacre publicitário contra o acusado’. O desembargador considerou “natural” a repercussão da morte de Brandão.
Além de ser acusado de encomendar a morte de Sávio, de acordo com o Ministério Público do Estado do Mato Grosso (MP-MT), Arcanjo também teria participação nos assassinatos de Mauro Sérgio Manhoso, Rivelino Jacques Brunini, Fauze Rachid Jaudy, Valdir Pereira, Leandro Gomes dos Santos, Celso Borges, Mauro Celso de Moraes.
Há ainda uma tentativa de homicídio contra Gisleno Fernandes. Todos os crimes foram registrados entre os anos 2000 e 2002, em Cuiabá e Várzea Grande. Arcanjo está preso desde 2003.
Crime
Domingos Sávio Brandão de Lima Junior foi assassinado no dia 30 de setembro de 2002, às 15h30, no bairro Consil, em Cuiabá. Ele foi alvejado com tiros de pistola 9mm e morreu no local do crime.
De acordo com denúncia do MP-MT, o crime teria sido encomendado por João Arcanjo Ribeiro. Já Célio Alves de Souza, Hércules Araújo Agostinho, Fernando Barbosa Belo e João Leite integrariam o grupo responsável pela execução do empresário.
O processo, que tramita na Justiça Estadual desde setembro de 2003, conta com 25 volumes e mais de 5,5 mil páginas. Devido aos inúmeros recursos protocolados pela defesa de Arcanjo nos últimos 10 anos, o processo já passou pela análise jurídica de todas as instâncias, incluindo o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Superior Tribunal de Justiça (STJ). No dia 16 de setembro último, a titular da 1ª Vara Criminal de Cuiabá, juíza Mônica Catarina Perri Siqueira, determinou o dia 24 de outubro como a data do tribunal do júri.
O titular da 1ª Promotoria de Justiça Criminal, João Augusto Veras Gadelha, responsável pela acusação, está confiante na condenação.
— As provas existentes no processo são firmes e suficientes para a condenação de João Arcanjo. Existe um conjunto de provas diretas que nos dá a certeza de que ele é o autor intelectual do crime contra Sávio Brandão.
*Com informações da Gazeta Digital, Mídia News, G1.
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