Consórcio divulga dados
da Paradise Papers


06/11/2017


Veículos parceiros do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ) divulgaram neste final de semana uma série de reportagens referentes ao Paradise Papers. Os documentos vazados mostram as ligações do sistema financeiro offshore com políticos, riqueza privada e gigantes corporativos. O banco de dados é o maior desde o Panama Papers.

Participaram das reportagens 382 jornalistas de 67 países. Os profissionais atuam em 96 veículos de mídia diferentes. O material está sendo analisado e investigado há cerca de um ano. No Brasil, o “Poder 360” foi o veículo responsável pela apuração dos dados.

O jornal alemão Süddeutsche Zeitung teve acesso a um acervo de cerca de 13,4 milhões de arquivos de dois escritórios especializados em abrir offshores, Appleby e Asiaciti Trust, e em bancos de dados de 19 paraísos fiscais. De acordo com o “Poder 360”, os dados que foram compartilhados com o ICIJ totalizam 1,5 terabyte.

Investigação

A rede global de jornalistas cruzou dados para descobrir mais detalhes localmente sobre as informações contidas nos registros dos paraísos fiscais. Todas as partes citadas foram ouvidas.

O Paradise Papers identificou 24.996 pessoas jurídicas, entre empresas, trusts e fundações. Um levantamento do ICIJ na base de dados da Appleby identificou cerca de 617 beneficiários de offshores com endereços no Brasil, o que deixa o país na posição 26 entre os mais citados.

De acordo com o “Poder 360”, os Estados Unidos lideram a estatística, com 31.180 nomes ou endereços na base de dados do escritório. Em seguida estão o Reino Unido (14.434) e as Ilhas Bermudas (12.017).

No Brasil

O “Poder360” disponibilizou cinco jornalistas para analisar os dados e investigar eventuais desdobramentos. O site preparou uma lista com os nomes de 78 mil pessoas conhecidas no mercado financeiro como “PEPs”, isto é, pessoas politicamente expostas, na sigla em inglês. Esses 78 mil nomes foram cruzados com os dados dos Paradise Papers.

Foram checadas 551 pessoas que exerceram cargo de deputado federal em algum momento desde fevereiro de 2015 e 248 senadores e suplentes da atual legislatura e 1.061 deputados estaduais eleitos em 2014. Também foram analisados os nomes do atual presidente da República e os de todos os seus antecessores vivos. Ministros atuais e ex-ministros vivos do STF e os de todos os tribunais superiores também foram investigados.

Todos os governadores e vices foram confrontados com os arquivos da Appleby e da Asiaciti Trust. Servidores públicos também foram escrutinados. A varredura passou por 8.970 funcionários da Câmara e do Senado e os 60 mil servidores mais bem remunerados do Poder Executivo.

A pesquisa abarcou ainda, os envolvidos nas operações Lava Jato e Zelotes, no escândalo do mensalão e no FriboiGate, além dos nomes de 156 pessoas no alto escalão da Polícia Federal, entre vários grupos.