Um pré-carnavalesco com Marrom, o musical


10/02/2023


Por Renata Bastos da Silva (*) e Ricardo José de Azevedo Marinho (*)

No musical que comemora os 50 anos de carreira da cantora, dez Alciones em cena fazem a festa do público passeando pelos maiores sucessos da Marrom. O espetáculo inicia nos levando para o Maranhão, pela condução de Cazumbá chegamos à lenda folclórica do bumba-meu-boi quando nos é apresentada a família da Marrom. Uma família de músicos, bem brasileira, que nos revela a peculiaridade da formação de nosso país, musical, mestiça e que enfrenta as adversidades do dia a dia. Ainda no Maranhão destacamos a menção que o enredo faz quando Alcione ao cursar a Escola Normal, de formação de professores, monta uma pequena banda. De acordo com Leonardo Bruno, em seu livro Canto das Rainhas (2021), Alcione tocava trompete na banda que também era formada, além dela, pelas irmãs Ivone na bateria, Maria Helena no pandeiro, Solange na maraca, e no violão, sua colega de turma, Roseana Sarney, que mais tarde seria governadora do Maranhão por quatro mandatos, 1995 a 2002 e de 2009 a 2014. Quando Roseana Sarney recebeu o convite para assistir o musical, registrou nas redes sociais que estava emocionada e feliz, por ter recebido o convite, da própria Alcione, para assistir o musical, e que para ela a Marrom é a maior cantora do Brasil.

Outro depoimento emocionante foi o de Lucinha Lins, que logo após assistir ao espetáculo destaca as vozes dos artistas do musical, e salienta: “como ninguém conhecia essas vozes?”. A própria Alcione, ao assistir à última apresentação da temporada carioca tece elogios a todo o elenco e canta, a capela, a toada “Maranhão, meu tesouro, meu torrão”, de Humberto Maracanã, canção símbolo do São João maranhense. A toada se tornou patrimônio imaterial do Estado do Maranhão quando foi sancionada pelo então governador Flávio Dino (PSB), através da Lei Ordinária Estadual 11.562/2021. A mesma, na época, antes, foi aprovada por unanimidade pelo Plenário da Assembleia Legislativa do Maranhão, e é originária do Projeto de Lei 390/2021, de autoria do deputado estadual Luís Henrique Lula (PT).

É importante frisar que a cantora maranhense se deparou com a cultura americana, ou seja, com o americanismo como qualificou Gramsci, através das cantoras de jazz e blues que conheceu nas aulas de música em sua juventude na terra natal, entre elas, Dionne Warwick, Ella Fitzgerald e Etta James. Assim, já com uma bagagem de estudos musicais, a Marrom deixa seu Maranhão e vem para a cidade do Rio de Janeiro, trazendo em sua formação a dialética da brasilidade que é a formação do povo brasileiro, um dos nossos singulares planetários. E do jazz ao samba, se encontra; e através da música com o refrão: “Não deixe o samba morrer; não deixe o samba acabar; o morro foi feito de samba; de samba para gente sambar”, é consagrada, após alguns percalços, como uma das nossas maiores cantoras. Na comunidade da Mangueira se identificou e nos mostra através de seu repertório e de sua vida que o Brasil é também marrom, é singular, é a mistura de tudo, todos e todas as culturas.

Como as autoras do livro Brasil uma Biografia, Heloisa Starling e Lilia Schwarcz escrevem na apresentação da obra: somos, nós brasileiros vários de rostos, diferentes feições, uma mescla de novas culturas, pois, híbridas e de tantas experiências, com a confluência de misturas que resultou no nosso longo processo de mestiçagem. E as autoras prosseguem e citam o personagem de Guimarães Rosa, Riobaldo, que dizia “por cativa em seu destinozinho de chão, é que árvore abre tantos braços”, para afirmar que são muitos os braços e pernas do Brasil.

Por fim, cabe ressaltar que o musical mostra o recorte forte de gênero no repertório de Alcione, as mulheres se espelham em suas canções, da “A loba”, “Estranha loucura”, “O mundo é de nós dois”, “Nem morta”, e tantas e tantas, que sem dúvida compõem o cotidiano da mulher, doce e ao mesmo tempo ousada. Pois, só Alcione, a Marrom para cantar, já no início do século XXI, no contexto d’A Metamorfose do Mundo como indicou o saudoso Ulrich Beck: os versos de “Meu Ébano”:

“É, você um negão

De tirar o chapéu

Não posso dar mole

Senão você créu

Me ganha na manha e baubau

Leva meu coração”

 Segundo Leonardo Bruno o sucesso do “créu” foi tão grande, que após três anos, sob sua inspiração, surge o funk “Dança do Créu”, chegando a batizar o funkeiro que lançou a música, o MC Créu. Por outra perspectiva, em 2018 Alcione foi homenageada no carnaval de São Paulo, com o enredo “A Voz Marrom que não Deixa o Samba Morrer”, da Mocidade Alegre que conquistou o vice-campeonato ao retratar a importância da maranhense no samba brasileiro.

Marrom soube e sabe entender essa metamorfose do mundo e abre o espaço para os jovens talentos, como no início da carreira de Alexandre Pires, entre outros tantos. De modo que há pouco esteve no último dia 29 de janeiro, no segundo dia do Festival de Salvador, ao lado de Luísa Sonza e do rapper Xamã. De acordo com as jornalistas Carolina Cerqueira e Valma Silva, chegando ao palco, Alcione disse para gaúcha: “você canta bonitinho, pequena” e foi ovacionada pelo público. A pedidos, cantou quatro músicas, em vez das três previstas no repertório: “Faz uma loucura por mim”, “Você me vira a cabeça”, “Meu ébano” e “A loba”.

Nesse tempo de festividades pelo cinquentenário, no período de outubro de 2022 até janeiro agora, por iniciativa da Secretaria Municipal de Cultura, Alcione realizou 13 shows gratuitos nas zonas Sul, Norte e Oeste do Rio de Janeiro. Assim nosso pré-carnavalesco de 2023 fica marcado com as músicas e a presença da Marrom, seus shows e seu musical que abriram alas para ladrilhar mais uma vez a festa de Momo no Rio de Janeiro, com a volta triunfal dos desfiles na Marquês de Sapucaí, na qual, entre outras, estará sua escola de samba do coração: Mangueira; sendo que uma das últimas canções do musical é “Mangueira é mãe” cujo autores são Serginho Meriti e Claudinho Guimarães.

Alcione chegou na escola de samba Mangueira em 1974, e junto da agremiação verde e rosa fundou a Mangueira do Amanhã, escola de samba com projeto social, voltada para crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos.

A revolução passiva à brasileira, entre o iberismo e o americanismo, marca a trajetória dessa grande cantora. Portanto, que o alvorecer em 2023 dessa nova reconstrução democrática e republicana, após o escrutínio eleitoral de 2022, possa ser sempre embalado com as canções da Marrom.

A temporada no Rio terminou. Em março, Marrom, o musical sai em turnê pelo Nordeste, passando por São Luís, Belém do Pará, Salvador, Recife e Aracaju. Depois segue para Belo Horizonte e Vitória, e no segundo semestre atravessa o Atlântico para se apresentar no Porto e em Lisboa, Portugal. Com direção e dramaturgia de Miguel Falabella,  idealizado por Jô Santana, e elenco estrelado por revelações de vozes e interpretação,  o musical ganhou  os prêmios Destaques 2022 do Music.Rio  , e de atriz coadjuvante em musicais para Letícia Soares.

(*) Professora Adjunta da Universidade Federal do Rio de Janeiro; autora do livro Lord Keynes pelo Amauta Mariátegui: A crítica da Economia de Keynes na Política de Mariátegu.  Jundiaí (SP): PACO Editorial, 2019.

(*)  Professor da Unyleya Educacional

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Olha os blocos aí, gente

Por Maria Luiza Busse, diretora de Cultura da ABI

Sexta-feira, 10 de fevereiro

Centro

Toca do Baiacu

Rua do Ouvidor, 27

16h

Chroma aqui na minha mão

Rua do Rezende, 34;

17h

Bloco Dus Impussivi +Bloco te vejo por dentro…sou radiologista (ensaios)

Rua Lelio Gama (ao lado da Petrobras)

17h45

Batuke Nuclear

Rua da Candelária, 65

18h

Molha o pé das oito

Rua São José,90

18h

Leão da Pedra

Rua da América, 235

18h

Badalo de Santa Teresa

Largo das Neves

18h

Zona Sul

Inova que eu gosto

Praia do Flamengo, 200, Flamengo

17h

Tijuca

Bloco Rolado

Praça Niterói, 17

18h

Zona Norte

Discípulos de Oswaldo

Largo do Amorim, Manguinhos

17h

Zona Oeste

Zona Mental

Rua Sidnei, 96, Bangu

16h

Sábado, 11 de fevereiro

Centro

Céu na Terra

Largo dos Guimarães, Santa Teresa

6h30

Chora me liga

Rua Primeiro de Março, 66

7h

Estratégia

Largo de São Francisco

8h

Ninho das cobras

Largo São Francisco da Prainha, 4

13h

GRBC da Saara

Praça do Mascate, Saara

13h

Batuke da Ciata

Rua Argemiro Bulcão, 64

15h

Flor de Lis

Largo de São Francisco

15h

Pinto Sarado

Rua Sara, 53

15h30

Bloco do rock

Praça Tiradentes

17h

Eu amo a Lapa

Arcos da Lapa

18h

Põe na quentinha

Rua Conselheiro Saraiva, 39

18h

Carmelitas (ensaio)

Praça Tiradentes

18h

Leão da Pedra

Rua da América, 235

18h

Paquetá

Come e dorme

Rua Cerqueira, 40

16h

 Zona Sul

Infantil Sá Pereira

Rua Capistrano de Abreu, 20, Botafogo

8h

Só o cume interessa

Praça General Tibúrcio, Urca

10h

Bloco Brasil

Praça Almirante Júlio de Noronha, Leme

10h

Banda bandida

Praça Manoel Campos da Paz, Copacabana

14h

Simpatia é quase amor

Rua Teixeira de Melo, Ipanema

16h

Perereka sem dono

Rua Henrique de Novaes com Real Grandeza, Botafogo

16h

Bloco da mamadeira

Parque General Leandro, Botafogo

16h

Que merda é essa (ensaio)

Bar Paz e Amor, rua Garcia Dávila, 173, Ipanema

18h

Ih, é carnaval!

Av. Pasteur , 250, Urca

20h

Jacarepaguá

Parei de beber, não de mentir

Rua Mandina, Praça do Bandolim

15h

Banda da Pechincha

Estrada do Pau Ferro, 13

16h

Tijuca

Minibloco

Praça Xavier de Brito

8h

Blocão da Tijuca

Praça Saens Pena

9h

Urubuzada

Praça Afonso Pena

12h

Butano na bureta

Rua Senador Furtado, 48

13h

Banda da Praça da Bandeira

Praça da Bandeira, 315

15h

Banda Haddock

Rua Haddock Lobo, 342

15h

Já comi pior pagando

Rua Leite de Abreu, 10

16h

Banda do Tijuca Tenis Clube

Rua Abelardo Chacrinha Barbosa

17h

Vila Isabel

Seu lagarto mama

Rua Visconde de Abaeté,139

10h

Banda de Vila Isabel

Petisco da Vila, Boulevard 28 de setembro

16h

Afosé-om-O-Ifá

Praça Barão de Drumond

17h

Grajau

Seu Kuka e eu do Grajau

Praça Professor Francisco Daurea

16h

Domingo, 12 de fevereiro

Centro

Cordão do Boitatá

Rua Primeiro de Março,66

7h

Carrossel de Emoções

Rua Primeiro de Março,66

7h

Fogo e paixão

Largo de São Francisco

8h

Zona Sul

Suvaco do Cristo

Em frente ao bar Joia, Rua Jardim Botânico com Faro

8h

Blocão de Copacabana

Posto 6

8h30

Gigantes da Lira (infantil)

Rua General Glicério

9h

Se não quiser me dá, me empresta

Posto 8, Ipanema

10h

Quem não guenta bebe água

Rua Gago Coutinho, 37

12h

Chaleira do Vidigal

Av. Delfim Moreira, 25

13h

Foliões da Abraces

Rua Constante Ramos com Domingos Ferreira

14h

Tá pirando, pirado, pirou!

Av. Pasteur, 404

15h

Larga onça, Alfredo

Rua Ipiranga, 49

16h

 Tijuca

Pipoca e guaraná

Praça Xavier de Brito,26

16h

 Grajau

Vai tomar no Grajau

Av. Engenheiro Richard,114

15h

 Vila Isabel

Sementes do amanhã

Av. 28 de setembro

16h

 Rio Comprido

Eu choro curto mas Rio Comprido

Rua Aristides Lobo

13h