Torneio Rio-São Paulo, 75 anos (II)


28/11/2008


Cariocas conseguem dois títulos seguidos

Devido à excursão da seleção brasileira ao exterior em 1956, o Rio-São Paulo não foi realizado naquele ano. Em 1957, ao conquistar o Torneio, o Fluminense obteve o primeiro título do futebol carioca na competição. A campanha dos comandados de Sílvio Pirilo foi irretocável. Os tricolores foram campeões invictos, com o título garantido na penúltima rodada.

Sem Castilho, que sofrera uma cirurgia no dedo mínimo da mão esquerda, e praticamente com a ausência de Pinheiro, por contusão, Pirilo recorreu ao excelente goleiro paraguaio Vitor Gonzales e ao bom zagueiro reserva Roberto. 

O Fluminense havia contratado o meio-campo Ivan, ex-americano, e o ponta-esquerda Djair, ex-vascaíno. Permaneciam na equipe Jair Marinho, Altair, Telê, Léo, Valdo e Escurinho. A sensação do Torneio foi o atacante Valdo que teve grandes atuações e marcou gols incríveis. A revista Manchete Esportiva chegou a dar o título de “Torneio São Valdo” a uma matéria escrita sobre o artilheiro tricolor. 

A vitoriosa caminhada do Fluminense apresentou momentos marcantes. Diante do Corinthians, após estar ganhando por 2 a 1, o Fluminense cedeu o empate. Valdo, sempre atento, se aproximou de Aldo, que quicava a bola, para repô-la em jogo. Num rápido golpe com o pé direito, tirou-a do goleiro, contornou a lateral e o bico da grande área, ficou de frente para o gol e chutou para desempatar o jogo quando faltavam dois minutos.

Contra o Vasco, Vitor Gonzales, no primeiro tempo, teve sua vista esquerda atingida por um pontapé de Vavá. No vestiário, Vitor disse ao médico que voltaria para a etapa final e, com o olho quase fechado, contribuiu heroicamente para a vitória de 2 a O sobre o Vasco.

Frente ao Santos, no Pacaembu, o tricolor carioca perdia por 2 a 0, reagiu e chegou ao empate de 2 a 2, com gols de Telê e Léo, que igualou o marcador aos 41 minutos do segundo tempo.

Na partida em que garantiu o título, também no Pacaembu, os tricolores saíram perdendo para a Portuguesa por 1 a 0 e viraram o marcador para 3 a 1. No vestiário dos campeões, Telê (na foto ao lado) era um dos que mais festejavam.  

Na volta ao Rio, a torcida do Fluminense demonstrou todo o seu reconhecimento pela inédita conquista, comparecendo em peso ao aeroporto para recepcionar os campeões. A festa de entrega das faixas aconteceu antes do jogo contra o São Paulo, no Maracanã. Artilheiro na vitória de 2 a 0, Valdo brindou o público com um gol ao seu estilo, de pura raça. Ele liderou a artilharia do Torneio, com 11 gols. 

Da estréia contra o América (1 a 0) ao último jogo contra o São Paulo (2 a 1), o Fluminense obteve sete vitórias e dois empates (Botafogo 3 a 3 e Santos 2 a 2). Depois de vencer o Flamengo por 2 a 1, o tricolor das Laranjeiras conseguiu seu resultado mais expressivo, goleando o Palmeiras por 5 a 1 no Maracanã.

Valdo recebe a faixa

No ano seguinte foi a vez de o Vasco da Gama, sob o comando do competente Gradim, chegar ao título do Rio-São Paulo. A equipe de São Januário tinha um grande elenco, a começar por sua defesa, constituída por Barbosa ou Hélio, Paulinho, Belini, Orlando e Coronel. No meio–campo estavam Écio, Laerte e Rubens, o ex-Dr. Rúbis, do Flamengo. Na frente jogavam o rápido Sabará, o raçudo e catimbeiro Almir “Pernambuquinho” e o goleador Pinga, além de Roberto Pinto, sobrinho de Jair Rosa Pinto, do ex-tricolor Valdemar e de Vivinho. Esse grupo conquistou em 1958 o Torneio Início, o Rio-São Paulo e o Supersupercampeonato carioca.

Sem Rubens e Belini, a estréia contra o Palmeiras, no Pacaembu, apresentou um resultado nada animador. Após estar vencendo por 2 a 0, o Vasco permitiu a virada do Palmeiras para 4 x 2. Vieram as vitórias sobre o Corinthians por 3 a 1 — também no Pacaembu —, com grande atuação do goleiro Hélio, e diante do São Paulo — no Maracanã —, de virada, por 3 a 2.

No clássico regional contra o Fluminense, o Vasco aplicou uma goleada de 6 a 1. A seguir, venceu o América por 1 a 0. Para o técnico Gradim, a vitória sobre o Santos por 1 a 0, no Maracanã, foi decisiva. O Vasco mantinha-se na liderança ao lado do Flamengo, com dois pontos perdidos.

                       Almir e Jordan

Num jogo tumultuado, o Vasco ganhou do Botafogo por 4 a 2, mantendo-se em primeiro lugar junto com o Flamengo. Na partida entre os dois tradicionais rivais, houve o empate de 1 a 1. Almir e Jordan lutaram muitos em defesa de suas cores. 

Na última rodada, com a derrota do Flamengo diante do Corinthians por 3 a 0, o Vasco, ao ganhar da Portuguesa de Desportos por 5 a 1, se sagrou campeão do Torneio Rio-São Paulo de 1958. A equipe que derrotou a lusa paulista alinhou com Barbosa, Dario, Belini, Écio, Orlando e Coronel; Sabará, Rubens, Almir, Vavá e Pinga. O atacante são-paulino Gino foi o artilheiro, com 12 gols.

Paulistas recuperam o título

O Santos, campeão do Rio-São Paulo de 1959, entrou no Torneio a partir de 1952, quando houve o aumento de quatro para cinco participantes de cada lado. No ano do primeiro título, a equipe santista obteve oito vitórias, um empate e duas derrotas.

Após vencer na estréia o Botafogo por 4 a 2, no Maracanã, o Santos derrotou o Flamengo por 3 a 2, no Pacaembu. Contra o Fluminense, no Pacaembu, os comandados de Lula perderam o primeiro ponto ao empatar de 1 a 1.

Frente à Portuguesa, o Santos conseguiu mais uma vitória, por 2 a 0. O quarto triunfo foi contra o São Paulo. Após estar perdendo por 3 a 1, virou sensacionalmente o marcador para 4 a 3. Por 3 a 2, derrotou o grande rival Corinthians e, no jogo seguinte, perdeu a invencibilidade para o Palmeiras por 2 a 1.

A surpreendente derrota diante do América, por 4 a 3, no Maracanã, adiou a conquista do título. No último jogo, o Santos ganhou do Vasco por 3 a 0, sagrando-se campeão do Torneio Rio-São Paulo de 1959. O artilheiro foi o rubro-negro Henrique, com nove gols. Uma das formações do time na campanha foi Dalmo, Zito, Urubatão, Formiga e Laércio; Dorval, Jair, Coutinho, Pelé e Pepe. (foto ao lado)