Rosa Cass foi minha professora


11/06/2023


Por José Paulo Kupfer, do Conselho Fiscal da ABI

Fiquei sabendo da partida da jornalista Rosa Cass, aos 97 anos, pelas muitas manifestações de colegas. Todos lembrando o pioneirismo da Rosa na cobertura de economia, sua influência na formação de uma geração de profissionais, com destaque especial para a inspiração que representou para as jornalistas mulheres que chegavam às redações cariocas.

Fazia muito tempo, muito tempo mesmo que eu não tinha notícias da Rosa. Mas antes mesmo, muito antes de me tornar jornalista, Rosa foi uma inspiração também para mim. Acho que foi ela que inoculou o vírus do jornalismo em mim.

Rosa foi minha professora, literalmente falando, no quarto ano do curso primário, num longíquo Rio de Janeiro de 1957, quando eu tinha nove anos, no Colégio Israelita Brasileiro A. Liessin. Como professora de primário, Rosa ensinava português, matemática, história, geografia e ciências.

Nas minhas lembranças, a professora, baixinha e agitada, transmitia entusiasmo nas aulas. Uma das cenas mais antigas da minha memória — uma cena prazerosa — remonta a uma aula de História, em que fui escolhido pela professora chefe da equipe de defesa do D. Pedro I. Rosa montou um tribunal e a nossa equipe conseguiu que o júri, formado pela turma, inocentasse o imperador. Criatividade pedagógica nos idos dos anos 50.

Depois, já como jornalista (ainda não na Economia), um dos meus orgulhos na profissão era ser colega da professora querida dos tempos de menino.

Rosa Cass se foi, mas vejo que não só para mim, também para muitos e muitos colegas, ela, merecidamente, continuará nas nossas melhores memórias.