Revista “Rolling Stone”
comemora 50 anos


13/11/2017


A primeira edição da Rolling Stone chegou às bancas em novembro de 1967, com John Lennon na capa. A primeira edição trazia ainda, críticas de álbuns de Jimi Hendrix e Eric Clapton, fotos e matérias sobre os problemas com drogas do Grateful Dead. Agora, a revista completa 50 anos.

“A Rolling Stone conseguiu sua audiência instantaneamente. “Imediatamente nós estávamos recebendo chamadas. Eric Clapton ligou, a Warner Brothers ligou de Los Angeles”, lembra Michael Lydon, um dos fundadores da publicação ao diário DW.

Lydon diz que a revista capturava o espírito da época e que combinava a cobertura musical e o jornalismo político. “Era o tempo da expansão da mente”, diz Lydon. “Não era coisa de nicho. A música era o núcleo, era aquilo que unia a todos.”

Ainda hoje, muitos jornalistas querem fazer parte da redação da Rolling Stone, mas quando Lydon entrou no projeto, ela estava ainda nascendo. Depois de terminar o estudo universitário na década de 60, o empregador de Lydon, a Newsweek, o enviou a Londres, onde entrevistou John Lennon e Paul McCartney sobre o sucesso do álbum dos Beatles Rubber Soul, de 1965.

O catalisador veio durante uma visita ao Monterey Pop Festival em 1967, onde assistiu Jimi Hendrix, The Who e Janis Joplin. Foi lá que conheceu Jann Wenner, atual editor da Rolling Stone, que já projetava uma revista voltada para a nova geração de jovens hippies, que estavam frustrados com o que as bancas de jornais tinham a oferecer na época.

Poucas semanas depois Wenner pediu a Lydon que fosse seu primeiro editor-chefe. “Eu estava procurando algo assim”, diz Lydon. “Assim como hoje, quando jovens de mentalidade semelhante se formam na faculdade e dizem ‘ei, vamos começar um site’. Era muito parecido com isso. Éramos um grupo de jovens de 20 anos que queria fazer algo, todos queríamos ser o quinto Beatle”, diz.

Ao perceber que a Rolling Stone começava a atrair cada vez mais leitores, a Esquire, publicação líder no setor na época, começou a ficar incomodada. Lydon e Wenner começaram a sentir cheiro de sangue.

“Wenner percebeu que havia aquela nova geração de hippies e LSD, de calças boca de sino e tal. Esse era um novo público leitor”, ressalta Lydon. “As revistas que os universitários liam, como a Esquire, davam mais importância a marcas refinadas de uísque, casacos de tweed, calças cáqui e camisas sociais. Mas, de repente, o visual hippie dos cabelos compridos era o visual do momento. E a Esquire estava desatualizada.”

Trabalhando de um sótão em um prédio de escritórios de São Francisco, a pequena equipe, incluindo o crítico de música Ralph J. Gleason produziu a primeira edição da Rolling Stone. “Todos nós fomos para casa cansados mas felizes. E, na noite seguinte, voltamos para escrever o segundo número”, diz.

Desde o seu lançamento, a Rolling Stone tematizou e investigou alguns dos temas mais controversos da história humana recente, como o HIV e a Guerra do Vietnã.

Lydon deixou a revista algumas edições mais tarde para prosseguir sendo autônomo. Ele atribui a sobrevivência da Rolling Stone à visão de Wenner. “Nós éramos apenas um pequeno jornal tabloide, mas tínhamos uma ideia, de alguma forma, sobre aonde queríamos chegar”, afirma. “A Rolling Stone fez sucesso imediatamente e logo as pessoas queriam ser entrevistadas e ter suas histórias na publicação.”

Nos últimos anos, a revista sofreu com publicidade negativa após um caso de difamação (ligado a uma matéria sobre um estupro coletivo que não ocorreu) e problemas financeiros. Jann Wenner e seu filho, Gus, têm tentado vender sua metade de participação na empresa. Lydon, agora com 75 anos, é cantor e compositor e também autor de diversos livros.