Quarto jornalista é baleado no México em um mês


30/03/2017


Armando Arrieta trabalhava há mais de duas décadas no jornal mexicano “La Opinión”. Foto: Reprodução

Armando Arrieta trabalhava há mais de duas décadas no jornal mexicano “La Opinión”. Foto: Reprodução

A Agência AFP publicou que o jornalista Armando Arrieta, chefe de redação de um jornal de Veracruz, ao leste do México, foi baleado na quarta-feira (29) e encontra-se em estado grave, somando o quarto ataque por arma de fogo a jornalistas no país no mês de março.

“Está em estado grave, atiraram nele quase à queima roupa. Ele chegava em sua casa na madrugada desta quarta-feira depois de terminar seu trabalho na edição, saiu do seu carro e, ao fechar o portão, dois indivíduos atiraram nele”, contou à AFP Jorge Morales, secretário executivo da Comissão do Estado para a Atenção e Proteção dos jornalistas no estado de Veracruz, um dos mais violentos do país.

Morales afirma que Arrieta não se encontrava em nenhum esquema de proteção a jornalistas em risco ou ameaçados. De acordo com conhecidos, ele é uma pessoa muito séria que não costuma se envolver em conflitos ou reportagens perigosas.

“Não sabíamos que ele já tinha recebido ameaças em seus mais de 20 anos de profissão”, disse um amigo, que pediu para não ser identificado.

Segundo o jornal O Globo, o estado de Veracruz, situado a 400 quilômetros a leste da Cidade do México, é considerado como o mais perigoso do país para a imprensa: 20 jornalistas já foram assassinados desde 2000, segundo dados da ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF).

No início de fevereiro, a RSF denunciou o México como o país mais perigoso da América Latina para o exercício do jornalismo, com 99 repórteres assassinados nos últimos 16 anos. Este número não inclui os três mortos neste mês. Em nível mundial, o México ocupa o terceiro lugar em número de jornalistas assassinados, somente depois da Síria e do Afeganistão, de acordo com a ONG.

Na quinta-feira passada, Miroslava Breach foi assassinada em Chihuahua, no Norte do México, em um crime que despertou a indignação de organizações internacionais. Foi a terceira morte de um jornalista no país somente no mês de março. A repórter, que recentemente havia relatado os laços do narcotráfico com alguns políticos, foi encontrada de madrugada dentro de seu carro com vários tiros na cabeça.

No dia 19 de março, também foi assassinado o jornalista Ricardo Monlui Cabrera quando saia de um restaurante em Veracruz, acompanhado de sua esposa e seu filho. O repórter Cecilio Pineda também foi morto, no dia 2 de março, no estado de Guerrero, Sudoeste do México.