29/12/2009
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Coronel Mário Sérgio, José Mariano Beltrame e o Presidente do Isp, Paulo Augusto Teixeira |
Em ato comemorativo dos dez anos de criação do Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro (Isp), nesta segunda-feira, 28 de dezembro, o Secretário José Mariano Beltrame disse que os resultados positivos obtidos pela polícia do estado no combate à criminalidade deve-se ao uso de estratégia, cuja base está ligada ao suporte que as Polícias Civil e Militar recebem do órgão.
A cerimônia foi realizada no Auditório Oscar Guanabarino, na sede da Associação Brasileira de Imprensa, no Centro do Rio, à qual compareceram o Comandante Geral da PM, Coronel Mário Sérgio de Brito Duarte, que já presidiu o instituto; o Presidente do Isp, Tenente Coronel Paulo Augusto Souza Teixeira. O ex-Presidente do Isp, Coronel Jorge da Silva, foi um dos homenageados da noite.
Segundo Beltrame, a partir das análises técnicas produzidas pelo Isp, que são debatidas pela cúpula da segurança do estado, as polícias passaram a agir com mais eficiência. “As ações são mais racionais e tópicas”, disse o Secretário.
Em seguida, afirmou que um dos fatores do progresso da segurança pública no Rio é a integração da comunicação das polícias, e que nesse processo o Isp cumpre um papel fundamental. Por exemplo: o órgão recebe e avalia as demandas dos Conselhos de Segurança Comunitária, e esses dados são repassados aos comandos da PM e da Polícia Civil.
Beltrame declarou que o Isp se configura como elemento formador de conhecimento, “pelo que contribui com as nossas combalidas Polícias Civil e Militar”. Disse que a base das reuniões da cúpula da segurança fluminense são os dados do instituto, que passaram melhorar a circulação e a integração de informações na esfera policial:
— Esse é outro dado importante: a comunicação. Uma informação só é boa se consegue transitar. Com isso estamos quebrando paradigmas e criando uma nova cultura na segurança pública do estado. Temos que integrar, afirmou o Secretário.
Pesquisa
Durante a reunião foran apresentados os dados da pesquisa de Desaparecidos no Estado do Rio de Janeiro em 2007 produzida pelo Isp, que registrou 4 mil 423 casos de desaparecimento no estado no período pesquisado.
O estudo, que de acordo com o Isp é o primeiro do gênero no Brasil, mostra que 25,6% dos desaparecidos são adolescentes, com idade entre 12 e 17 anos. Em seguida vêm os idosos, pessoas com problemas mentais e usuários de álcool e drogas. Os homens são 61,6% desse público, e as mulheres 38,4%.
Setenta e um por cento das pessoas desaparecidas acabam voltando aos locais de onde partiram, mas apenas 2% dos casos de reaparecimento são comunicados à polícia. O estudo apurou 31 casos de pessoas reencontradas mortas (6,8%): 13 mortes naturais e 18 homicídios dolosos.
Para o Secretário José Mariano Beltrame os trabalhos de pesquisa e de organização de dados que o Isp vem realizando são instrumentos muito importantes para a ação das polícias:
— O casos de desaparecimento eram um mito, e não se tinha um histórico sobre esse tipo de incidente. E sem dúvida nenhuma o Observatório da Criminalidade, que está sendo fornecido on-line aos Batalhões da PM e às delegacias, proporcionam ao comandante ou ao delegado, logo no início dos seus expedientes, requerer esses dados ao Isp e receber as informações das ocorrências das últimas 24 horas nas suas áreas.
Esse procedimento, segundo Beltrame, permite a formalização de um mapa das incidências criminais que ocorreram em cada área e os locais dos crimes. A partir dessas informações são designados os policiamentos:
— Esta é a melhor forma que encontramos para racionalizar a atuação da polícia, a utilização do policial e uma série de princípios profissionais que eu particularmente acho excelentes.
Olhos abertos
Para o Secretário, o Isp serve para abrir os olhos das autoridades responsáveis pela Segurança Pública:
— E cabe a mim reconhecer que 2010 está chegando e estamos preparados para enfrentá-lo, pois temos horizontes e estratégias. Me sinto muito honrado de estar à frente da Secretaria de Segurança nesta primeira década do Isp.
Segundo ele a única forma de se enfrentar o problema sério que se configurou a criminalidade no Rio é usar a tecnologia e a inteligência:
— Temos que agir com muito raciocínio e inteligência, buscar tanto o conhecimento técnico quanto o prático e unir as forças, melhorando cada vez mais o orçamento e enfrentar os problemas. Tínhamos situações que não eram mexidas, dando a impressão de que estava tudo bem. Na verdade não estava. Não quero dizer com isso que ficou tudo bem e colorido. Mas precisávamos enfrentar as situações que estão sendo confrontadas. E é dentro desse propósito que estaremos trabalhando em 2010.
Primeiro dirigente do Isp, o Coronel Jorge da Silva, doutor em Ciência Social e professor da Uerj, falou sobre o instituto:
— Eu vi o Isp nascer. Quando eu fui coordenador de segurança o instituto estava criado, mas precisva ser instalado. Participei da sua instalação e fico feliz de ver que se passaram dez anos e posso constatar como o Isp evoluiu.