Pioneira da imprensa pernambucana morre aos 105 anos de idade


Por Kika Santos *

23/10/2014


isnar moura em preto e branco

O jornalismo pernambucano está em luto. Sua profissional mais antiga, Isnar Moura, morreu, aos 105 anos, na noite da última quarta-feira, 22 de outubro, , vítima de falência múltipla de órgãos. O nome dela foi fundamental para a história da imprensa de Pernambuco.

Na década de 40 Isnard Moura começou a trabalhar na redação do Jornal do Commercio, escrevendo sempre sobre educação e sociedade. Em seguida passou a dedicar-se à pesquisa na área pedagógica. Foi autora dos livros Poesia de três idades e Admirável mulher do Capitão Zeferino.

A jornalista não tinha a Comunicação como profissão inicial, mas sim o Magistério. Sua primeira matéria publicada na imprensa saiu num jornal de Vila Bela, então distrito de Serra Talhada, no Sertão. Passou a colaborar também na imprensa do interior, publicado textos em pequenos jornais de Timbaúba, na Mata Norte. Em 1935, a convite do secretário de Redação Valdemar Lopes, ela passou a colaborar na Página Feminina, aos domingos, com Edson Régis, Solon e Altamiro Cunha. “Eles tinham muito carinho por mim e deixavam eu ganhar”.

E não foi só no jornalismo que Isnard Moura se destacou. Também fora uma das primeiras do colunismo social na década de 50, escrevendo na mesma página que tinha Nelbe Chateaubriand como titular. A vida laboral da jornalista se deu diante de uma união perfeita entre a escrita e a educação. Como escritora, publicou seis livros, tendo estreado com Poesia em três idades, além de Estações da crônica e de A admirável mulher do capitão Zeferino, biografia sobre sua mãe, em dois volumes.

Funcionária da Secretaria de Educação, emprego que conciliava com o jornalismo, aproveitou a experiência na vida pública para escrever as obras Seis anos de verificação do rendimento escolar em Pernambuco e Uma experiência de avaliação, numa tentativa de democratizar o ensino, até então muito elitizado.

Isnard Moura deixou a carreira 76, após deixar sua marca de 40 anos no jornalismo de Pernambuco, aposentando-se “por velhice” e não por serviço, como ela própria fazia questão de frisar.

Nascida em Timbaúba, a jornalista estudou em Olinda e Recife. Estava interna no Hospital dos Servidores e foi sepultada nesta quinta-feira.

*Com informações do Jornal do Commércio