Entidades pedem libertação de repórter no Sudão


30/01/2018


A repórter independente Amal Habbani

O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) e a organização não governamental Repórteres Sem Fronteiras (RSF) pediram nesta segunda-feira (29) a libertação da repórter independente Amal Habbani, presa há quase duas semanas por agentes de segurança do governo do Sudão quando cobria manifestações na capital Cartum.

 

“O Sudão deve liberar imediatamente Amal Habbani e precisa parar de calar a mídia”, declarou Sherif Mansour, coordenador do CPJ no Oriente Médio e Norte da África, também destacando que as autoridades sudanesas têm repetidamente recorrido à força para assediar jornalistas e confiscar jornais.

 

Segundo o comitê, a família recebeu informações anônimas de que Amal Habbani sofreu ferimentos sob a custódia dos agentes de segurança. Ela foi detida junto com outros jornalistasentre os dias 16 e 17 de janeiro, quando trabalhavam na cobertura de protestos contra o aumento dos custos de vida. Cinco profissionais detidos foram libertados algumas horas da prisão, enquanto sete outros, incluindo correspondentes da Reuters e da AFP, foram libertados somente alguns dias depois.

 

“A continuidade da detenção de Amal Habani é inaceitável e exigimos sua libertação imediata”, disse Virginie Dangles, editora-chefe da RSF. “Sua prisão e as prisões de seus colegas [libertados na semana passada] eram uma violação flagrante do direito internacional e testemunhavam o desejo do governo de restringir abertamente a liberdade da mídia para cobrir protestos.”

Esta não é a primeira vez que Amal Habbani lida com o cerceamento de seu trabalho como jornalista. Por conta de seus artigos críticos ao governo repressivo do presidente Omar al-Bashir, que está no poder desde 1989, ela foi presa temporariamente em 2013 e depois banida de viajar para o exterior. No ano passado, ela foi mais uma vez detida após participar da cobertura de um julgamento considerado politicamente sensível pelas autoridades locais e só conseguiu ser libertada após arrecadar fundos, a partir de uma campanha de financiamento coletivo, para pagar a multa imposta pelo tribunal.