O olhar observador do fotógrafo


24/01/2006


Rodrigo Caixeta
27/01/2006

Antes de ser fotógrafo, Marco de Bari tentou ser jogador de futebol, piloto de corridas, skatista, músico, entre outras atividades que o fascinavam. Aos 16 anos, viu um anúncio de um curso de fotografia e resolveu se matricular, pois esta seria “uma maneira de estar bem perto das coisas de que gostava”.
— Após o curso básico, comecei, aos 18 anos, como assistente de um fotógrafo na Gazeta de Santo Amaro — sem ganhar nada —. Logo depois, trabalhei no jornal Zona Sul, onde montei um laboratório na redação e fotografava, revelava e ampliava todas as fotos do semanário.

Editor de fotografia da Quatro Rodas há 13 anos — e, como diz ele, mais de 150 capas depois —, Marco passou pela revista Ponte Aérea e, devido a sua paixão por esportes, de lá foi indicado para os editores da revista Motocross e fotografou também para os demais títulos da editora — Bicisport, Motosport e Superauto. Foi num estágio no Estúdio Abril, em 1984, que Marco aprendeu a conciliar a agilidade da fotorreportagem com o estudo da luz e enquadramento:
— Este estágio foi muito importante para a minha formação. Em seguida, comecei a fotografar moda para a Manequim e fiz trabalhos para as revistas Nova, Capricho, Claudia, Placar, Náutica, Viagem&Turismo, Os caminhos da Terra, Agência Estado, até chegar na Quatro Rodas, em 1993.

O fotojornalismo foi a primeira e única profissão de Marco. Segundo ele, para que o fotógrafo dê o clique certeiro é preciso pensar antes de fazê-lo.
— É nesta hora que você pode passar um pente fino na imagem e ver se tem algo que pode ser melhorado: um ângulo melhor, uma posição de luz mais agradável ou ainda alguma interferência no fundo que possa poluir a sua foto.

Marco diz que as habilidades profissionais são adquiridas com o tempo:
— Uma dica que eu dou é ver. Tudo o que se vê na vida pode virar referência para suas próximas fotos, sejam filmes, videoclipes, quadros, ou fotos de outros fotógrafos. 


Carros e corridas

Especialista em coberturas de corridas — Fórmula 1, 500 milhas de Indianápolis e 24 horas de Le Mans — e lançamento de carros pelo mundo, Marco passou por uma situação embaraçosa no exterior:
— Eu tinha que produzir um ensaio do lançamento de uma nova Ferrari em Mônaco, para uma edição de aniversário da Quatro Rodas. Para isso, precisava encontrar uma bela modelo — que contratei por lá —, mas tive que levar a produção daqui do Brasil. Quando fui parado na alfândega italiana, ao abrir minhas malas, pensaram que eu era mais um travesti brasileiro tentando ganhar a vida na Europa, pois o que mais tinha na minha mala eram minissaias, blusinhas, sapatos de salto etc. Até explicar que focinho de porco não é tomada, vivi momentos de tensão. Depois, dei muita risada. 

Hoje trabalhando apenas com câmeras digitais, Marco diz que agora tem mais trabalho:
— Fotografamos em RAW e depois temos que “revelar”, dar uma acertada na foto etc. O que mudou é que não existe mais o cheiro do revelador.

Mesmo trabalhando num nicho tão específico, Marco fala que está sujeito a riscos:
— Estamos sempre expostos quando fotografamos carros. Muitas vezes, o corpo fica para fora do veículo em alta velocidade. Em corridas também pode acontecer um acidente e acabar te acertando.

Participante de diversas exposições — “Triatlon”, “Carros de sonhos”, “Corpos marcados” e “Velocidade” — Marco avisa os marinheiros de primeira viagem:
— É preciso determinação, estudo e atenção com o olhar. Lembre-se que a sua foto de amanhã pode estar numa referência visual de ontem.

Clique nas imagens para ampliá-las: 

“Fiz esta
foto numa
praça de…”

“Em Hong Kong, registrei…”

“Na mesma rua, existe este outro…”

“Ainda em Hong Kong, quando…”

“Na praça central de Varsóvia…”

“Aí é o centro de Tóquio, por volta das…”

“Esta foto
faz parte de
um ensaio…”

“Seqüência
de fotos do último GP…”

“Do mesmo local próximo à pista…”

“Acho genial esta foto do Fernando…”

“Foto feita
em Verona, na Itália…”

“Este é um carro de rali feito pela…”