03/10/2007
José Reinaldo Marques
03/10/2007
Como a matéria-prima do Jornalismo é o fato, nesse caso “a fotografia é soberana, porque é, sobretudo, documental, e, portanto, história”. A opinião é do fotojornalista Evelson de Freitas, do Estadão, para quem concursos, mostras e exposições são importantes para manter vivo por mais tempo um trabalho que não pode, nem deve, ser considerado como efêmero. Mas a conquista de um lugar ao sol no mercado só acontece com muita dedicação e domínio da cultura que envolve a profissão:
— Só ganha prêmios e participa de livros e exposições e livros quem tem boas imagens; não adianta contar só com a sorte.
Nascido em Osasco, São Paulo, Evelson tem 42 anos de idade e 18 de profissão. Formado em Jornalismo pela PUC-SP — onde também cursou, mas não terminou, Filosofia — ele diz:
— Não sou fotógrafo, sou repórter-fotográfico. Trabalho com técnica, estética e notícia, que são o tripé do fotojornalismo. Nada pode superar a sensibilidade e a capacidade técnica de cada um. E minha formação é a notícia. O resto eu procuro na janela do meu quarto, olhando as luzes na noite, ouvindo música, pensando no barulho do vento… Ter concentração e saber ouvir são qualidades que podem ampliar essa base para se fazer fotonotícia.
Como bloquista de uma gráfica no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) da USP, Evelson começou a dominar todas as nuanças de uma publicação. Depois, passou a fotografar reuniões e projetos para o informativo interno:
— Logo estava apaixonado pelas imagens e fazia uma vaquinha com os colegas para comprar jornal todos os dias. Assim descobri meu objetivo profissional, minha busca incansável.
Escola
Freitas conta que encontrou no Diário Popular a sua escola de fotojornalismo:
— E também um sujeito mal-humorado, João Habenchus, que foi meu primeiro editor e mestre. O Peixe, como ele é conhecido, me deu a chance de frilar nos fins de semana, enquanto ainda trabalhava na gráfica. Depois, me pôs na escala fixa. Ele dava oportunidade aos novos e aos que estavam se aposentando.
Vieram depois outros mestres, como José Pinto e Edílson Lopes e os hoje já falecidos Manoel Motta, José Moura (o Mourinha) e Antônio Moura (o Mourão):
— Discutíamos fotografia no bar todos os dias. Nunca esqueci uma frase que o Peixe dizia para quem quisesse ouvir: “O importante não é ter uma boa foto, e sim um bom trabalho.” Fiquei no Diário cinco anos.
Um dia resolveu responder a um anúncio da Folha de S. Paulo para uma vaga de seis meses como freelancer. Concorreu com cinco pessoas, não levou, mas foi convidado para cobrir férias de um mês:
— Resolvi apostar e acabei contratado. Na Folha experimentei uma fotografia de vanguarda e a concorrência acirrada entre os profissionais. Mas a possibilidade de aliar estética e informação foi maior. Fiquei lá oito anos e os mestres continuaram a me iluminar, entre eles o Jorge Araújo, que repete até hoje que “o nosso trabalho é escrever com luz”.
Em abril de 2002, transferiu-se para O Estadão, onde continua a “missão de informar através da imagem, o que requer formação, seriedade e conhecimento”.
Usar o fotojornalismo como instrumento na luta por direitos humanos e sociais é um dos objetivos de Evelson, cujo trabalho é sempre comentado pelo elevado padrão artístico — “percepção e arte nunca se separam”, diz ele, que já participou de mostras coletivas e coleciona troféus como o World Press, o Prêmio Caixa de Jornalismo Social, o Confea e o Avaya.
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