Na independência do fotógrafo, riqueza para a notícia


18/07/2006


José Reinaldo Marques
21/07/2006

Aos 37 anos de idade, Marcelo Min já trabalhou para publicações como IstoÉ!, Carta Capital, Valor Econômico e Folha de S. Paulo e teve trabalhos incluídos no livro “Foto-retrospectiva 2000”, que no mesmo ano integraram uma exposição no Museu da Imagem e do Som (MIS) paulista. Também foi vencedor do Concurso Fotográfico Intel 2002 e do II Prêmio Epson de Foto Digital. A escolha da carreira, diz ele, aconteceu durante o curso de Jornalismo na Faculdade Cásper Líbero:
— Fui fazer uma viagem solitária pelo São Francisco e descobri a fotografia. Ao longo do rio, a câmera me permitiu um tipo de contato com a gente ribeirinha que me deixou fascinado. A partir de então, tudo o que eu fazia passou a ser centrado na fotografia. O fotojornalismo é um tipo de comunicação que ensina a conviver e a respeitar as pessoas. E, além de exigir atenção permanente, permite todas as surpresas que podem ocorrer dessa quase mágica tentativa de captar imagens a partir da realidade.

Há um ano, Min fundou a Agência Fotogarrafa e tem trabalhado como freelancer para a Editora Abril, a revista Época e o jornal paulista Diário do Comércio. Criou também um fotoblog (www.fotogarrafa.com.br) que tem recebido por dia mais de cem visitantes, atraídos pela realidade nacional:
— Montei a agência na Praça da República, bem no Centro de São Paulo. É só apontar a câmera em qualquer direção e temos mais um exemplo do descaso da sociedade com as crianças carentes. Não me dedico especialmente ao tema, mas tropeço nele todos os dias e me obrigo a fazer a escolha de manter os olhos abertos.

Infelizmente, lamenta, “a fotografia é usada como mero instrumento ilustrativo”:
— E geralmente para vender algo, um produto, uma idéia… Ora, se tem até esse poder de criar desejos de consumo, a fotografia também pode influenciar a opinião pública. Mas é claro que esta influência está afinada com o discurso daqueles que detêm as empresas de comunicação e estão a serviço dos que concentram a maior renda do País.

Min acha que o conteúdo das reportagens está empobrecendo, em texto e imagem:
— Os donos de jornais e revistas vivem reclamando da crise econômica, da falta de leitores etc., mas esquecem que são poucas as empresas de comunicação que investem na formação de novos leitores. Que revista demonstra estar preocupada em levar os cidadãos a refletir a identidade brasileira, abordando em suas matérias os dramas da população?
 
O fotógrafo acha que a imprensa acerta ao mostrar casos de violência, sensacionalistas ou não, mas erra ao não mostrar suas origens:
— É pura preguiça, mediocridade, ou mesmo má-fé. A culpa dessa violência toda está em todos nós; não somos vítimas, nem inocentes. Admitir este fato talvez já seja um grande passo em direção a uma mudança de mentalidade e, quem sabe, na busca de uma sociedade realmente mais justa, e com certeza menos violenta.

Robert Capa costumava dizer que “se a foto não é boa, é porque você não estava próximo o bastante”. Marcelo Min concorda:
— Na essência desta profissão, a proximidade física com os fatos é obrigatória. Nestes tempos de internet, com todas as suas facilidades para se apurar informações, acho que é dever de todo fotógrafo ter mais iniciativa e ir atrás das histórias. Acho que o jornalismo impresso tem muito a ganhar com essa maior independência dos repórteres-fotográficos. Pois pensar uma pauta a partir das imagens pode subverter a maneira como a informação é produzida e enriquecê-la.

Apesar de achar difícil apontar fotógrafos nacionais e estrangeiros que deram grandes contribuições ao fotojornalismo “sem cometer o pecado de deixar alguém de fora da lista”, Min elege:
— Temos milhares de fotógrafos geniais, mas, se for para escolher um, fico com o talento do jovem Maurício Lima.

Sobre o próprio, trabalho, diz:
— Nem sei se ainda me considero um fotojornalista. Estou mais para um cidadão atento que adora fotografia e, por sorte, consegue vez ou outra publicar uma história ou uma imagem jornalística aqui e ali.

Clique nas imagens para ampliá-las: 

“Vi na TV a história de 
um curta…”

“Político famoso na saída da…”

“Morador de rua enrolado num saco…”

“José Serra, candidato à Prefeitura…”

“Criei nomes fictícios 
para os…”

“A imprensa brasileira certamente…”

“A pauta que recebi era sobre uma…”

“Costumo andar muito pelo…”

“Reportagem para a revista…”

“A pauta era na USP, mas foi só…”

“Foi um banho de areia no…”

“Esta foto 
foi registrada no I …”