Música


06/05/2005


“São dois músicos jovens cujos instrumentos naturalmente seduzem pela sensibilidade e comovem pela excelência da execução. Um, dos sopros, flauta principalmente. É bem verdade que este ainda flerta com o violão e a percussão. Mas parece que seu coração está mesmo… no sopro. Outro é pura elegância no porte e delicadeza no toque do violão. Um e outro chegam ao disco solo e, por modo próprio e qualidades raras, põem na galeria da música instrumental brasileira um bom bocado de alma, uns quindins de repertório, um creme de sonoridade. Um, PC Castilho. Outro, Marcos Alves. PC bate à porta do nosso bom gosto acompanhado de um álbum duplo em que, num, canta — o danado canta bem e, não mais bastasse, traz para junto de todos nós Mart’nalia e Nilze Carvalho. Noutro, os ventos (alísios, quero crer) empurram pra longe a mediocridade e nos enlevam com composições, arranjos e atuações modelares. ‘Vento leste’ titula o álbum. Já Marcos Alves, que desfila competência e embeleza as canções ao lado dos seus companheiros do Quarteto Maogani, atua como se contasse histórias. ‘Pra começo de conversa’ também viaja nas asas do vento — a faixa de abertura é ‘Pé de vento’. Lá pela metade do disco, Marcos resolve invadir o nosso lado esquerdo e nos põe absolutamente ligados ao seu violão com a ‘Suíte 13 de maio’, em cujos movimentos são servidos um quê de comoção, um quê de lembranças e um quê de história: são ‘Canto de ajuda’, ‘Áurea’, ‘Galho de arruda’, ‘Lua da razão’ e ‘Desencanto’. Os músicos que participam são todos amigos de um e de outro e cúmplices da música, ou devotos de Santa Cecília. Entre tantos, PC Castilho tem ao lado Bilinho Teixeira, Márcio Bahia, Gabriel Geszti, Augusto Matoso, Xande Figueiredo, Alfredo Machado, Rejane Santos, Naif Simões, Fabiano Salek… Marcos, por sua vez, escala uma nuvem e dela traz Leandro Braga, Lula Galvão, Marcio Mallard, Ajurinã Zwarg, Carlos Chaves, Joana Queiroz, Bruno Aguillar, Sammy Fuks e… PC Castilho. Pronto, retiro os ventos alísios, substitu-os pelos ventos de feição.”

Jorge Roberto Martins, produtor e apresentador do “Sala de música”, da Rádio MEC

“Há algum tempo, a convite do SESC-SP, fui ao lançamento do CD ‘Macunaíma Ópera Tupi’, de Iara Rennó. Já sabia quem era a cantora, por ter ido a um show da Donazica, banda que ela ajudou a fundar, e também por visto uma matéria em algum jornal da TV. Gostei de primeira! Como o próprio nome sugere, o CD é composto por trechos da mais famosa obra de Mário de Andrade, ‘Macunaíma’. Basta ouvir uma vez para saber que Iara leva música a sério. Não pegou um texto e musicou. Ela leu o livro, estudou e transformou uma obra-prima em outra.”

Lucas Guedes, assessor de Comunicação e blogueiro
(http://condussao.blogspot.com)

“Fazendo o caminho inverso ao da sua Portela querida, isto é, nascendo em Madureira e indo para Oswaldo Cruz, Marcos Sampaio de Alcântara, bem conhecido como Marquinhos de Oswaldo Cruz, lança o seu segundo CD, ‘Memórias de minh’alma’, que deve estar na mesa-de-cabeceira de todo admirador da nossa música popular. Um quinau de bom gosto e sensibilidade, no qual Marquinhos, mais uma vez, escancara o seu apreço pela receita de samba mais tradicional — ele próprio um criador de saborosas iguarias do gênero —, reverenciando em grande estilo a 16ª estação de trem do ramal da Central do Brasil e os mestres da azul-e-branco de tantas páginas belas no livro do carnaval. Feito em parceria com o imperiano Ivan Milanez, ‘Vai, ó nega’ é um partido-alto tão empolgante quanto o baticum sacudido de ‘Pé-de-moleque’, na dobradinha com o poeta Luiz Carlos Máximo. Por sua vez, o lirismo de ‘A mais bela canção’ salienta em Marquinhos o dom de ser um grande melodista, de harmonia apurada, virtude que emerge a pleno em ‘Naval na Sedofeita’, toda instrumental, evocando, por meio de um parente do sambista, o velho e bom som de baile das nossas melhores gafieiras.”

Gerdal de Paula, revisor e assessor de imprensa

“Recomendo aos colegas que moram ou estão no Rio que não percam a roda de samba do grupo Samba & Tal, que acontece todos os sábados, a partir das 16h, no América Futebol Clube. A entrada é pela Rua Gonçalves Crespo, na Tijuca. É música realmente de excelente qualidade e o grupo tem um site para quem quiser mais informações: www.sambaetal.com.”

Cíntia Cruz, da IAA Comunicação e Eventos

“Quem gosta de boa música deve ficar atento à programação do Centro Municipal de Referência da Música Carioca. Instalado na Tijuca (Rua Conde de Bonfim, 824), em um lindo casarão antigo perfeitamente restaurado, o Centro apresenta ótimos shows às sextas (às 18h30) e aos sábados (às 17h). Já assisti lá a excelentes apresentações, tanto de jovens ainda pouco conhecidos, mas muito talentosos, quanto de artistas já consagrados, como Turíbio dos Santos, Francis e Olívia Hime e conjuntos como Nó em Pingo d’Água. O telefone é 3238 3880 e os ingressos não são caros (R$ 20 e, para idosos e estudantes, R$ 10).”

Tilde de Oliveira

“Esta é uma dica para poucos, porque nem todo mundo pode se dedicar ao lazer em plena tarde num dia de semana. Mas vale a pena fazer uma forcinha para assistir, de graça, aos espetáculos promovidos pela Rádio MPB FM, toda segunda-feira, no Teatro Rival Petrobras, no Centro do Rio. Há sempre um artista de qualidade e, além dos shows, são apresentadas entrevistas feitas pelo radialista Fernando Mansur. Os ingressos individuais são distribuídos a partir das seis da tarde, mas recomenda-se chegar com pelo menos duas horas de antecedência, porque eles são apenas cem. Para quem não puder ir, o programa ‘Palco MPB’ vai ao ar na rádio às 16h, toda terça-feira. E o site da emissora oferece, em tese, todas as edições passadas da série. Pena que é só em tese mesmo, porque os links não funcionam.”

Angélica Miranda

“Durante o mês de setembro, sempre às terças-feiras, no palco do Carioca da Gema (no tradicional bairro carioca da Lapa), o cantor Roberto Silva celebra seus 70 anos de carreira e 90 de vida. Para homenagear o Príncipe do Samba e participar dessa comemoração de altíssimo nível, Paulão 7 Cordas promete promover uma autêntica roda de samba ao lado do aniversariante. Imperdível!”

Renata Barreto, da UM+UM Assessoria e Produção

“Gostaria de recomendar a todos o CD ‘Versátil’, do renomado cantor e compositor Nelson Sargento, que acaba de ser lançado, pelo selo Olho do Tempo. Um dos mais legítimos representantes da música popular brasileira e do samba, Nelson Sargento apresenta composições inéditas primorosas com várias parcerias. É mais uma obra imperdível desse mangueirense de 84 anos, que estava há sete sem gravar. ‘Versátil’ tem direção musical de Paulão Sete Cordas e não pode faltar na vida de quem gosta de música de qualidade. Nele, há até um bolero. Um belíssimo bolero e muito samba.”

Tania Malheiros, jornalista e cantora

“Secular, veio com os jesuítas e foi utilizado nas catequeses. Não desonrou sua origem, nem mesmo quando usada para acompanhar modinhas. Mas ao tornar comum a sua afinação, então ela, a importada portuguesa, confundiu-se com ele, o tupi brasileiro, madeira de lei. Viola e violão não se anulam. Mas ela lá, nos interiores; ele cá, urbano. Urbano e de sonoridade absoluta, e inimaginável, tamanhas as suas possibilidades, tantos os mestres do ofício de executá-lo. E que nos ouça o Maogani, porque nós merecemos ouvi-lo. Este quarteto de violões multiplicou a riqueza de timbres do ‘companheiro inseparável e plangente’. E que ouçamos o seu quarto disco, ‘Impressão de choro’. Nele, reescrevem-se obras de Ernesto Nazareth (‘Ouro sobre azul’), Joaquim Callado (‘Saudades de Valença’), Radamés Gnattali (‘Por quê?’), Garoto (‘Relâmpago’), Jacob do Bandolim (‘A ginga do Mané’), Francis Hime e Chico Buarque (‘Meu caro amigo’), todas ornadas por cadências e relevo melódico comovente — valsas e choros contemplam o ouvinte com a arte requintada do Maogani. Ainda no repertório, ‘Moacirsantosiana nº 15’, de Maurício Carrilho, ‘Noites brasileiras’, de Guinga e Paulo Cesar Pinheiro, ‘Ilza nº 15’, de Hermeto Pascoal, ‘Áurea’, de Marcos Alves, ‘Passatempo’, de Maurício Marques, ‘Sinceridade’, de Sérgio Assad, e ‘Impressão de choro’, de Leandro Braga. O quarteto é surpreendente a cada lançamento, a cada execução, a cada arranjo, ou original a cada toque delicado destas cordas que não conhecem finitude, nem física nem imaginariamente impossível. Aliás, vale reproduzir trechos do que escreveu Aldir Blanc no encarte do primeiro disco do grupo, gravado em 1997: ‘Maogani é o mogno, o nosso acaju, caoba, araputanga. É madeira de lei, árvore nobre.’ E mais além: ‘Que Tupã salve a floresta e vele pelos índios do Maogani, artífices da música pulsante no coração da árvore santa.’ Marcos Alves, violão 6 cordas; Paulo Aragão, violão 8 cordas; Maurício Marques, violões requinto e 8 cordas; e Carlos Chaves, violão 7 cordas, são os índios do Maogani.”

Jorge Roberto Martins, produtor e apresentador do “Sala de música”, da Rádio MEC

“Quem gosta de gafieira não pode perder os shows de Gabriel Moura no Carioca da Gema, na Lapa, bairro tradicional da antiga malandragem do Rio. Cantor e compositor, parceiro de Seu Jorge e ex-integrante do Farofa Carioca, ele reinventa — num estilo que batizou de samba-funk-jazzístico — clássicos de Ary Barroso, Orlandivo e Paulo Moura, além de apresentar repertório próprio, acompanhado de Cassius Theperson (bateria), Sidão Santos (contrabaixo), Cláudio Andrade (teclado), Wanderley Silva (percussão) e Levi Chaves (saxofone, flauta e clarineta).”

Renata Barreto, da UM+UM Assessoria e Produção

“Minha recomendação é o show de rock ‘Funk Van’, que Fernando Vidal (guitarra — foto), André Carneiro (baixo) e Cesar Farias (bateria) apresentam nos próximos dias 15 e 16 no Bar Horse´Neck, do Hotel Sofitel, em Copacabana, no Rio. O trio mistura rock, soul e blues, sucessos de Jimmi Hendrix com músicas do primeiro CD solo de Vidal e muito mais. É diversão garantida.”

Ilza Araújo, assessora de imprensa

“Para quem gosta de conhecer lugares bonitos, recomendo o município de Bananeiras, no Brejo Paraibano. Localizado entre vales e serras verdejantes, o lugar é privilegiado pelas dádivas da natureza, cujo encantamento revela-se através da exuberância paisagística e da alegria de seus habitantes. Distante 140 quilômetros da capital João Pessoa, Bananeiras constitui-se num cenário ideal para prática do turismo ecológico e de aventura. Através de trilhas, pode-se apreciar a variedade da vegetação, em ambientes repletos de nascentes de rios, cachoeiras e sítios arqueológicos.”

Elinaldo Rodrigues, assessor de imprensa e documentarista

“Recomendo o CD de Tantinho da Mangueira ‘Memória em verde e rosa’, em que ele canta obras-primas de compositores da Estação Primeira. O verdadeiro garimpo feito pelo intérprete tem produção musical de Paulão 7 Cordas e ganhou um Prêmio TIM em 2007. Quem aprecia maravilhas do samba não pode deixar de ouvir esse belíssimo disco do mestre Tantinho, um dos melhores trabalhos de preservação da cultura popular chamada samba. Parabéns, Tantinho!”

Tania Malheiros, jornalista e cantora, responsável pelo blog http://taniamalheiroscantasamba.blogspot.com  

“Indico aos colegas a remasterização, com produção de João Marcelo Bôscoli, dos antológicos discos ‘Clube da Esquina 1’ (1972) e ‘Clube da Esquina 2’ (1978), de Milton Nascimento & Cia. A caixa com os dois CDs foi lançada em 2007, em comemoração aos 35 anos do movimento que, encabeçado por Milton, reuniu diversos talentos da música popular brasileira, como Wagner Tiso, Toninho Horta, Robertinho Silva, Nivaldo Ornelas e Luis Alves. Milton Nascimento mistura ritmos num canto latino de afirmação cultural, com canções que trazem o clima opressivo do regime político da época, bem como os anseios e o talento desses jovens artistas, que sobrepunham a criatividade à censura, a esperança ao conformismo e a poesia à repressão.”

Bernardo Costa, estagiário

“O novo disco da banda de rock mexicana Maná, ‘Arde el cielo’, é um primor. Uma ótima mistura de pop rock, pop latino e reggae. O CD já surpreende pelo ótimo repertório e os arranjos. Com certeza, será mais um grande sucesso da banda, que tem no currículo três Grammy internacionais, cinco Grammy latinos, um prêmio Juventud, quatro Billboard Latin Music e 12 prêmios Lo Nuestro. Vale a pena ouvir.”

Denis Aragão, editor do jornal Agora, de Tucuruí-PA, e correspondente do Diário do Pará

“Uma das mais interessantes rodas de samba do Rio de Janeiro, atualmente, é a ‘Conversa de samba’, liderada por Bira da Vila, e com acompanhamento dos músicos do grupo Panela di Barro. O objetivo é aproximar ainda mais o público dos sambistas e compositores, e Bira, além de músicas conhecidas, canta sambas inéditos e bate papo com a platéia sobre assuntos que permeiam o universo do samba. A idéia é falar sobre os sambas, compositores e história do samba. A roda estreou com sucesso no dia 7 de maio e acontece sempre às quartas-feiras, a partir das 19h, no Bar e Restaurante CBF-Avenida do Chopp (Praça Tiradentes, 83 — Centro — ao lado da Estudantina).”

Roni Machado, freelance

“Há quem diga que a voz de Milton Nascimento já não é mais a mesma. Intriga. Se não é, mudou para melhor. Nessa turnê que comemora 50 anos de bossa nova, Milton continua impecável. Com uma voz menor, claro, como convém ao estilo musical que comanda o espetáculo. Junto com o Trio Jobim — formado por Paulo e Daniel Jobim, além do baterista Paulo Braga —, Milton traz um repertório de poucas obviedades, que inclui ainda Caymmi e Billy Blanco. Há outros momentos preciosos no show, como quando a família Jobim solta a voz. A semelhança do timbre de Daniel com o do avô é comovente e reconfortante. Faz pensar que o bom e velho Tom ainda está entre nós. Quem não viu que fique atento, porque eles vão estar de volta ao Rio, no Canecão, de 12 a 14 de junho.”

Angélica Miranda, colaboradora da TV Futura e da Revista Criança, do MEC

“Comemorando os 200 anos de chegada da Família Real ao Brasil, a Prefeitura carioca e a Biscoito Fino lançaram uma série de CDs para mostrar o som daquela época. O álbum ‘Modinhas cariocas’ traz 21 canções de compositores populares no tempo em que a corte portuguesa se instalou no Rio de Janeiro. O pesquisador e cravista Marcelo Fagerlande selecionou trabalhos de Cândido Ignácio da Silva, Gabriel Fernandes da Trindade e Joaquim Manoel de Câmara, que são interpretados em cravo, viola de arame e flauta de madeira.”

Olga de Mello

“Uma cantora de apenas 15 anos é a mais nova sensação da Internet. Mallu Magalhães ainda nem lançou seu primeiro CD gravado em estúdio e já faz sucesso — e não só na web, mas também em turnê pelo País afora. Em suas canções, a jovem cantora, instrumentista e compositora mostra influência de artistas como Bob Dylan e Belle and Sebastian. Quem se interessar em conhecer o trabalho, é só acessar http://www.myspace.com/mallumagalhaes.”

Célio Azevedo, jornalista e docente superior

“Há quem sustente, com um pé no romantismo, outro na poesia, que, quando mulheres instrumentistas se juntam, as escalas musicais agradecem, e as notas dão rasantes na pauta, de tanta alegria e prazer. Bem, recentemente, algumas se juntaram para formar a Orquestra Lunar. Formaram, encantaram a cada apresentação pelos bares e teatros, os palcos da cidade, estrearam em disco, pelo selo Rádio MEC, e não se acomodaram com a justa receptividade do público. Sem descurar da carreira solo, levam a Lunar em tudo que é local próprio à sua exuberância artística. Uma orquestra com crooners, característica que ganhou tradição ao longo dos anos, com arranjos ousados para clássicos e inéditas que compõem o seu qualificado repertório, e muito charme, evidentemente. Tudo isso resulta em alto grau de musicalidade. E, cá entre nós, uma delícia para os olhos, ouvidos e coração. Neste trabalho, a Orquestra Lunar — leia-se/ouça-se Áurea Martins e Vika Barcellos, vozes; Sheila Zagury, piano; Manoela Marinho, cavaquinho e violão; Kátia Preta Nascimento, trombone; Geórgia Câmara, bateria; Samantha Rennó, percussão; Luciana Requião, baixo; Sueli Faria, sax barítono e flauta; Mônica Ávila, sax alto e flauta — homenageia exatamente ‘uma das suas’, Áurea Martins, uma história maiúscula da noite carioca, da música brasileira. E é Áurea quem abre o disco ao lado de outra grande dama, Ivone Lara, na faixa ‘Divina missão’, parceria de Ivone Lara com Bruno Castro. O repertório, um total de 14 músicas, é um desfile de competência e estilo. Tem convidados especiais, representantes do gênero feminino, outra vez, evidentemente — Daniela Spielmann, Angela Suarez, Vera Andrade, Delia Fischer, Cristina Bhering, Daniela Rennó, Ana Costa; e tem composições compostas por mulheres — Sueli Costa, Fátima Guedes, Jovelina Pérola Negra, Carolina Cardoso de Menezes, Joyce, Chiquinha Gonzaga, Rosa Passos. É bem verdade que, em algumas parcerias, o homem diz ‘presente’ — Sergio Natureza, Paulo César Pinheiro, Abel Silva, o já citado Bruno Castro, Delcio Carvalho, Thiago Picchi, Armando Fernandes, Carlito Cavalcanti. Mas todos também dizem ‘amém’. E ouvem a Orquestra Lunar, cujo nome não é coincidência, é identidade.”

Jorge Roberto Martins, produtor e apresentador do “Sala de música”, da Rádio MEC

“Tal qual o violonista Roberto Nascimento (‘Inverno do meu tempo’), Dalmo Castello é parceiro pouco rememorado de Cartola, apesar do sucesso de ‘Corra e olhe o céu’. No CD/DVD ‘Passeador de palavras’, Dalmo, carioca da Gamboa, reconstitui parte de sua obra de tons suaves e acordes românticos. Na faixa-título, com ênfase no polissílabo proparoxítono, manda um recado naquele ‘idioma esquisito’ de Nélson Sargento e, com Ederaldo Gentil, em ‘Passarela da vida’, ainda inspirado pela razão do amor, homenageia escolas de samba do Rio em letra alinhavada por nomes delas. Ora sozinho, ora com a co-autoria de outros craques, como João Nogueira e Edil Pacheco (“Se segura, segurança”) e Cláudio Jorge (“Na boca do vento”), o peripatético Dalmo, como se anuncia, exercita-se no samba de recorte clássico, bem cadenciado, curtido em bar e subúrbio, para presentear a MPB com um trabalho notável, de que são exemplos altaneiros, ainda na companhia de Cartola, ‘Motivação’ e ‘Disfarça e chora’.” 

Gerdal José de Paula, assessor de imprensa

“Minha recomendação é o sétimo CD do violonista Yamandu Costa, ‘Lida’. O músico e compositor gaúcho reafirma seu virtuosismo interpretando, com técnica perfeita, um repertório que remete aos pampas de sua terra natal, segundo a saga de Erico Verissimo. Para completar a bela sonoridade do disco, o violinista Nicolas Krassik acerta na parceria com Yamandu.”

Débora Motta, repórter do JB Online

“Imperdível o CD ‘Paraíso Invisível’ do amigo Nico Rezende, cantor, compositor e tecladista. Artista gravado por Zizi Possi e Simone, por exemplo, e autor de hits como ‘Perigo’ e ‘Esquece e vem’, esta dica do bom trabalho de Nico destina-se, especialmente, a quem gosta de curtir música pop feita com acerto e qualidade.”

Gerdal José de Paula, assessor de imprensa

“A morte de Oscar Peterson, no último final de semana, foi pouco anunciada, mas as gerações mais novas devem conhecer mais de perto a obra desse genial pianista negro canadense. Aqui uma produção recente: ‘We Get Request’ (2006), lançado pela Universal, onde, entre outras, ele interpreta ‘Corcovado’.”

Wedencley Alves, coordenador de Jornalismo da Faculdade Pinheiro Guimarães

“Destacado violonista de estúdio e show, Cláudio Jorge ressurge em grande forma, com voz autoral, no seu ‘Amigo de fé’, recém-lançado. Da regravação de ‘Samba da bandola’, feito com João Nogueira, ao protesto de ‘O independente’ (parceria com Sidnei Miller), Cláudio, sambista partidário, mais uma vez ajusta cravelhas e afina cordas para também cantar a afroascendência do gênero. Assim, em via distinta da ironia bem percutida de ‘Luxuosos transatlânticos’, de lavra conjunta e pregressa com Nei Lopes, embala com propriedade o lirismo dos versos deste em ‘Lundu de cantigas vagas’, num gostoso vaivém rítmico que logo remete à inicial e primorosa ‘Estrelinha e conchinha’, de suave cadência. Como o samba é seu dom, Cláudio, carioca do Cachambi, também não esquece quem sempre fez samba bom, como Xangô, Élton Medeiros e Caxinê, fazendo um CD bem-cuidado que dedica, ‘in memoriam’, ao co-produtor Paulinho Albuquerque.”

Gerdal José de Paula, assessor de imprensa

“Parece brincadeira, mas minha filha de 12 anos tem bom gosto. Não sou fã dos mexicanos Rebeldes (RBD), mas com certeza o novo CD da banda é excelente! O álbum ‘Empezar desde cero’ faz marmanjo torcer o nariz e perguntar quem está cantando ou que grupo é este. Os arranjos são ótimos e o amadurecimento musical, visível. São 13 faixas inéditas. Destaque para ‘Sueles volver’ e ‘Si no estás aqui’.”

Denis Aragão, do Jornal Agora, de Tucuruí-PA, e do Diário do Pará

“Ele, apaixonadamente, se entrega — às palavras e aos seus sentidos; às harmonias e às suas sonoridades; aos significados da arte de compor e de interpretar. Ela, sorridentemente, se entrega — à sua voz e seus desejos; aos arranjos que tão bem elabora e suas conseqüências; a um repertório que lhe é totalmente íntimo, quando não parceiro.

Ele é Cláudio Jorge, que acaba de lançar no mercado, e oferecer ao bom gosto popular, o CD ‘Amigo de fé’, seu segundo disco individual, sucessor do ótimo ‘Coisa de chefe’ e seqüencial de mesmo nível artístico. Ela, Ana Costa, terçou cordas no extinto grupo de samba O Roda, ao lado de Bianca Calcagni e de Dedé Alves, não sem antes trastejar violões acompanhando Ivone Lara, Leci Brandão, Wilson Moreira, Velha Guarda da Portela. Assim, dourou sua alma no 2/4.

Neste disco — ‘Meu carnaval’ —, ‘patentado’ pela Zambo, com produção da amiga Bianca Calgani, Ana mais do que justifica, eleva o significado do Prêmio Rival Petrobras de Música, do qual foi vencedora na categoria Revelação. O repertório, claro como as liras dos ranchos, é um bom bocado do samba de confecção atual — tem Raças Brasil (Luiz Carlos da Vila — Carlos Senna — Lourenço), tem Semente do Samba (Eduardo Medrado — Kleber Rodrigues), tem Brasileiro da Gema (Tuninho Galante — Marceu Vieira), tem Não Sei O Que Dá (triunvirato feminino com a própria Ana Costa — Zélia Duncan — Mart’nalia), tem dengo de Ana Costa interpretando outros bons sambas.

Ele, Cláudio Jorge, amigo e parceiro profissional de Paulinho Albuquerque, sinônimo de todas as boas lembranças e saudades, personaliza cada vez mais o selo Carioca Discos com este ‘Amigo de fé’. Dizer que Cláudio é um violonista de sonoridade rara, delicada, é como se ouvíssemos incessantemente o ‘Bolero’, de Ravel — notas continuadas. O mesmo se aplica à sua capacidade de interpretar sambas. Elegância em todas as tonalidades e cadências. Mas Cláudio agradavelmente não surpreende, encanta com outro bom leque de sambas em que rasga seu coração e o exibe publicamente. E está lá o seu coração nas sílabas dos muitos eu te amo, das alianças lustradas com parceiros e amigos, na louvável relembrança de Sidney Miller, seu parceiro em ‘O independente’. Bem, relembrar Sidney é atestado de humanidade, já bastaria para fazer deste disco um ‘Amigo de fé para sempre’. E basta.

Assim como a todos nós, basta ouvir Cláudio Jorge e Ana Costa, ouvir e felizmente constatar que a arte popular tem seus representantes em forma, cor e alma de samba. Também.”

Jorge Roberto Martins, produtor e apresentador do programa “Sala de música”, que vai ao ar na Rádio MEC AM/FM

“No dia 8 de novembro, em Las Vegas (EUA), o cantor e compositor paraibano Zé Ramalho estará concorrendo ao Grammy Latino 2007 com ‘Parceria dos viajantes’, indicado para a categoria de Melhor Álbum de Música Popular Brasileira. Vale a pena ouvir! O disco foi produzido por Robertinho do Recife, no ano em que Zé Ramalho completa três décadas em atividade de carreira e traz 11 músicas em que o autor de ‘Avôhai’ reafirma a originalidade artística com sua voz grave e forte e as letras surrealistas e místicas de suas canções. Como sugere o título, o álbum reúne vários parceiros, entre velhos e novos amigos, como Jorge Mautner, Pitty, Paulo Ricardo, Marcelo Bonfá, João Barone, Sandra de Sá, Zélia Duncan, Daniella Mercury, Chico César, Zeca Baleiro e Toni Garrido. Isto sem contar o jornalista José Nêumanne, autor do poema “O Norte do Norte”, musicado por Zé Ramalho.”

Elinaldo Rodrigues, assessor de imprensa, de João Pessoa-PB

“Para quem gosta de boa música e mora em Niterói — ou gosta de visitar a cidade — recomendo os shows do Duo Cariello, que toca o melhor do pop nacional e internacional e também de muito rock and roll e MPB. A dupla, cujo site é www.duocariello.com, é formada pelos irmãos Ingrid — que começou a estudar piano na infância e logo se interessou por diversos instrumentos, como o cajón, com o qual se apresenta, além de cantar — e Brunno — que se divide entre o violão, a guitarra e os vocais. O som dos dois é extremamente agradável.”

Catarina Lattanzi, assessora e especialista em Marketing

“O oitavo álbum de Guinga, ‘Casa de Villa’, traz de volta às origens o compositor que canta os costumes, tradições e o cotidiano dos subúrbios cariocas. Neste primeiro disco gravado pela Biscoito Fino, o violonista também estréia como ótimo letrista. Em ‘Maviosa’, Guinga é capaz de combinar imagens, criar e constatar similaridades em versos como ‘… o fogo da refinaria é boitatá’, orientado pela observação e comparação. A partir desses dois elementos, fundamentais para a leitura da realidade, o autor cria som, luz, cor e textura na estrutura da música. Tal sensibilidade, de captar as impressões do entorno, pode-se dizer que vem do lado suburbano do compositor. Criado na rua jogando bola, e brincando sadiamente no quintal — como revela na música-título ‘Casa de Villa’—, Guinga faz de suas andanças roteiro para novas aventuras sonoras, com aval de Villa-Lobos. Em ‘Via Crúcis’, dueto com Paula Santoro, o compositor se firma como cantor e sustenta, com belíssima voz, mais sete das 12 músicas do álbum. Entre as quatro faixas instrumentais (‘Villalobiana’, ‘Bigshot’, ‘Jongo de compadre’ e ‘Comendador Albuquerque’), ‘Bigshot’ merece destaque pelo excelente trabalho de Jessé Sadoc e Wellington Moura. A música, inspirada na peça de Igor Stravinsky, ‘Ragtime for eleven instruments’, ganha sonoridade ímpar pelos metais dos consagrados trompetistas. Em ‘Tudo fora de lugar’ (Guinga/Aldir Blanc), autor e intérprete deixam espaço na ‘casa’ para o ouvinte preencher com sua imaginação. ‘Casa de Villa’ é uma obra-prima que traduz bem o espírito carioca de Guinga — um ‘suburbano do Leblon’ avesso a dividir a alma do Rio em duas.”

Maria do Amparo Oliveira, jornalista cultural e assessora de imprensa do Conservatório Arte Musical