Lygia e Moacyr, mais duas declarações


17/01/2008


A acadêmica Lygia Fagundes Telles e o jornalista Moacyr Werneck de Castro expressaram formalmente a aceitação do convite para que participem da Comissão de Honra do Centenário da ABI. Lygia declara-se “profundamente honrada” com a “generosa lembrança”, enquanto Moacyr afirma que aprendeu a honrar a ABI quando, em 1934, o então Presidente Herbert Moses, interveio para libertá-lo de uma prisão política, efetuada quando fazia sua estréia no jornalismo profissional.

A declaração de Lygia Fagundes Telles é a seguinte:

“Meu caro Maurício Azêdo,
       
Aqui venho agradecer e aceitar profundamente honrada o convite para integrar a Comissão de Honra do Centenário da ABI.
Agradecendo muito sensibilizada a generosa lembrança, envio-lhe o meu abraço cordialíssimo, (a) Lygia Gagundes Telles.”

 
A evocação de Moacyr Werneck de Castro foi feita na seguinte mensagem:

 “Caro Maurício,

 Considerando que a idade por si só não é critério para integrar a Comissão de Honra do Centenário da ABI, mas que essa Comissão tem como presidente o centenário Oscar Niemeyer, Moacyr Werneck de Castro declara aceitar com alegria a sua participação. “Vou completar 93 anos em fevereiro”, informa.
 Naquele remoto ano de 1934, em junho, tinha sido promulgada a nova Constituição brasileira e Moacyr ia comemorá-la com sua estréia no jornalismo profissional. Tinha sido escalado pelos veteranos Aparício Torelli, o Barão de Itararé, e Oswaldo Costa para fazer a cobertura pelo Jornal do Povo de uma reunião sindical que ia acontecer no Sindicato dos Garçons, na rua dos Arcos, à qual compareceu de gravata e chapéu, como era de praxe na época. Foi convidado para a mesa, começando logo a tomar notas, compenetradamente.
De repente a sessão foi interrompida pela polícia e começaram as prisões, a pancadaria e tiros ecoaram, dissolvendo a reunião, considerada “comunista”. E lá foi o jovem repórter passando por um corredor polonês rumo à Polícia Central. Um protesto foi logo encaminhado à ABI pelo também jornalista Luiz Werneck de Castro, irmão mais velho do preso, de que tomou conhecimento o então presidente da entidade, Herbert Moses.
Mencionando o direito assegurado pela nova Constituição, dizia Luiz: “Creio que basta a simples enumeração deste fato para comprovar a enormidade do processo de repressão do ministro da Justiça, Sr. Vicente Rao”.
A solicitação foi atendida, sendo Moacyr posto em liberdade. E concluía Herbert Moses: “Não obstante reitero o desejo da ABI de auxiliá-lo em tudo o que for necessário, prestando ao seu irmão toda assistência e solidariedade”. Moses era um conservador que levava a sério seu cargo.
E foi assim que aprendi a honrar o nome da Associação Brasileira de Imprensa. (a) Moacyr Werneck de Castro.”