Le Monde denuncia Governo francês


14/09/2010


O Le Monde anunciou que vai processar o Palácio Eliseu (sede do Governo da França) sob acusação de que agentes do serviço de espionagem, a mando da Presidência, teriam violado da lei de proteção de sigilo de fontes, para identificar o funcionário que teria vazado informações sigilosas sobre o escândalo financeiro que envolve o Ministro do Trabalho, Eric Woerth, e a herdeira da L’Oréal, Liliane Bettencourt. 

O jornal classificou a atitude de “uma iniciativa intencional que viola o princípio que institui os jornalistas como contrapoder necessário”. O diretor Eric Fottorino declarou que a matéria sobre o escândalo financeiro só foi publicada após o veículo ter conseguido “elementos tangíveis, bem definidos”, conforme noticiou o Portal Imprensa. 

Em artigo publicado no início da semana, o Le Monde citou que David Sènato, assessor da Ministra da Justiça, Michèle Alliot-Marie, teria sido identificado a partir de registros de telefone como o autor do vazamento das informações. O Palácio Eliseu negou as acusações.

A notícia provocou um protesto da organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), que por meio de um comunicado classificou o caso como grave e apoiou a atitude do jornal. Segundo a RSF, se o Governo realmente mandou o seu serviço secreto desrespeitar a legislação sobre o sigilo das fontes no caso Woerth-Bettencourt, trata-se de “uma violação da liberdade de imprensa tão grave como grampear telefonema de jornalistas”, diz um dos trechos da nota.

A organização ressaltou que a proteção das fontes dos jornalistas foi uma das promessas de campanha de Nicolas Sarkozy, que enviou ao Parlamento uma lei específica que foi votada em janeiro de 2010. “Seria intolerável, se o Palácio do Eliseu foram os primeiros a quebrar uma lei solicitada pelo presidente”, diz o texto do documento da RSF.

Em outro trecho da nota a RSF diz que a organização não conseguia entender “a guerra do partido do governo contra a mídia tenta investigar o caso Woerth-Bettencourt”. E destaca também que tal comportamento é “inaceitável em uma democracia”.

* Com informações da RSF e do Portal Imprensa.