JT: sem demissões até novembro


30/10/2012


O Jornal da Tarde (JT), diário paulistano com quase 47 anos de hitória, deixa de circular oficialmente a partir desta quarta-feira, 31, por decisão do Grupo Estado. Em nota, o Grupo defendeu que a decisão foi tomada para o aprimoramento estratégico da companhia, reforçando investimentos em seu principal produto, “O Estado de S. Paulo”. Em acordo firmado entre a empresa, trabalhadores e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo (SJSP), nenhum jornalista deve ser demitido até o fim de novembro. 

No comunicado assinado pelo diretor-presidente do Grupo Estado, Francisco Mesquita Neto, a decisão foi tomada para concentração de esforços na nova fase do Estadão, que passará ao formato de multiplataforma integrada (papel, digital, áudio e vídeo e mobile), com o objetivo de levar maior volume de conteúdo a mais leitores, sem barreira de distância e a menores custos de distribuição. O “Jornal do Carro”, suplemento de maior sucesso do JT, será incorporado ao Estadão como um caderno, com edições às quartas, quintas, sábados e domingos.

Ao contrário das especulações, o JT não se encontrava no vermelho. No entanto, o lucro vinha decrescendo, girando em torno de R$ 800 mil ao ano, o que para o Grupo Estado era considerado um investimento injustificável. Em julho, depois de anunciar novos cortes na redação do jornal, a empresa tentou emplacar um novo projeto gráfico para elevar a circulação, o que não prosperou. “Tentamos de todos os modos revitalizar o Jornal da Tarde, antes de tomar a decisão de encerrar suas atividades. Optamos por seguir o aprimorando nosso foco estratégico na marca Estadão”, disse Mesquita Neto. 

A expectativa da entidade é que nenhum jornalista seja demitido. Em nova audiência, no dia 4 de dezembro, será apresentado um plano de realocação de jornalistas. “A posição do Sindicato é a de que todos esses profissionais sejam reaproveitados em outras funções jornalísticas do Grupo – na Redação do Estadão, na Agência Estado ou no portal”, defende Camargo.

Histórico

Fundado em 4 de janeiro de 1966, o JT publicou mais de 15 mil edições. Quando foi lançado, o veículo representou uma renovação nos padrões editoriais conhecidos na época, com inovações em design gráfico, texto e prestação de serviços. O impresso chegou ao auge de vendas no ano de 1990, com média de 190 mil exemplares.
O jornal produziu páginas memoráveis sobre momentos marcantes da História recente do País, como a capa toda em preto, apenas com o título do jornal no alto, quando o Congresso barrou a Emenda Constitucional do Deputado Dante de Oliveira que restabelecia as eleições diretas no Brasil, e a que estampava de alto a baixo a foto de um pequeno torcedor chorando a derrota da Seleção Brasileira por 3 a 2 para a Itália na Copa de 1982, na Espanha.
 
Ao longo da década de 2000 sua circulação média girou em torno de 55.000 exemplares, e declinou nos últimos anos. A perda de circulação levou a empresa a suspender a circulação do “JT” no interior paulista e em outros Estados, restringindo suas tiragens à Região Metropolitana da capital. A esse movimento seguiu-se o encolhimento do quadro de pessoal do diário. Dos 110 profissionais que formavam a Redação do “JT” em 2010, restaram 44, que hoje terão a incumbência de confeccionar a última edição do jornal.
 
Revista IstoÉ Gente
 
Outra mudança anunciada na última segunda-feira, dia 29, foi a alteração da periodicidade da revista “IstoÉ Gente”, da Editora Três, que a partir de dezembro passa a ser mensal, depois de mais de 13 anos com edições semanais. O redesenho está sendo elaborado pelo novo publisher da revista, Paulo Borges. De acordo com Gisele Vitória, diretora de núcleo da revista, a publicação vai ganhar em qualidade de papel e em número de páginas.
 
* Com informações do SJSP, Jornal O Globo, G1, Veja, IG Economia e Exame.