Jornalistas espanhóis debatem crise na mídia


15/10/2010


A Presidenta da Federação de Jornalistas da Espanha (Fape), Elsa Gonzáles, propôs que jornalistas e empresários da mídia façam um acordo para superar a crise do setor, que segundo ele é o resultado da adaptação à nova sociedade de informação. A proposta foi divulgada nesta sexta-feira, 15 de outubro, durante um fórum coordenado pelo Presidente da Associação de Imprensa de Madri (APM), Fernando Gonzáles Urbaneja.
 
 
Conforme foi divulgado pelo site Periodistas en Español, Elsa Gonzáles exortou as empresas de comunicação a adotar o Código de Ética da Fape, como um instrumento para lidar com a crise de ética que afeta os meios de comunicação.
 
 
Elsa Gonzáles alertou para a “co-responsabilidade coletiva” dos jornalistas pelos problemas que atingem a profissão. Ela apontou a diminuição dos postos de trabalho, insegurança no emprego e a depreciação da qualidade de conteúdo como os fatores responsáveis pela deficiência no exercício da profissão de jornalista. 
 
 
Na opinião da Presidenta da Fape, a nova ordem midiática impôs uma espécie de censura aos jornalistas, uma vez que, imobilizados pela crise, acabam “caindo na armadilha de descer o nível ético”.
 
 
Arrogância
 
 
Dirigindo-se diretamente aos donos de veículos de comunicação, Elsa Gonzáles acusou-os de adotar o comportamento arrogante de “sentar-se no sofá ao invés de refletir sobre a crise”. Segundo ela, os empresários “estão matando seu meio de subsistência”, abrindo mão do rigor e da credibilidade da informação, para investir em um novo plano de negócio que representa “a perda dos direitos trabalhistas e profissionais dos jornalistas”.
 
 
Continuando a sua advertência sobre o comportamento adotado pelos empresários da mídia, a Presidenta da Fape ressaltou que o que garante a sobrevivência de um veículo de mídia é a qualidade. Esse é o ingrediente básico para a sua sobrevivência.
 
 
“O selo de credibilidade, de marca e de gestão bem sucedidas e adaptadas às novas necessidades de informação cria a estabilidade financeira”, afirmou Elsa Gonzáles, acrescentando que “o espetáculo da informação, a psicose de audiência, o jornalismo de declarações e a conferência de imprensa sem perguntas trabalham na direção oposta”. 
 
 
De acordo com levantamento feito pelo Centro de Crise da Fape, 3 mil 500 empregos foram perdidos nos últimos dois anos na Espanha. O número de jornalistas desempregados poderá chegar a 10 mil, conforme cálculos do Relatório Anual da Profissão Jornalística, publicado pela Associação de Imprensa de Madri.
 
* Com informações do site Periodistas en Español.