Jornalista japonês desaparece na Síria e pode ter sido sequestrado pelo EI


Por Claudia Sanches*

13/07/2015


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Jumpei Yasuda (Reprodução: Japan Times)

O jornalista japonês Jumpei Yasuda, de 40 anos, desapareceu na Síria e a principal suspeita é de que o repórter frelancer tenha caído nas mãos do Estado Islâmico (EI), na região depois das capturas do também jornalista Kenji Goto, de 47 anos, e de Haruna Yukawa, de 42, no ano passado.

Os jihadistas exigiram um resgate em dinheiro de US$ 200 milhões do governo do Japão para libertar os reféns no início do ano. Como não receberam o dinheiro, executaram os dois japoneses e divulgaram o vídeo das decapitações na internet em janeiro deste ano.

A família de Yasuda informou que ele parou de enviar mensagens e sua conta no Twitter e do blog permanecem inativos desde dia 20 de junho último. A inatividade é considerada anormal por seus familiares e amigos, já que Yasuda fazia postagens diárias e usava a rede social como ferramenta de trabalho. Seus últimos tuítes mostram que ele estava na região de Kobani, salva pelas forças curdas das ofensivas do EI em fevereiro. Em 2004, o mesmo jornalista foi sequestrado por insurgentes no Iraque, mas acabou libertado poucos dias depois.

Em fevereiro, o jornalista criticou o governo japonês por confiscar o passaporte e impedir seu colega Yuichi Sugimoto de ir trabalhar na Síria. O governo justificou a decisão informando que a viagem colocava em risco iminente um cidadão do país.

— O confisco do passaporte é um grande problema porque significa que o governo pode decidir unilateralmente onde e quando uma reportagem pode ser realizada.

Questionado pela Agência Efe sobre o sumiço do jornalista, o Ministério das Relações Exteriores do Japão se negou afirmar o “desaparecimento ou sequestro de qualquer cidadão japonês na Síria”. O ministro das Relações Exteriores do Japão, Fumio Kishida, disse hoje não poder confirmar que Yasuda tenha desaparecido ou sido capturado por algum grupo armado.

Execuções

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Japoneses Haruna Yukawa e Kenji Goto (Reprodução Veja)

Em um vídeo publicado na internet um suposto membro do grupo jihadista deu um prazo de 72 horas ao governo do Japão para pagar US$ 200 milhões e evitar a execução de dois reféns de nacionalidade japonesa.

Uma vez cumprido o prazo, as autoridades de Tóquio garantiram que continuariam fazendo o possível para libertar os reféns.

O governo revelou que mantinha contato com países como Jordânia e Turquia para, através deles, conseguir chegar a autoridades religiosas e líderes locais que ajudem o Japão a conseguir a libertação dos dois reféns.

Muhammed Ibrahim, um membro do grupo opositor sírio Coalizão Nacional Síria (CNFROS), revelou, por sua vez, à emissora pública japonesa ‘NHK’ que seu grupo estava ajudando o Japão a negociar a libertação dos reféns.

Ibrahim explicou que alguns membros da coalizão estavam recolhendo informações sobre os reféns a pedido do governo japonês.

Os dois japoneses sequestrados pelo Estado Islâmico eram Kenji Goto, um conhecido jornalista freelancer de 47 anos, e Haruna Yukawa, um homem de 42 anos, que aparentemente viajou à Síria para montar uma empresa de segurança e que acabou se unindo a um grupo rebelde, rival do EI.

*Fonte: “O Estado de São Paulo”, “G1”, “R7”.