Jornalista é morto em conflito no Egito


07/02/2011


O repórter egípcio Ahmed Mohammed Mahmud, de 36 anos, do jornal Al-Taawun, morreu na noite desta sexta-feira, dia 4, após permanecer em coma profundo desde o último dia 28, quando foi atingido por um tiro na varanda de seu apartamento enquanto registrava imagens dos protestos na Praça Tahir, no Cairo. Ahmed Mohammed Mahmud é a primeira vítima fatal entre os jornalistas que cobrem os conflitos no Egito.
 
De acordo com relatório da ONG Repórteres Sem Fronteiras(RSF), desde o início dos protestos na região, em 25 de janeiro, 60 jornalistas foram atacados, 57 foram sequestrados e 17 tiveram o equipamento de trabalho apreendido. Segundo a ONG, alguns profissionais de imprensa, temendo represálias, não denunciaram agressões.
 
—Este primeiro balanço não é definitivo, tampouco está completo já que a lista de incidentes cresce a todo instante. Contudo, os dados estarão sendo atualizados constantemente demonstrando o tamanho da campanha de ódio contra a imprensa internacional. Poucas redações escaparam. Todos os jornalistas que estão no local relatam agressões, afirmou a entidade em nota.
 
O Embaixador do Brasil no Egito, Cesário Melantonio Neto, afirmou à Agência Brasil que, até sexta-feira, 11, vai enviar ao Governo do Egito uma queixa formal contra a censura e as agressões a jornalistas brasileiros e a proibição imposta a um diplomata de dar assistência a profissionais de imprensa brasileiros no Hotel Ramses Hilton, no Cairo.
 
Na sexta-feira, dia 4, a TV CNN foi impedida de transmitir imagens da Praça Tahir, onde homens armados com porretes e facões cercavam veículos à procura de jornalistas. O táxi que era ocupado por repórteres dos jornais O Globo, O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo foi interceptado, mas o motorista informou que se tratavam de turistas brasileiros. Desconfiados, três homens subiram no veículo e o escoltaram até a barreira do Exército afirmando que os ocupantes seriam revistados. Os jornalistas, que, prudentemente, haviam deixado no hotel todos os equipamentos de trabalho, voltaram a afirmar que eram apenas turistas e foram liberados.
 
No domingo, dia 6, o repórter Ayman Mohyeldin, que tem cidadania americana, e trabalha na rede de TV Al Jazeera, foi detido por sete horas no Cairo, e libertado somente após protestos da emissora e de usuários do Twitter que solicitaram a ajuda de congressistas dos EUA.
 
O diálogo iniciado neste domingo, dia 6, entre o Governo egípcio e setores da oposição não cessou os protestos.
 
*Com informações de O Globo, Estadão, Agência Brasi, UOL.