31/03/2021
– Como foi para você perder um ídolo como Chick Corea? Fale do valor musical que identificava nele.
Chick Corea foi e sempre será meu maior ídolo.
No meu álbum “Looking Back”, de 2015, eu gravei três músicas dele: os clássicos “Spain” e “500 Miles High”, e a efervescente “Nite Sprite”. Esta última foi um desafio, por causa da dificuldade técnica para ser executada.
Como artista, ele foi completo. Atingiu um nível altíssimo como músico, compositor, arranjador e educador.
Acho que sua música ficará eterna, assim como Bach e Beethoven.
– Como está sendo pra você e sua família conviver com esses tempos tão difíceis da pandemia?
Minha filha mais nova mora comigo e a mais velha e meus netos moram bem pertinho da minha casa. Então, além das chamadas de vídeo, eles vêm sempre me visitar. Eu os recebo de máscara e com distanciamento. É uma situação atípica, mas necessária.
De qualquer forma, conseguimos estar juntos e isso ajuda a manter uma certa normalidade. Mas é claro que o sentimento de tristeza por tantas pessoas doentes e tantas vidas perdidas está sempre presente.
– Tem conseguido trabalhar? Tem algum projeto novo? Pode mostrar alguma coisa para o público da ABI?
Sim, estou trabalhando normalmente, já que tenho estúdio na minha casa.
Em 2020 lancei o álbum “Jazz Standards”, onde regravei clássicos do jazz, e fiz vários vídeos de divulgação para o meu canal do YouTube (https://www.youtube.com/c/alfredodiasgomes).
No final do ano passado comecei a compor para um novo álbum, esse totalmente autoral. Vai se chamar “Metrópole”.
Mantive o estilo jazzístico do último trabalho, sendo que nesse novo eu também toco os teclados, além da bateria.
Em fevereiro, comecei a gravar as bases do disco, no meu estúdio, com o baixista Jefferson Lescowich, seguindo todos os protocolos de distanciamento. Com a piora da pandemia, optei por gravar os metais remotamente. O trompetista Jessé Sadoc e o saxofonista Widor Santiago gravaram de suas casas e me enviaram os áudios via internet.
Agora vou finalizar o disco (mixagem e masterização) aqui no meu estúdio, junto com o engenheiro de som Thiago Kropf.
Acredito que no final de abril esteja tudo pronto para lançar o álbum nas plataformas de música.
O que eu tenho para mostrar, já que o disco ainda não está pronto, é um trechinho da gravação do Jefferson que eu filmei informalmente e postei no instagram:
https://www.instagram.com/p/CL2gRrWpBpD/