Jornalismo e sétima arte juntos na ABI


06/06/2008


 Jesus e Dejean Magno Pellegrin

Em comemoração ao centenário da ABI e aos 200 anos da Imprensa Régia, a mostra A Imprensa no Cinema entrou em cartaz nesta quinta-feira, dia 5, às 19h, iniciando as atividades do Cine ABI, que nesta edição privilegia o jornalismo como temática central:
— “Terra em transe”, de Glauber Rocha, foi selecionado porque, além de ser um filme que discute a imprensa, foi dirigido por um jornalista — explica Jesus Chediak, Diretor Cultural da ABI e coordenador do evento, que aplaude a parceria da entidade com a Associação dos Correspondentes da Imprensa Estrangeira (Acie) e o Colégio Pedro II: —Estaremos formando platéia e difundindo o cinema e o jornalismo para as futuras gerações.

Até o fim do ano, sempre às quintas-feiras, serão exibidos clássicos da sétima arte como “Cidadão Kane”, “Todos os homens do Presidente”, “Carlitos repórter” e “A montanha dos sete abrutes” (clique aqui para ver a programação de junho). As dezenas de filmes que constam da programação fazem parte da coleção particular do cineasta, jornalista e pesquisador Dejean Pellegrin, um dos fundadores da Cinemateca do MAM e curador da mostra:

    Jesus Chediak, Maurício Azêdo e Zilmar Basilio

— A expectativa é que A Imprensa no Cinema cumpra a sua função de valorizar a arte cinematográfica e o jornalismo, oferecendo ao público uma programação de qualidade — destaca Dejean, para quem o comentário de Glauber é a melhor definição de “Terra em transe”: “É um filme sobre o que existe de grotesco, horroroso e podre na América Latina. Não é um filme de personagens positivos, não é um filme de heróis perfeitos.”

O Presidente da ABI, Maurício Azêdo, prestigiou o evento que reuniu na platéia jornalistas e cineastas, como José Rezende, Mário Augusto Jakobiskind, Zilmar Basílio, Leila Richers:
— Nunca consegui assistir a “Terra em transe” por inteiro e esta é uma oportunidade para conhecer a obra cuja cópia foi recuperada — disse a jornalista, que atualmente finaliza a edição de um documentário.

 Leila Richers

Filmado em 1967, o drama se passa num país fictício chamado Eldorado, onde o jornalista e poeta Paulo oscila entre diversas forças políticas em luta pelo poder: um líder de direita, um político populista e o dono de um império de comunicação. Clássico do Cinema Novo, “Terra em transe” — que chegou a ser censurado em razão das referências e duras críticas à ditadura — recebeu prêmios no Brasil e no exterior de melhor filme, direção e argumento (Glauber Rocha), atriz (Glauce Rocha), ator coadjuvante (José Lewgoy), fotografia (Dib Lutfi) e montagem (Eduardo Escorel), entre outros.

O longa conta com grandes nomes na produção — como os cineastas Cacá Diegues, Zelito Vianna e Luiz Carlos Barreto, que também assina a direção de fotografia — e no elenco que reuniu Paulo Autran, Jardel Filho, Paulo Gracindo, Hugo Carvana, Mário Lago, Jofre Soares e Flávio Migliaccio.