24/04/2017
Fiz, a convite, na Academia Carioca de Letras, palestra sobre o notável livro ‘Quarto de despejo’, de Carolina Maria. Exaltei o tempo todo a obra em sua importância sociocultural e política. E critiquei intelectuais paulistanos que, conforme prefácio do companheiro Audálio Dantas, arrasaram o livro por mal escrito. Lembrei e mostrei que o livro não é Literatura, não precisa ser, é importante documento diário, como disse, da miséria e desigualdade social, etc.
Dediquei a palestra aos quilombolas, tão atacados hoje, já que sempre enfrentei racistas palestrando em favelas, nos meus cargos e, principalmente, quando criei a Disciplina Cultura Afro e convidei um professor negro para ministrá-la na Faculdade.
Eis que, na tribuna, a senhora Elisa Lucinda, que declamou inúmeros poemas seus e pouco falou sobre o livro, disse que a obra era, sim, Literatura, contestando-me. E, ao final, veio cumprimentar-me, tirar foto e pedir meu endereço para mandar seus escritos. Não mandou. Mandou sim ofensas de racista, “pinçou” aquele não é Literatura em jornal (O Globo) e em seu Facebook (não sei bem como funciona, mas disseram-me que ela tem milhares de seguidores). Mostra-se gratuitamente defensora da raça contra um racista, para promover-se e ficar em evidência.
Mais um triste episódio no Brasil de hoje. Agradeço a solidariedade vinda de todas as partes, inclusive de entidade representativa de cultura Afro.
PS: A palestra está gravada.
Ivan Cavalcanti Proença
Presidente do Conselho Deliberativo da ABI