Guerra ao terror na França: dois morrem sete são presos


18/11/2015


subúrbio Sant-Deny

Saint-Denis, no norte de Paris durante ação policial à procura do terrorista belga Abdelhamid Abaaoud (Foto: Lionel Bonaventura (AFP)

Uma mulher-bomba se explodiu e outro dois militantes morreram durante operação policial no subúrbio de Saint-Denis, em Paris, nesta quarta-feira (18), mesma cidade onde fica o Stade de France, onde três homens-bomba se detonaram na semana passada.

Autoridades disseram que o foco da ação era a apreensão de Abdelhamid Abaaoud, militante islâmico belga acusado de ser o mentor dos ataques de 13 de novembro, mas, nove horas depois do início da operação, ainda não era certo se ele havia sido encontrado.

Fontes disseram à Agência Reuters que a operação paralisou um grupo jihadista que planejava realizar um ataque ao distrito comercial parisiense de La Defense, após os ataques coordenados com tiros e homens-bomba que mataram 129 pessoas pela cidade na sexta-feira.

sete suspeitos

Sete suspeitos detidos (Foto: Reprodução)

Em meio a um intenso tiroteio que durou pelo menos sete horas, sete pessoas foram presas na operação, que começou com uma troca de tiros, incluindo três suspeitos que foram retirados do apartamento, de acordo com autoridades, que não sabem precisar todos os detidos.

Moradores da região entraram em pânico quando os tiros começaram pouco antes das 4h30. Três oficiais da polícia e um pedestre ficaram feridos na operação, que ocorreu próxima ao estádio Stade de France, um dos alvos dos ataques de 13 de novembro.

 “Franceses não devem ceder ao medo”, diz Hollande

pronunciamento

Hollande em discurso no Congresso (Agência Lusa)

Em pronunciamento emocionado durante Encontro de Prefeitos na França, sábado dia 14, o presidente François Hollande disse que os franceses não “podem ceder ao medo” e “devem retomar completamente a vida cultural”. Ainda de acordo com Hollande, as operações em busca dos envolvidos com o extremismo islâmico confirmam que a França está “em guerra contra o terror”.

Após os ataques em Sant-Denis, o Presidente falou sobre a operação policial, onde fica o Stad de France, alvo dos atentados no último dia 13 e parabenizou a França e as forças policiais pelo trabalho. “Eu imagino a angústia dos moradores de Saint Dennis e o sangue frio dos policiais que participaram dessa operação (…). O que os terroristas visaram é a ideia da França, o que ela representa. A França está em guerra, mas não numa guerra de civilizações porque aqueles assassinos não representam uma civilização”.

De acordo com o Chefe de Estado, não haverá mudanças na política de acolhimento dos migrantes, mas assumiu, sem dar detalhes, que verificações são necessárias antes de aceitar a entrada dos estrangeiros. “A acolhida dos refugiados caminha junto com o dever de proteger os franceses”, disse Hollande que deve dar asilo para 30 mil expatriados nos próximos dois anos.

Desde os atentados o País intensificou ataques contra o Estado Islâmico na Síria e vem buscando coordenar esforços com os Estados Unidos e Rússia para combater o terrorismo. Hollande pretende visitar Barack Obama em Washington na próxima terça (24) e o presidente da Rússia Vladimir Puttin em Moscou, na quinta (26).

“Preconceito não pode justificar extremismo”, afirma brasileira vereadora em Saint-Denis

A brasileira Silvia Capanema acordou por volta das 4h (1h no horário de Brasília) com o barulho de sirenes a menos de 500 metros de sua casa, no centro de Saint-Denis, cidade colada ao norte de Paris. Depois vieram tiros e explosões ao longo da manhã.

“Foi assustador. Foram muitos tiros. Falei para o meu marido: ‘Parece Bagdá'”, disse a historiadora de 36 anos, vereadora desde o ano passado no município do subúrbio de Paris.

Pela própria condição de imigrante, Silvia é uma observadora atuante da realidade multicultural francesa.

Ela reconhece, contudo, que a tensão étnica na França cresceu desde o atentado, em janeiro, ao jornal satírico Charlie Hebdo, praticado por extremistas islâmicos. “Cresceu a sensação de preconceito, ao mesmo tempo em que dizem, por outro lado, que a radicalização também aumentou.”

Silvia relata que os muçulmanos em Paris reclamam muito de preconceito, mas alertou que nesse momento é preciso deixar claro que isso não pode ser justificativa para extremismo.

Fontes: AFP, G1