Governo chinês censura e intimida imprensa


12/08/2008


O jornal independente South China Morning Post denunciou na edição desta terça-feira, 12, a existência de uma lista emitida pelo Departamento de Propaganda do Partido Comunista chinês, contendo 21 proibições impostas à imprensa local na cobertura dos Jogos Olímpicos. Entre elas, o veto a reportagens sobre o bloqueio de páginas da internet com conteúdo crítico ao governo do país e assuntos “polêmicos” como Tibete, Taiwan, direitos humanos e democracia.

O jornal revela ainda que a imprensa chinesa foi proibida de informar o assassinato de um turista norte-americano, sogro do treinador da seleção masculina de vôlei dos EUA, Hurg McCutcheon, por um chinês, no último sábado, dia 9. Os repórteres que entrevistaram atletas da equipe tiveram seus cadernos de anotações confiscados pelas autoridades.

Para evitar que as determinações sejam descumpridas, os Departamentos Provinciais de Propaganda realizam reuniões diárias com a imprensa de cada região.

Visto

Sun Weide, porta-voz do Comitê Organizador das Olimpíadas em Pequim, afirma que “os direitos dos jornalistas estão protegidos pela Constituição chinesa” e diz desconhecer qualquer problema. Entretanto, o mesmo Comitê ainda não liberou o visto do tibetano Dhondup Gonsar. O jornalista da Rádio Free Asia (RFA) tem cidadania norte-americana, mas não consegue entrar na China.

Na semana passada, a RFA anunciou que, apesar de ter obtido o credenciamento do jornalista pelo Comitê Olímpico Internacional, ainda não tinha recebido autorização para a viagem de Gonsar, e pediu ao COI que pressione a China para cumprir a promessa de realizar as Olimpíadas em um clima de abertura.

Tanque

Em outro episódio, o Vice-presidente do Bocog (Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos 2008), Wang Wei, declarou que o tanque militar instalado, na última segunda-feira, 11, no acesso ao Centro de Imprensa, em Pequim, “serve para preservar e garantir a segurança nos Jogos” e “não é conseqüência de uma ameaça concreta”. Wang Wei disse ainda que a decisão de instalar o carro de combate partiu das autoridades chinesas, dentro do programa de segurança dos Jogos. E afirmou que medidas similares foram tomadas em outras edições do evento, mas não citou exemplos.