Morte do fotógrafo Luiz Claudio Marigo mobiliza protesto


Por Cláudia Souza*

05/06/2014


Membros do Sindsprev-RJ e funcionários do Instituto Nacional de Cardiologia(INC) dão abraço simbólico ao prédio da unidade de saúde (Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo)

Membros do Sindsprev-RJ e funcionários do INC dão abraço simbólico ao prédio da unidade de saúde (Foto: Pablo
Jacob / Agência O Globo)

Integrantes da direção do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde, Trabalho e Previdência Social do Estado do Rio de Janeiro (Sindsprev-RJ) e funcionários do Instituto Nacional de Cardiologia (INC) realizaram, nesta quinta-feira, um abraço simbólico ao prédio da unidade de saúde, em Laranjeiras. Na segunda-feira, dia 2, o fotógrafo Luiz Claudio Marigo, de 63 anos, morreu em frente ao hospital após sofrer um infarto.

Ele estava dentro de um ônibus e, ao passar mal, foi levado até a instituição, especializada no tratamento de doenças cardíacas. Apesar de pessoas terem informado na portaria que havia um homem passando mal, médicos do INC são acusados de não terem prestado atendimento. Os servidores do instituto, que não tem serviço de emergência, está em greve.

— O que houve foi uma omissão de socorro generalizada. O hospital é uma ilha de excelência e tem ótimos médicos que estavam trabalhando na hora que aconteceu o fato. A morte do fotógrafo mostrou que há uma falta de integração da rede. O paciente não pode chegar a um hospital e ser recepcionado por seguranças. Precisa existir um profissional de saúde para fazer o primeiro contato — disse Lúcia Pádua, diretora do Sindsprev e funcionária da Fundação Nacional de Saúde.

Lúcia acrescentou que esse não é um problema apenas do INC. A direção do sindicato distribuiu uma nota lamentando a morte de Marigo e ressaltando que a greve dos servidores nada teve a ver com o fato.

O empresário Vítor Marigo, um dos filhos do fotógrafo Luiz Cláudio Marigo, que morreu na segunda-feira em frente ao Instituto Nacional de Cardiologia (INC), em Laranjeiras, disse que a família deve entrar com ação na Justiça contra a União e a unidade de saúde, que negou o atendimento.

— Estamos ainda sob o choque da morte de meu pai, mas temos ótimos advogados à disposição. Queremos conseguir uma indenização e, com isso, criar um fundo mantenedor da obra dele. Poderia ser uma fundação, por exemplo. O importante é manter viva a obra do meu pai — disse Vítor.

O filho do fotógrafo ressaltou que a família está recebendo inúmeras ações de apoio, principalmente, de pessoas indignadas com o que aconteceu.

Depoimentos

O delegado titular da 9ª DP (Catete), Roberto Nunes, responsável pelas investigações do caso, disse nesta quarta-feira que pretende ouvir novamente o motorista de ônibus Amarildo Gomes, que levou Luiz Cláudio Marigo até o INC e também o bombeiro que participou do atendimento. Uma equipe de policiais esteve, nesta terça-feira, no hospital para conseguir o nome dos profissionais que estavam de plantão. O delegado informou que aina está aguardando a resposta da unidade.

— Vamos ouvir todos que estavam no local, incluindo passageiros que estavam no ônibus, para saber de onde veio a ordem de que o atendimento não poderia ser feito. Quanto à direção, só vou ouvir depois que todos os servidores forem ouvidos e soubermos a dinâmica de tudo que aconteceu — explicou o delegado.

*Com informações do Globo