Fotógrafo Domingos Peixoto é vencedor do 32 º Prêmio Rei da Espanha


Por Igor Waltz*

06/02/2015


Momento em que Santiago Ilídio Andrade é atingido por um artefato (Foto: Domingos Peixoto/ Agência Globo/AFP)

Momento em que Santiago Ilídio Andrade é atingido por um artefato (Foto: Domingos Peixoto/ Agência Globo/AFP)

A imagem do cinegrafista Santiago Andrade ferido durante os protestos no Rio em fevereiro de 2014 deu ao brasileiro Domingos Peixoto nesta sexta-feira, 6 de fevereiro, o 32º Prêmio Internacional Rei da Espanha, na categoria “Fotografia”. O anúncio aconteceu no mesmo dia em que se completa um ano da morte do repórter cinematográfico, durante um protesto contra o aumento das tarifas do transporte público do Rio de Janeiro, em 2014. Para a edição 2014 dos prêmios Rei da Espanha, concorreram 20 trabalhos de fotografia.

Domingos Peixoto

“Crime à liberdade de imprensa” é uma série de três fotos publicadas pelo jornal O Globo no dia 6 de fevereiro do ano passado e capturadas por Peixoto. Elas mostram Andrade após ser atingido por um rojão lançado por manifestantes. Santiago, da Rede Bandeirantes, morreu em decorrência dos ferimentos.

O fotojornalista afirmou que foi uma “grande honra” receber o prêmio, mas frisou o “grande respeito” que sente pelo cinegrafista morto. “Sou uma pessoa muito festeira, tudo o que ganho comemoro. Mas este prêmio será diferente, comemoro com muito respeito”, disse

Domingos Peixoto, de 50 anos, é profissional há 25 e conta com vários prêmios. Já ganhou o Rei da Espanha em 2003 com uma foto intitulada “Retrato do desemprego”, também publicada em O Globo.

Foto de Domingos Peixoto, vencedora do Rei da Espanha de 2003.

Foto de Domingos Peixoto, vencedora do Prêmio Internacional Rei da Espanha de 2003.

O prêmio é uma iniciativa da Agência EFE e da Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (AECID). O júri destacou a habilidade do fotógrafo no momento exato da explosão da bomba que causou a morte do repórter e, além disso, reconhece o risco e o valor dos jornalistas que em algumas ocasiões põem em perigo sua vida para realizar seu trabalho.

O vencedor de cada categoria será laureado com 6 mil euros e uma escultura do artista Joaquín Vaquero Turcios. O agraciado com o Prêmio Don Quixote de Jornalismo, entregue ao melhor trabalho que contribua para a comunicação e o mútuo conhecimento entre os povos ibéricos, recebe um valor de 9 mil euros.

Veja abaixo a lista de vencedores dos Prêmios Internacionais Rei da Espanha 2014:

Prêmio Don Quixote de Jornalismo: O ensaio “La Mancha Extraterritorial”, do escritor peruano Fernando Iwasaki, publicado no jornal chileno El Mercurio em 17 de agosto de 2014. Iwasaki, nascido em Lima em 1961, reflete no artigo sobre o espanhol, um idioma que considera útil para o turismo e para desfrutar de filmes, livros e músicas, mas irrelevante para o mundo do conhecimento. Iwasaki se pergunta se para evitar esse problema a resposta pode ser dada pelos escritores do que chama “La Mancha Extraterritorial”, que são os que escolheram como língua literária um idioma diferente ao seu materno. Por isso se refere a autores que, alheios ao espanhol por nascimento, optaram por este como idioma para sua literatura, caso de Max Aub, Vintila Horia, Alejo Carpentier e Roberto Arlt, que identifica com “La Mancha Extraterritorial”, que é “o único território onde a língua de Cervantes ainda é capaz de ‘aventuras'”. 

Prêmio Internacional de Jornalismo Rei da Espanha de Televisão: programa “Clube de imprensa”, da emissora colombiana “NTN24”, no qual jornalistas debatem a atualidade política latino-americana. Dirigido por Juan Carlos Iragorri, o programa premiado foi veiculado no dia 22 de novembro de 2013 e contava com uma entrevista com Bob Menéndez, presidente do Comitê de Relações Exteriores do Senado dos Estados Unidos. Na entrevista, Menéndez falou sobre questões como as conversas entre o governo colombiano e a guerrilha das Farc; a situação em Cuba e a aprovação da reforma migratória nos EUA.

Prêmio Internacional de Jornalismo Rei da Espanha de Rádio: “Guias turísticos sem-teto”, elaborado por Margarita Esparza Moles e veiculado em novembro de 2013. O programa de cinco minutos de duração foi veiculado pela emissora “Rádio Nacional da Espanha” (“RNE”).

Prêmio Internacional de Jornalismo Rei da Espanha de Fotografia: A série de três fotografias foi publicada no jornal O Globo com o título “Crime à liberdade de imprensa”. De autoria de Domingos Peixoto, imagens mostram o momento em que o cinegrafista Santiago Andrade é atingido na cabeça por um rojão.

Prêmio Internacional Rei da Espanha de Jornalismo Digital: O programa especial multimídia “Crianças da fronteira”, veiculado pela “Univision.com” em abril de 2014. O trabalho, elaborado por María Arce e sua equipe, aborda o drama de 50 mil menores não acompanhados que tentaram chegar aos Estados Unidos procedentes do México e da América Central.

Prêmio Internacional Rei da Espanha de Jornalismo Ambiental e Desenvolvimento Sustentável: “Viver sem água no planeta azul”, reportagem de Nuria Mejías Ruiz e José Luis Fernández Cabeza, com 13 minutos de duração, sobre a escassez de água e a sede que afetam milhões de pessoas no mundo todo, veiculado pela “Televisión Española” em 22 de março de 2014.

* Com informações da Agência Efe.