Filho de Eduardo Coutinho confessa assassinato, diz polícia do Rio


Por Igor Waltz*

04/02/2014


Eduardo Coutinho foi morto pelo filho no último domingo, 2 de fevereiro. (Crédito: Leo Martins / O Globo)

Eduardo Coutinho foi morto pelo filho no último domingo, 2 de fevereiro. (Crédito: Leo Martins / O Globo)

O filho de Eduardo Coutinho confessou à polícia ter matado o pai a facadas e esfaqueado também a mãe, Maria das Dores Coutinho, de 62 anos, que permanece hospitalizada. Daniel Coutinho, de 41 anos, foi ouvido pela Polícia Civil na noite de segunda-feira, 3 de fevereiro. O cineasta foi morto em casa no Jardim Botânico, na Zona Sul do Rio, na manhã de domingo, 2 de fevereiro

Daniel, que sofre de esquizofrenia, confessou que tinha medo de viver e pretendia praticar suicídio, mas não queria deixar os pais desamparados. Primeiro, ele atacou a mãe, Maria das Dores Oliveira. Em seguida, o pai. Após esfaquear os dois, ele deu duas facadas em seu abdômen.

O depoimento durou pouco mais de duas horas e foi prestado no Hospital Miguel Couto, na Gávea, na Zona Sul do Rio, onde Daniel está internado sob custódia. No entanto, detalhes do depoimento não foram revelados.

A Justiça converteu em prisão preventiva a prisão em flagrante. Daniel será transferido, assim que tiver alta hospitalar, para uma unidade psiquiátrica pela Secretaria de Administração Penitenciária. A conversão da prisão foi decretada pela juíza Nathália Magluta, no Plantão Judiciário. Segundo a magistrada, a custódia foi necessária para a garantia da ordem pública, da futura aplicação da lei penal e da instrução criminal:

“O indiciado foi apreendido logo após confessar, na frente de vizinhos, ter desferido contra seus pais golpes de faca, levando a óbito seu genitor e deixando sua genitora em grave estado de saúde no Hospital. Entendo que há necessidade de se resguardar a instrução, a fim de que as demais provas sejam colidas pela autoridade policial garantindo-se, ao final, a instrução criminal.”, concluiu a juíza.

Sobre a informação de que Daniel sofreria de esquizofrenia, o delegado Rivaldo Barbosa, titular da Divisão de Homicídios, reafirmou que apenas a perícia judiciária poderá confirmar isso e frisou que não há como estabelecer relação entre os fatos. “Não dá para comprovar [que ele seja esquizofrênico]. Não há relação direta entre doença mental e prática de crime. O que importa é que o crime foi esclarecido”, disse Barbosa.

Segundo o inspetor de polícia e psicólogo da Divisão de Homicídios Gilvan Ferreira, Daniel demonstra arrependimento. Ele está estável e lúcido. Logo após o crime, Daniel teria batido na porta de um vizinho, “não concatenando as ideias” nem “falando palavras corretas”, em um aparente surto, contou Barbosa.

Duas facas sujas de sangue foram apreendidas no quarto de Daniel e encaminhadas para perícia no Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE).

Enterro

O corpo de Coutinho foi enterrado às 16h20 desta segunda-feira. O velório começou às 10h30, na Capela 3 do Cemitério São João Batista, em Botafogo, também na Zona Sul. Dezenas de parentes, amigos e colegas de profissão se despediram de um dos principais documentaristas do país. Uma salva de palmas de quase cinco minutos marcou o adeus a Coutinho.

Maria das Dores foi transferida para uma unidade particular na segunda-feira, mas o nome do hospital não foi divulgado. Ela levou dois golpes de faca nos seios e três na barriga, além de sofrer uma lesão no fígado.

*Com informações do G1 e do jornal O Globo.