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Entrevista – Reali Jr.


04/10/2007


A paixão que não nasceu com a escrita

Marcia Martins
05/10/2007
 

Muitos começam na profissão devido à paixão pela escrita, pela leitura, ou pelo jornalismo propriamente dito. Pois a primeira paixão de Reali Jr. foi outra, bem diferente, e mesmo assim o levou a ser hoje um dos mais respeitados correspondentes no exterior.

Autodidata, Elpídio Reali Jr. — mais conhecido apenas por Reali Jr., ou Realinho, em algumas redações — aprendeu o ofício se espelhando em profissionais experientes. Na década de 70, mudou-se com a mulher e as quatro filhas para Paris, enfrentou dificuldades, mas adaptou-se à nova realidade. Passados 25 anos desde que se mudou para capital francesa, lança o livro “Às margens do Sena” e acredita que ainda tem muito para aprender. Mesmo assim, dá alguns conselhos preciosos para os que pretendem seguir a carreira de jornalista, especialmente como correspondente estrangeiro.

ABI OnlineVocê começou no jornalismo com apenas 16 anos. Como foi o ingresso na profissão?
Reali Jr. — Muito mais simples do que se pode imaginar. Não entrei por vocação ou a inspiração de uma criança voltada para a escrita. Não tinha nenhuma vocação de Rui Barbosa. Eu era apenas um jovem, recém-saído da adolescência, com apenas 16 anos e apaixonado pela namorada. Como queria casar, necessitava arrumar um trabalho. Fui procurar então um velho amigo da minha terra, Bauru, no interior de São Paulo, o Cesemiro Pinto Netto que, na época, era o Diretor da Rádio Pan-americana. Eu me candidatei a uma vaga de repórter esportivo, pois não tinha idade suficiente para a Política, apesar de já ter forte inclinação pelas coisas que envolviam o noticiário político. Aprendi jornalismo praticando-o no cotidiano, buscando exemplos nos mais velhos, lendo seus artigos, procurando, na medida do possível, contato com eles. Hoje os veteranos são pouco considerados por uma geração, apesar de terem deixado ou estarem deixando uma ampla bagagem de exemplos que merecem ser examinados. Cinco anos após conseguir o emprego, estava casado e com filha. Hoje são quatro filhas e continuo amando a mesma mulher. Costumo nos definir como um casal revolucionário nos tempos atuais.

                                        Arquivo pessoal

Reali Jr. (com microfone, à direita) em palanque 
com o então Governador Adhemar de Barros

ABI OnlineFoi difícil se manter no jornalismo sendo tão novo? 
Reali Jr. — Na época, o mercado era bem mais aberto, as dificuldades eram menores. Optei por construir uma carreira aos poucos, sendo bem orientado por homens como Fernando Vieira de Mello e Mauro Guimarães, no rádio, e Cláudio Abramo e Mino Carta, na imprensa. As oportunidades foram surgindo e passei a trabalhar também para a TV como repórter esportivo, depois de Política e Geral. Fiz um pouco de tudo. Fui conhecendo gente, aprimorando minha agenda de endereços, tecendo cumplicidades com fontes importantes. Hoje as coisas são bem mais difíceis, em razão da crise econômica que cortou uma grande parte dos correspondentes dos jornais brasileiros. Ironia da história. Na era da globalização, quando os jornais mais importantes espalham seus correspondentes por esse mundo afora, os brasileiros reduzem sua representação no exterior.

ABI OnlineFale um pouco sobre a sua trajetória profissional.
Reali Jr. — O primeiro impresso em que trabalhei foi o Correio da Manhã, um grande jornal nos anos 60, dirigido por Oswaldo Peralva, outro mestre do jornalismo brasileiro. Depois, em São Paulo, passei pelos Diários Associados e a sucursal do Globo, onde fui repórter político e chefe de Reportagem levado pelo Mauro Guimarães. Isso sem abandonar o rádio e a televisão. Passei pela TV Record, TV Tupi, Rádio Jornal do Brasil e Rádio Jovem Pan, onde me encontro desde aquela época até hoje. Foi a Jovem Pan que me enviou a Paris como correspondente. Depois ingressei no Estadão, do qual fui representante na capital francesa por 33 anos.

ABI OnlineComo aconteceu sua ida para Paris?
Reali Jr. — Em 1972, vivíamos os pesados “anos de chumbo” da ditadura e a Jovem Pan pretendia expandir seus serviços para os Estados Unidos e a Europa. Como eu já era o homem que a Direção sempre designava como enviado especial no exterior em ocasiões como a eleição de Georges Pompidou, em 1969, me candidatei ao cargo, pois as coisas estavam ficando pretas no Brasil. Repórter político sob censura não dava. As restrições eram cada vez maiores e a minha credencial para cobrir o Presidente da República já havia sido cassada. Aproveitei e vim para Paris. Para minha surpresa, o General Lyra Tavares, membro da junta militar que havia assinado o Ato Institucional nº 5, tinha sido nomeado Embaixador na França. Bela recepção. Mas tudo deu certo e pude realizar um trabalho interessante, pois a capital francesa era também a capital dos exilados brasileiros no exterior. Os governos franceses mostraram-se abertos para recepcioná-los, mas alguns ministros do Interior agiam ao contrário, colaborando com a polícia brasileira. 

Turma do Colégio Caetano de Campos (Reali, sentado, é o quinto da esquerda para a direita)

ABI OnlineComo era a busca da notícia assim que você chegou? Como eram produzidas as pautas?
Reali Jr. — No começo o trabalho foi quase artesanal pela falta de recursos materiais de um correspondente brasileiro. As primeiras emissões foram feitas de uma agência dos correios. Meu escritório era na minha própria casa. Primeiro fiquei não muito longe da Torre Eiffel. Depois optei por uma residência junto à Maison de la Radio, onde se encontram instaladas numerosas rádios francesas, às margens do rio Sena. Desde 1976 estou nesse mesmo apartamento, ao lado desse edifício que pode ser visto pelos turistas que passeiam de barco pelo Sena.

Mas além das dificuldades técnicas, havia as políticas também. Um correspondente brasileiro, por mais importante que venha a ser o órgão, não tem a mesma importância de um correspondente norte-americano, de um Washington Post, ou europeu, do The Guardian da Inglaterra, por exemplo. A luta é desigual. Os interesses, também. É preciso saber aproveitar as chances. Para conseguir uma entrevista, era preciso ficar atento a uma viagem do Presidente da República à França ou do Presidente francês ao Brasil. Na França, ao contrário de outros países, é preciso trabalhar muito para obter uma boa agenda de contatos. Em países como a Itália e a Alemanha, os centros de imprensa herdados do nazismo e do fascismo permaneceram, e hoje facilitam contatos democráticos. Naquela época, os jornalistas — correspondentes eram reunidos num mesmo local, com facilidades de transmissão, mas eram também mais bem controlados do que se estivessem espalhados.

Anos de chumbo: Brucutus lançam jatos de água nos manifestantes, nas ruas de São Paulo

É preciso muita determinação para se impor na França, onde as coisas melhoraram, mas ainda não são perfeitas. Para se conseguir uma credencial, demorava muito, às vezes seis meses, e o candidato a correspondente passava por interrogatórios no Ministério do Exterior e na policia. Depois as coisas se tranqüilizavam e você passava a ser chamado para entrevistas nos ministérios e podia participar do briefing do Quai D`Orsay — designação que muitos franceses associam ao Ministério das Relações Exteriores. Hoje, a burocracia melhorou, mas as dificuldades são mais ou menos as mesmas.

ABI OnlineA figura do pauteiro não fez falta?
Reali Jr. — Não. Para mim, o pauteiro é uma atividade nula, reivindicada pelos que nunca foram à luta, que nunca tiraram o “traseiro” da cadeira. Pauteiro não é jornalista , mas sim o homem que solicita o impossível para não obter nada. Não admito pauteiro que não tenha sido repórter, pois só esses sabem como as coisas são complexas e não comportam as facilidades da imaginação fértil, mas pouco realista, desse tipo de atividade. Como dizia o Claudio Abramo, pauteiro só deveria dar o nome do entrevistado interessado e se possível, o telefone. O restante o repórter faz. 

ABI OnlineComo foi a adaptação da família? Foi fácil passar a trabalhar em casa?
Reali Jr. — Para alguém que no Brasil chegou a ter quatro, cinco empregos, correndo de um para outro, não foi nada fácil. Afinal, saía de casa às 7h e voltava às 23h, quando não chegava de madrugada. No começo foi difícil, mas a vida mudou no exterior. As crianças, graças ao ensino francês, passavam o dia na escola. Por isso, quando chegavam da escola, era uma alegria; dava para interromper um pouco um texto para saudá-las — às vezes para dar bronca numa delas, devido a uma nota baixa. Trabalhando em casa, mesmo mergulhado no seu texto, há uma tendência em você se meter com problemas da casa com os quais não teria nada a ver. Quantas vezes ouvi Amelinha passar e dizer que ia preparar um espaguete al sugo para a noite e eu respondia de pronto: “Faz um picadinho que eu prefiro.” Já abria espaço para tomar uma bronca, pois não tinha que dar palpite nessas coisas. Nunca houve nada grave, mas depois de 35 anos, acho que o melhor é sair, trabalhar fora, e voltar para casa. Você aumenta o grau de liberdade de sua mulher não interferindo naquilo que não é de sua conta. No caso da Amelinha, ela não podia trabalhar, pois tinha que cuidar das meninas num país que não era o dela. Acabou sacrificando sua vida profissional para permitir a realização profissional do marido e das filhas. 

Anos de chumbo: Reali Jr. no meio grita; à sua direita, em pé, Ignácio de Loyola Brandão

ABI OnlineQual reportagem você destacaria como a mais importante da sua carreira?
Reali Jr. — A mais marcante da minha vida, pelo menos a de maior repercussão junto ao público, foi uma entrevista com Chico Xavier num programa da TV Tupi, “Pinga fogo”, apresentado pelo jornalista Almir Guimarães. Na época não existia ainda a transmissão nacional: o programa foi ao ar em São Paulo e passou a rodar o Brasil em videoteipe. Durante dois anos, a entrevista correu o País. O líder espírita recebeu, no próprio estúdio, o espírito do escritor Camilo Castelo Branco. Chico Xavier era honesto, simples e muito franco e impressionou os telespectadores. Hoje, esse vídeo foi recuperado e encontra-se à venda. No mesmo programa, Jarbas Passarinho, na época Ministro da Educação, reconheceu que havia tortura no Brasil e que não se podia esconder o sol com a peneira. Isso ocorreu na véspera de minha partida para a França e a notícia foi publicada com grande destaque pelo Le Monde. Era a primeira vez que um Ministro reconhecia a tortura na ditadura.

ABI OnlineVocê já correu risco em alguma reportagem?
Reali Jr. — Situação de perigo todos nós passamos, no Brasil, na Europa ou em coberturas mais sensíveis em qualquer parte do mundo. Todo correspondente tem histórias dessa natureza, mas isso é normal e inerente da profissão. Na guerra Irã-Iraque, na fronteira marcada pelo rio Chat el Arab, houve uma troca de tiros em Korranchar, cidade iraniana cujo controle havia sido anunciado pelos iraquianos. Noutra ocasião, houve um incêndio no hotel onde dormia em Oviedo, cidade da Galícia onde fui cobrir a entrega do Prêmio Astúrias ao Presidente Lula. Acabei sendo retirado pela escada magirus, mas, antes, abracei o computador que os bombeiros espanhóis não queriam transportar na operação. Mas vamos falar de outras coisas, pois passar por momentos perigosos faz parte do jornalismo e de outras profissões de risco.

ABI OnlineEntão vamos falar do seu livro. Como surgiu a idéia de fazer “Às margens do Sena”?
Reali Jr. — A idéia nasceu do Gianni Carta. Afinal, trabalhando 11 horas por dia, para o Estado de S.Paulo e a Jovem Pan, ficava difícil pensar em escrever mais alguma coisa. O pouco tempo que tinha antes de dormir, aproveitava para trocar conversa fiada com colegas e amigos, sempre acompanhada de um prato de macarrão e um bom Bordeaux ou Bourgogne — ou de um Montalcino, um Brunello ou um Montepulciano. O Gianni, que é um excelente correspondente, propôs que escrevêssemos a quatro mãos, nas horas de folga e sem pressa para a publicação. Assim foi feito. Foram mais de cem horas de depoimentos, porém muitas histórias e seus bastidores ficaram de fora. Gianni resolveu ouvir algumas pessoas citadas sobre os fatos que revelei. Mania de repórter de ouvir o outro lado, sempre necessário para uma boa apuração. De todos, só o Delfim Netto se recusou a prestar depoimento. Também, quem foi ouvi-lo logo de cara perguntou sobre o Relatório Saraiva. Nosso ex-Ministro, mago das finanças, refugou diante do obstáculo. A seleção foi feita de comum acordo, mas não havia espaço suficiente para tudo — afinal, o livro já tem 320 páginas. Sobraram algumas apetitosas histórias desses 35 anos de Paris e mesmo passagens brasileiras interessantes, talvez suficientes para escrever um outro, “Rive Droite et Gauche de la Seine”.

ABI OnlineQual a sensação de ver pronto o livro com os bastidores das suas reportagens?
Reali Jr. — A sensação para um novato foi muito boa. Talvez pelo não esperado êxito editorial do livro. Achamos que ia agradar, a jornalistas, estudantes de Jornalismo e ouvintes que me acompanham pela Jovem Pan. Graças a amigos da mídia, o livro já explodiu na noite de autógrafos, com 730 exemplares vendidos. Outros 500 exemplares haviam sido reservados pela Ediouro e enviados à nova Livraria Cultura de São Paulo. E 230 foram vendidos em consignação, mas com direito a autógrafos. Isso nos obrigou, eu e Gianni, a passar o dia seguinte assinando os livros. Outros 50 foram enviados a Paris, para depois voltar ao Brasil devidamente autografados.

ABI OnlineO outro livro que daria para fazer já é um projeto certo?
Reali Jr. — Por enquanto, estou enfrentando um outro desafio: minha própria saúde. Mas, vencido esse episódio, espero poder pensar em alguma coisa, ainda não decidida. Talvez aprofundar um pouco mais minha experiência na Europa, o trabalho feito, as mudanças que ocorrem no jornalismo e os novos desafios de um correspondente, que já não são os mesmos anteriores. Antes, um bom correspondente necessitava de algumas qualidades, falar línguas, ter bom conhecimento geral, muita disposição e determinação para vencer os obstáculos. Hoje, na era da internet, as exigências são maiores — a começar por uma boa formação de informática — e a concorrência, também. 

 Reali em coletiva com Prestes Maia

ABI Online Seu livro não trata apenas de reportagens e seus bastidores: traz um verdadeiro guia gastronômico. Como surgiu a idéia de abordar esse tema?
Reali Jr. — “Às margens do Sena” é a história de uma trajetória ou de uma vida. As viagens e companhias mais interessantes, e certas passagens entre gastrônomos, no caso, eu, o Luis Fernando Verissimo, Lúcia e Amelinha. Precisava tratar das férias, dos dias de folga de um correspondente, ou o livro estaria incompleto Ora, quando falo dos lugares por onde passamos, dos lugares em que comemos, tinha obrigação de citar seus nomes, pois seria frustrante para o leitor não obter a informação sobre um restaurante ou um hotel onde poderia comer ou se hospedar numa eventual passagem pelo local. Por que esconder do leitor um lugar onde eu e o Luis Fernando comemos bem? Não se trata de uma guia, mas de algumas dicas que valem o “détour”, como dizem os franceses. Este foi o nosso objetivo: passar a boa informação de forma completa. 

           Entrevistando Jânio Quadros

ABI OnlineApós 25 anos vivendo uma realidade diferente, você acha que daria para voltar a fazer jornalismo no Brasil hoje?
Reali Jr. — Acho que dá, pois não sou um homem desligado do País. Nunca deixei de acompanhar de perto todos os acontecimentos políticos e de outra natureza que possam ter ocorrido no Brasil. Como digo no começo do livro, sempre estive ligado. Na votação das diretas, tomei um avião e fui para Brasília só para assistir às negociações e à votação naquele momento delicado de nossa vida político-institucional. Agora, com a internet , isso não é mais necessário, mas passo uma boa parte do tempo seguindo os escândalos, as disputas no Congresso, no Supremo, e participo da luta contra o amianto no Brasil — uma vergonha. Apesar de estar fora durante todo esse tempo, conheço São Paulo como a palma de minha mão. Aprendi a conhecer essa cidade feia, mas cuja feiúra eu adoro.

ABI OnlineVocê acompanha a imprensa em dois países bem distintos. Como analisa o jornalismo no Brasil e na França?
Reali Jr. — Aqui na França, acompanho as mudanças da imprensa, a profissionalização de certos jornais e a invasão dos grandes grupos industriais e financeiros na mídia, o que acontece de forma desastrosa aqui na Europa e tende a se repetir no Brasil. Jornais como Le Figaro, Le Monde, Libération estão passando das mãos de famílias ou de grupos de jornalistas para grandes corporações, muitas vezes ligadas à venda de armas ou à fabricação de aviões de combate. É o caso, por exemplo, do Figaro, controlado pelo grupo Dassault, e do Libération , fundado por Jean Paul Sarte e hoje nas mãos da família Rothschild. O Brasil, a médio prazo, não vai escapar disso. 

 Reali Jr. e Luis Fernando Verissimo

ABI OnlineJornalismo é uma das carreiras mais concorridas nos vestibulares, e muitos universitários sonham ser correspondentes. Que dica você daria a eles?
Reali Jr. — Aos novos jornalistas, digo que tudo é possível. Muita coisa mudou, mas ainda é preciso ter muita determinação. Uma vez, o ex-correspondente da Folha de S. Paulo Caio Túlio Costa me confessou que, como Secretário de Redação, criticou muito o trabalho dos correspondentes e só quando ocupou esse lugar pôde constatar que a tarefa não era fácil. Aí no Brasil, nas grandes redações, toda uma estrutura funciona a favor do redator, do enviado especial ou do repórter. No exterior, essa estrutura é de responsabilidade do jornalista — no caso de uma cobertura externa, por exemplo, da reserva da passagem e do hotel ao passaporte e o visto. Essa parte administrativa, o repórter desconhece no Brasil — e ela dá trabalho e toma tempo. Muitas vezes, por problemas de fuso horário e outros, há pouco tempo para apurar e escrever. No país onde você vive, é preciso criar sua rede de informantes. Na França, muita coisa funciona numa mesa de restaurante — e isso significa despesa. Enfim, são tantas as coisas, simples e complexas, que devem ser supervisionadas ao mesmo tempo que tem gente que desiste na metade do caminho. Uma coisa posso dizer: aprendi muito durante todo esse tempo na Europa.