Em manifesto, Snowden defende os vazamentos de dados secretos


Por Igor Waltz*

04/11/2013


Edward Snowden Foto: "The Guardian"

Edward Snowden Foto: “The Guardian”

Em uma carta aberta publicada na revista alemã Der Spiegel, o ex-técnico da CIA Edward Snowden convidou a população de todo o mundo para colocar limites legais à espionagem massiva e sistemática. O ex-analista, procurado em seu país por ter revelado informações sobre a Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos, considera que a vigilância em massa é um problema global que requer uma resposta imediata.

“Nós temos a obrigação moral de nos preocupar que as nossas leis e os nossos valores limitem os programas de espionagem e protejam os direitos humanos”, informou o texto, que alerta contra acordos rápidos que podem proibir o debate público.

Sob o título “Um manifesto pela verdade”, a revista indica que Snowden escreveu o texto em 1º de novembro em Moscou e que ele foi enviado para a sede da revista por meio de canal encriptado. No texto, Snowden diz ainda ser vítima de perseguição “injusta” e defende que a divulgação de documentos secretos terá um grande aproveitamento, pois devido ao seu conhecimento público, estão sendo propostas reformas legais e novos métodos de supervisão.

O ex-técnico da CIA ressaltou que é um erro depositar confiança aos governos na tomada de decisões sobre a espionagem e seu controle. Diante disso, ele propõe a criação de novos organismos independentes.

Segundo ele, alguns governos que se sentiram em um primeiro momento “desmascarados” pelas revelações de espionagem lançaram, em seguida, “uma campanha sem precedentes de perseguição”, a fim de impedir qualquer debate. “Quem diz a verdade não comete um crime”, diz.

Quinta-feira, 31 de outubro, Snowden se reuniu com o deputado alemão Hans-Christian Stroebele em um local não revelado em Moscou após a publicação de documentos comprovando que a NSA grampeou o telefone celular da chanceler Angela Merkel. Segundo Stroebele, Snowden expressou seu desejo de depor ante o Congresso alemão.

Sem clemência

Um alto funcionário da Casa Branca e vários congressistas americanos afirmaram que não haverá clemência para Snowden. O assessor da Casa Branca Dan Pfeiffer e os presidentes das comissões de Inteligência do Senado e da Câmara de Representantes fizeram a afirmação depois que Stroebele divulgou a intenção do ex-técnico de testemunhar para as autoridades alemãs.

“O sr. Snowden violou as leis dos Estados Unidos. Deveria retornar aos Estados Unidos e enfrentar a justiça”, disse Pfiffer. “O presidente está frustrado pelos vazamentos. Odeia os vazamentos. Todo mundo odeia. Acho que todos que vazarem dados têm que pagar um preço”, acrescentou.

*Com informações do Portal Imprensa, EFE, Portal Terra e revista Exame.