Egito comemora renúncia de Mubarak


11/02/2011


O Presidente do Egito, Hosni Mubarak, 82 anos, renunciou ao cargo nesta sexta-feira, 11. O anúncio foi feito pelo vice-presidente Omar Suleiman, em pronunciamento na TV.
 
“Nessas circunstâncias difíceis pelas quais o país está passando, o Presidente Hosni Mubarak decidiu deixar a posição da presidência. Ele encarregou o Conselho das Forças Armadas a dirigir as questões do Estado”, disse Suleiman.
 
Centenas de milhares de pessoas comemoraram o fim da ditadura de 30 anos nas ruas do Cairo e de outras cidades do Egito.

As manifestações exigindo a saída de Mubarak tiveram início em 25 de janeiro. Ao longo de 18 dias, os protestos se intensificaram provocando a morte de mais de 300 pessoas e deixando cerca de cinco mil feridos. 

Jornalistas estrangeiros também foram alvos da violência dos partidários de Mubarak. Dezenas de repórteres, cinegrafistas e fotógrafos sofreram ataques, espancamentos, seqüestros, prisões e tiveram os equipamentos apreendidos. Dois jornalistas brasileiros da empresa EBC foram expulsos do país, após permanecerem presos durante 18 horas na delegacia do Cairo, em uma sala sem janelas e sem acesso à água.

A Irmandade Muçulmana, principal grupo opositor ao Governo egípcio, parabenizou o povo e o Exército pela renúncia de Mubarak. 

“Nós podemos finalmente ir para casa!”, disse chorando Mohammed Ibhahim, 38 anos, um dos organizadores dos protestos. “Estamos aqui há 18 dias esperando ele ir embora e conseguimos.”

Segundo Mohammed Abdellah, porta-voz do partido Nacional Democrático, vinculado ao ditador, pouco antes do anúncio da renúncia, Mubarak seguiu para o balneário de Sharm el Sheij, no Mar Vermelho, a 400 km do Cairo, onde tem uma residência.  

Nesta quinta-feira, 10, Mubarak havia anunciado a transferência de seus poderes a Suleiman e reafirmou a intenção de permanecer no poder até o mês de setembro, quando serão realizadas as eleições no país.

Horas antes do discurso, uma onda de boatos anunciava a disposição do ditador em renunciar. Os manifestantes, que chegaram a comemorar o fato, reagiram com fúria à notícia da permanência de Mubarak. Pressionado pelos manifestantes e pela comunidade internacional, o ditador deixou a Presidência do Egito.

O Governo da Suíça anunciou que vai congelar os possíveis bens de Mubarak ou de sua família no país. No fim de 2009, os depósitos egípcios nas contas dos bancos suíços totalizavam US$ 3,6 bilhões de francos suíços(cerca de US$ 3,5 bilhões), de acordo com o Banco Nacional do Egito.

*Com informações de O Globo, G1, Último Segundo, Reuters.