Diploma-1: Aplausos à posição da ABI


19/06/2009


A ABI tem recebido inúmeras mensagens de apoio à posição que adotou em repúdio à decisão do Supremo Tribunal Federal que cassou a obrigatoriedade da conclusão do curso de Comunicação Social para exercício da profissão de jornalista. Umas extensas, outras bem objetivas, as mensagens têm o tom de indignação expressa pelo jornalista Antônio Carlos Ribeiro num e-mail em que declara que “a decisão do Supremo é a consagração do obscurantismo”. 


Entre as mensagens recebidas figuram estas: 

De Antônio Carlos Ribeiro, jornalista:
“A decisão do Supremo é a consagração do obscurantismo.
Claro que todos podem errar, mas no caso do STF o erro é supremo!
Se a medida valesse apenas para o diploma de direito do Instituto Brasiliense de Direito Público, de propriedade do Ministro Gilmar Mendes, onde ensinam os professores Eros Roberto Grau, Carlos Ayres Britto, Carlos Alberto Menezes Direito, César Peluzo e a senhora Cármen Lúcia Antunes Rocha, faria sentido!” 

De Marcelle Corrêa, estudante de Jornalismo:
“Sou estudante de Jornalismo e assim como todos os estudantes e profissionais de jornalismo estamos revoltados com a decisão dos ministros do STF. Por isso estou aqui, lhe pedindo um apoio na passeata que iremos fazer na segunda feira no Centro do Rio.
Já temos o apoio do Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio de janeiro!
Precisamos que alguém com representatividade como o Senhor esteja presente!
VAMOS NOS MOBILIZAR!!!
JORNALISTA SEM DIPLOMA É IGUAL PAÍS EM COMA!
PASSEATA
DIA : 22.06.09
HORÁRIO: 10HRS
LOCAL: CONCENTRAÇÃO EM FRENTE AO PRÉDIO DA ABI E SEGUIREMOS PELA RIO BRANCO ATÉ O PALÁCIO TIRADENTES
TRAJE: ROUPA PRETA ( PREFERENCIALMENTE) , E LEVAR UM DIPLOMA E UM APITO.
VAMOS DIVULGAR POIS NÃO TEMOS TEMPO A PERDER!!!” 

De Rosângela Magalhães de Amorim, jornalista e sócia da ABI:
“Estou triste com a determinação do STF, no tocante à exigência de diploma universitário para o exercício da profissão de Jornalista.
É um absurdo o ministro alegar que todos que têm talento para escrever podem desempenhar a função com eficácia.
Todos estamos cônscios de que, antes de 1969, centenas de jornalistas se destacaram, numa época em que não era exigido curso de Comunicação Social; bastava a vocação, o chamado “faro” jornalístico. Tudo bem, jamais subestimaria (e sequer é essa minha intenção!) os que possuem esse dom.
Só que as pessoas esquecem de que, no Jornalismo, existem várias funções que precisam de certas técnicas, sim, e que não basta apenas escrever bem. Realmente, não é na faculdade que se aprende a redigir. Tudo depende da base (leia-se o antigo primário, hoje Ensino Fundamental, prática da boa leitura….)
O povão e até coleguinhas nossos, ao “assinar embaixo” a decisão do tribunal e alguns órgãos de interesse, como TV Globo etc só lembram da figura do Repórter de TV ou rádio, que, requer um agudo senso de desenvoltura e capacidade de memorizar informações.
E o redator? Será que, a despeito de ele ser um exímio escritor, saberia fazer uma nota especificamente para rádio, TV e fazer reportagem para jornal ou revista?
E o cargo de Assessor de Imprensa, por exemplo, saberia esse redator eficiente e de outras áreas fazer um “release” acerca de um produto ou serviço, a fim de lançá-lo na mídia?
Será que ele sabe o que é um “release”? Será que ele saberia empregar políticas de comunicação, diante de uma crise em empresas? E comunicação corporativa? O leigo sabe fazer uma comunicação interna? Saberia fazer um planejamento de Marketing, por exemplo? Agora, com a internet, quem aprendeu a fazer matéria para TV sabe que é tão objetiva e reduzida, quanto para televisão.
Segundo o ministro, sim.
Poderia fazer várias citações, mas prefiro parar por aqui e registrar minha indignação para com o STF e parabenizar as Organizações Globo, pela orquestração no sentido de desobrigar a exigência de diplomas.
Isso é Brasil.
PS. Felizmente, existem deputados sérios como o Miro Teixeira, que pensa em propor ao Congresso uma Regulamentação da profissão, com base na nova medida.” 

De Solange Ramos, jornalista:
“Por favor, vamos todos participar desse protesto. Não vamos baixar a cabeça para essa arbitrariedade. Vamos mostrar que não vamos deixar isso barato!
Infelizmente, depois de 40 anos de muita luta, sangue, suor e conquistas, vamos voltar tudo novamente!!!! Tenho certeza que não vai ser em vão….
Jornalistas diplomados unidos, mais do que nunca!!!!!
Protesto confirmado no RJ!!!
DIPLOMA DE JORNALISMO: SIM!
RJ – Dados confirmados
Concentração: ABI
Horário: 10h
Data: 22/06/09
Usar Traje preto, levar um canudo simulando diploma, cartazes.
O movimento vai andar da ABI até o Palácio Tiradentes.
Nessa comunidade tem informações sobre manifestos em outras cidades.
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=91159985
OBS: PARA QUEM AINDA TRABALHA COM JORNALISMO, FICA DIFÍCIL PARTICIPAR DE UMA MANIFESTAÇÃO 10H, EM UMA SEGUNDA-FEIRA. FICA A DICA. MAS TEMOS QUE SACRIFICAR MUITAS COISAS A PARTIR DESSA DECISÃO ARBITRÁRIA DO STF…
POR FAVOR, ENCAMINHAR ESSE E-MAIL PARA O MÁXIMO DE PESSOAS POSSÍVEL” 

De Ana Purchio e Barros, jornalista:
“Eu me indignei com a decisão dos sete juristas no último dia 17. E estou movimentando vários jornalistas deste País. Precisamos reagir. Conto com essa associação, estamos do lado de vocês! Diploma sim!
Nós merecemos respeito!”
“Amigos, bom dia! Reescrevi meu protesto em forma de artigo e estou passando ao Júlio Ottoboni (Jornal do Brasil) que vai tentar colocar no Observatório de Imprensa. A todos os meus amigos de verdade, reflitam sobre o meu texto de hoje. É impossível deixarmos a nossa veia jornalística, a nossa crença na profissão, ser decidida por outros. Eu não quero fundar uma CUT, eu quero ver a nossa história contada por nós mesmos. Foi para isso que eu me formei, porque eu sempre acreditei em minha profissão, sem idealismos. Nós somos jornalistas sérios e temos de ser respeitados! E para os amigos que não são jornalistas, se conhecerem algum, repassem! Obrigada.

Júlio, bom dia! Fiz em forma de artigo mas acrescentei algo em virtude da Kátia Brasil, a ex-correspondente do Estadão em Manaus, me dizer que jornalistas de lá estão gostando do meu texto e apoiando a iniciativa. Jocelin de Marília também se pronunciou e disse que vai dar no Jornal da Manhã. Celso Falaschi de Campinas disse que sou corajosa e que precisamos reagir… Wanderley Midei pediu a autorização para colocar no Blog dele todos os textos protestos que produzirmos, enfim… Também acrescentei o lado político, já que Palocci e amigos foram absolvidos e tudo arquivado. Independente de partidos, a verdade precisa ser esclarecida, seja na hora da democracia ou na “ditadura”! Ione Amorim lembrou dos jovens que estão nas faculdades, o que dizer a eles?” 

De Fernando Zuba, jornalista e sócio da ABI:
“Durante muito tempo, filho de um veterano jornalista que sou, e, diga-se de passagem, que não tem formação superior, passei noites inteiras discutindo com o ?velho? sobre a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão. O ?velho?, já calejado, cansado da labuta, que foi até correspondente de guerra, afirmava impiedosamente que, o que valia mesmo era o talento, a vocação. E confesso, por um momento acreditei. E tratei de requerer o meu registro ?precário?.
O passo seguinte foi buscar um ?lugar ao sol?. Pois também acreditei igualmente que, após mais de vinte anos acompanhando um experiente profissional, nos mais diversos segmentos da comunicação, como a redação do extinto Jornal de Minas, os estúdios das Rádios Capital e Mineira, e diversas assessorias de imprensa, entre elas Fiemg e OAB-MG, além de outras tantas campanhas políticas, estava preparado para encarar qualquer desafio. Ora, tinha mais horas de viagem que muito piloto experiente e devidamente graduado, ou habilitado. Já sabia que era primordial escrever no Lead, quem, o que, quando e onde. Ouvir os dois lados. Bastava então colocar em ação, a ?prática e o talento?.
Quanta imaturidade, inocência e despreparo. Posso dizer, sem medo, sem modéstia, que apanhei feito gente grande. Faltava muita coisa. O trabalho realizado pelo jornalista necessita muito mais do que experiência, e o legado repassado pelo veterano, minha culpa, minha máxima culpa, não foi o bastante. A profissão Jornalista exige, sim, e em grandes doses, compromisso com a sociedade, responsabilidade, ética, dignidade e respeito. E sem técnicas, conhecimentos específicos, uma base sólida, é impossível exercer a profissão.
Fato é que resolvi estudar, conquistar não só a graduação, o diploma, mas entender do assunto. Os direitos e deveres, e, principalmente, os reflexos do exercício da profissão. Daí vem um relator dizer que os danos a terceiros não são inerentes à profissão de jornalista e não poderiam ser evitados com um diploma. Que as notícias inverídicas são grave desvio da conduta e problemas éticos que não encontram solução na formação em curso superior do profissional. O ministro Lewandowski enfatizou o caráter de censura da regulamentação, que o diploma era um “resquício do regime de exceção”, que tinha a intenção de controlar as informações veiculadas pelos meios de comunicação, afastando das redações os políticos e intelectuais contrários ao regime militar. Ele não lê jornais! E quem ele pensa que está à frente dos sindicat os?
No país marcado pelo analfabetismo, cerca de 20 milhões, tal atitude serve como desestímulo, causa desânimo, náusea, nojo. Jornalistas profissionais: *1969 / +2009” 

Fárah Mausur Miguel, jornalista e sócia da ABI:
“COLEGAS!!!
INDIGNAÇÃO TOTAL!!!
É UM ACINTE… É REVOLTANTE. DESRESPEITO TOTAL E ABSOLUTO.
QUE “JUSTIÇA” É ESTA NO BRASIL? É UM ESCÁRNIO À NOSSA CONDIÇÃO DE PROFISSIONAIS DIPLOMADOS E DE CIDADÃOS.
E VAMOS NO CALAR??????????????????????????? NUNCAAAAAAAAAA!!!
POR FAVORRRRRRR!!! LEIAM AS ABERRAÇÕES … Deboche total…
EXTREMAMENTE REVOLTANTE!!! INDIGNO.” 

De Jorge Mariano, estudante de Jornalismo:
“E agora, mais do que nunca, os jornalistas foram completamente desvalorizados no Brasil. Os argumentos apresentados foram vários. Tudo para tirar o diploma de quem ficou anos na faculdade, estudando para poder realizar um trabalho com qualidade e ética.
De acordo com Tais Gasparian, advogada do Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão do Estado de São Paulo (Sertesp) a obrigatoriedade do diploma é institucional, pois vai contra os conceitos de livre pensamento e liberdade de expressão. Tais disse ainda que a profissão não depende de conhecimentos técnicos.
“A profissão não depende de um conhecimento técnico específico. A profissão de jornalista é desprovida de técnicas. É uma profissão intelectual ligada ao ramo do conhecimento humano, ligado ao domínio da linguagem, procedimentos vastos do campo do conhecimento humano, como o compromisso com a informação, a curiosidade. A obtenção dessas medidas não ocorre nos bancos de uma faculdade de jornalismo”, disse.
Sendo assim, a profissão de advogado também não precisa de diploma, já que não tem um conhecimento técnico específico. Basta conhecer alei e saber argumentar.
Um advogado não precisa saber o que é um lead ou uma linha fina.Não precisa saber como se portar na televisão ou no rádio. Não é necessário para um advogado distinguir uma crônica, um artigo, uma crítica ou um simples texto factual. E pelo jeito, para o jornalista também não.
Se o diploma de Direito fosse derrubado, Tais Gasparian teria a mesma opinião?
Surpreendentes também são as declarações de Paulo Tonet Camargo,diretor do comitê de relações governamentais da Associação Nacional de Jornais(ANJ) e de Daniel Pimentel Slaviero, da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV (Abert).
Para Tonet, “a decisão consagra no direito o que já acontecia na prática, ou seja, não modifica a situação atual. A ANJ continua prestigiando os cursos de jornalismo e reconhecendo a validade do diploma de jornalismo. Mas o que estava em jogo no Supremo era o diploma como pré-requisito para o exercício da profissão”.
Já Slaviero afirmou que o diploma era um obstáculo para a profissão. “Continuamos a entender que o diploma e o desenvolvimento dos cursos de jornalismo continuam sendo importantes, mas a Abert via [a obrigatoriedade do diploma] como uma camisa-de-força”.
No entanto, a pior declaração de todas foi de Antonio Fernando de Souza, procurador-geral da República, ao dizer que a obrigatoriedade do diploma pode prejudicar a informação do leitor. “Não se pode fechar os olhos para o fato de que jornalismo é uma atividade multidisciplinar e que muitas notícias e artigos são prejudicados porque são produzidos apenas por um jornalista especialista em ser jornalista, sendo que em muitos casos essa informação poderia ter sido produzida por um jornalista com outras formações,com formação específica em medicina, em botânica, com grande formação acadêmica, mas que não pode exercer o jornalismo porque não tem diploma. Não se pode desprezar esse contexto”, disse.
Souza desprezou completamente a profissão de jornalista.É diferente quando se fala de pessoas que contribuem para meios de comunicação com textos sobre áreas mais específicas, como medicina, por exemplo.Porém,quando se trata da notícia, ninguém está mais bem preparado que um jornalista formado para transmiti-la.
O jornalista não precisa apenas do “compromisso com a informação e da curiosidade”, como disse Teresa Gasparian. É necessário que o profissional do jornalismo disponha de conhecimentos de ética, muitos conhecimentos técnicos sobre como elaborar textos, produzir material para televisão, rádio. Como operar os equipamentos necessários à realização de suas atividades. O jornalista precisa saber como se relacionar com suasfontes,precisa saber seus limites, assim como a hora de extrapolá-los.
É inaceitável que uma decisão como essa seja aceita de boca fechada pela sociedade e principalmente pela classe dos jornalistas e estudantes de jornalismo. Todo o esforço realizado para poder assumir o compromisso de transmitir a informação não pode ser deixado de lado. A credibilidade, a ética e a qualidade da profissão não podem ser simples mente esquecidas como fizeram os ministros Gilmar Mendes, Carmen Lucia, Eros Grau,Ricardo Lewandowski, Ayres Britto, Cezar Peluso, Ellen Gracie, Marco Aurélio e Celso Mello.
Assim, fica uma dúvida: em que se basearam os ministros do supremo para tomar tal decisão? Pressões? Interesses políticos? Interesses econômicos? Pelo jeito, foi apenas no “sábio discernimento” do ministro Gilmar Mendes.” 

De Lívia Lamblet, estudante de jornalismo:
“Sou estudante de Jornalismo e, como muitos, estou indignada com o fim da obrigatoriedade do diploma.
Na comunidade DIPLOMA DE JORNALISMO: SIM !!! (http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=91159985), no orkut, estamos convocando pessoas a participarem de uma passeata contra a decisão do STF.
Gostaríamos do seu apoio, pois pretendemos realizar protestos em vários Estados.” 

De Alcyr Cavalcanti, jornalista, membro do Conselho Deliberativo da ABI:
“Senhor presidente acredito tenha sido mais um retrocesso partindo de uma elite de um país imerso em contradições. Parabéns pela tomada de posição”