Desmonte da Cultura no debate no Macunaíma


08/04/2021


Ernesto Araújo confiscou revista sobre Independência

Toda a edição da Revista 200 sobre o bicentenário da Independência do Brasil, que acontecerá em 2022, foi confiscada e perdida dentro do Itamaraty por ordem do ex-Ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. O desabafo do diplomata Paulo Roberto de Almeida, editor da revista, aconteceu durante o debate no Cineclube Macunaíma sobre o documentário Preto no Branco, de Silvio Tendler, que analisa a obra de Hipólito da Costa, considerado o pai do Jornalismo brasileiro e que editou o Correio Braziliense.

O diplomata, com 42 anos de carreira, foi demitido, em março de 2019, do cargo de diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI) e alocado na Divisão de Comunicações e Arquivo com funções burocráticas. Ele e a historiadora e biógrafa de Hipólito da Costa, Isabel Lustosa também presente ao debate, lembraram que o ex-ministro é filho de um censor da ditadura, à época do governo Geisel.  Participaram ainda o diretor do filme, Silvio Tendler; o cineasta e acadêmico da ABL, Cacá Diegues; e Ricardo Cota, como mediador.

DEBATE

Isabel Lustosa acredita que existe um projeto do desmonte cultural do Brasil.

 – A turma entrou no Ancine e retirou todos os cartazes de filmes que cobriam as paredes. Esse governo quer acabar com nossa memória, com a nossa cultura que eram valores do Hipólito da Costa. O Bolsonaro colocou militares em postos chaves e também na Polícia Federal.

Paulo Roberto, que já ocupou cargos importantes, inclusive como adido em Washington, acredita que a área cultural deve se movimentar.

– Não podemos esperar as eleições de 2022 – e aconselhou a Silvio Tendler a fazer documentário sobre a Semana de Arte Moderna que faz 100 anos em 2022 e os 200 anos da Independência. Silvio lembrou ainda da criação do Partido Comunista e de Mario de Andrade, criador do Macunaíma.