Depoimentos dos amigos


15/08/2007


“Sempre tive um contato amigo com Joel. Eu o conheci quando era repórter do Segundo Caderno, do Globo. Depois de sair do jornal e fundar minha editora, fui procurada por ele, que me deu o texto de ‘II Guerra: momentos críticos’, o primeiro livro dele editado pela Mauad. Joel teve uma experiência excepcional, uma trajetória que deve ser conhecida pelos estudantes de Jornalismo. Juntava à informação jornalística um texto gostoso, de bom conteúdo e com fluidez. É uma grande perda para o jornalismo brasileiro.”

Isabel Mauad, jornalista e proprietária da Mauad Editora 

“Durante muitos anos juntos na Manchete, pude sentir que estava diante do maior repórter brasileiro, não pela experiência acumulada na cobertura da II Guerra, mas pelas grandes matérias que ele produziu para a revista. O Brasil perde um grande escritor, um grande amigo e um grande jornalista.”

Arnaldo Niskier, jornalista e membro da Academia Brasileira de Letras 

“O que fica? Um excepcional trabalho jornalístico: os textos de Joel sobre a guerra são clássicos. Páginas como a descrição do encontro com Getúlio Vargas. O Joel que fica é o repórter talentosíssimo, o precursor brasileiro do chamado novo jornalismo, a ‘víbora’ divertida e ferina. Joel foi mestre e amigo. A morte é, como sempre, uma piada de péssimo gosto. O Joel de nossas lembranças vai ser sempre o que se revelava em conversas como a entrevista que fiz com ele em 2004.”

Geneton Moraes Neto, repórter especial do “Fantástico” 

“Tive três grandes amigos que, coincidentemente, participaram comigo da cobertura da II Guerra: o Rubem Braga, o Egydio Squeff e o Joel Silveira, com quem convivi por bastante tempo na Última Hora, onde se tornou braço direito de Samuel Wainer. Foi um grande jornalista e amigo. Lamento que, de todos os companheiros do tempo como correspondente da Força Expedicionária Brasileira, agora reste apenas eu. A última vez que vi Joel foi na ABI, durante a entrega de algum prêmio a ele. Estou triste, a saudade dói.”

Moacir Werneck de Castro, jornalista e escritor 

“Pessoalmente, fui conhecer o Joel Silveira há dez anos quando organizei o livro ‘Repórteres’, para o qual ele fez um texto brilhante sobre o jornalismo que conheceu da década de 1940 até os dias atuais, quando as redações foram informatizadas. Foi ele também que, recentemente, escreveu a apresentação do meu livro sobre Graciliano Ramos. Mas já o conhecia desde os tempos em que eu me iniciei no jornalismo, pela leitura dos seus textos que sempre foram uma grande referência para mim. Joel Silveira foi repórter até o fim e criou uma maneira peculiar de contar suas histórias, que não ficavam nada a dever aos textos das grandes estrelas da imprensa mundial, como Truman Capote e Gay Talese. Com a memorável reportagem ‘A milésima segunda noite na Avenida Paulista’ — que ele fez sobre o comportamento da alta sociedade paulista daquele período —, Joel provou que o elogiado modelo de jornalismo norte-americano introduzido no Brasil a partir dos anos 60 não era uma coisa nova.”

Audálio Dantas, Vice-presidente da ABI 

“Eu e o Joel Silveira fomos uns dos primeiros jornalistas a pisar em Brasília, para fazer uma reportagem sobre a Capital da República, cumprindo uma pauta a pedido do Adolpho Bloch para a revista Manchete. Me lembro que desembarcamos de avião em Anápolis e depois seguimos de carro até o Distrito Federal. O Joel Silveira era um grande repórter, como pessoa humana era gentil e amigo, sempre ajudando os fotógrafos que trabalhavam com ele. Eu também o admirava porque ele não tinha papas na língua, não admitia coisas erradas.”

Gervásio Batista, repórter-fotográfico da Radiobrás 

“Nós dois pertencemos a uma geração de jornalistas que começou os seus tempos quando a Capital funcionava no Palácio Tiradentes. Então, começamos uma grande amizade e coleguismo todo especial, na época áurea da democracia brasileira, entre os anos de 1950 e 1960. Com o Congresso funcionando no Rio com sessões inesquecíveis de grandes debates entre admiráveis, como Adauto Cardoso, Aliomar Baleeiro; Prado Kelly, os dois Mangabeira, Otávio e João, os dois Cunha, Vieira de Melo e Raul Pilla e Mário Martins. Nós, no Comitê de Imprensa da Câmara, tínhamos acesso direto a todos eles ali no plenário e o Joel se destacou como um dos nossos repórteres mais competentes.

Pouco antes ele fora escolhido por Assis Chateaubriand para acompanhar a ida da Força Expedicionária Brasileira (FEB) para lutar na Europa. Chateau chamou-lhe no gabinete e disse: ‘Seu Joel, estou precisando muito que o senhor me vá à Europa cobrir essa FEB, mas por favor não me morra, porque repórter não é para morrer e sim para mandar notícia.’ 

Joel foi depositário de muitos anos de atuação permanente da imprensa brasileira. Dele vamos sentir muita falta e saudade imensa.”

Murilo Mello Filho, jornalista e membro da Academia Brasileira de Letras 

“Joel Silveira foi o maior repórter brasileiro dos últimos 50 anos. E foi importante também como escritor, contista e um lutador pelas liberdades democráticas. Sua atuação como correspondente de guerra, na Força Expedicionária Brasileira, deixou um grande exemplo para várias gerações de profissionais”

Cícero Sandroni, jornalista e Secretário-geral da Academia Brasileira de Letras