Declama na ABI apresenta sua 31ª edição dia 29


19/03/2018


No próximo dia 28 de março, a Associação Brasileira de Imprensa apresentará a 31ª edição do Declama na ABI, a partir das 15 horas no 11º  andar. O evento contará com a presença da escritora e poetisa Alexandra Vieira de Almeida, que  lançará seu livro “A Serenidade do Zero”.  O Declama na ABI, que está aberto a todo público e tem a entrada gratuita, é coordenado pelo conselheiro Carlos Rocha, e está sob a direção do Diretor de Cultura e Lazer da entidade Jesus Chediak.

A escritora

A escritora Alexandra Vieira

Alexandra Vieira de Almeida é poeta, contista, cronista, resenhista e ensaísta. É Doutora em Literatura Comparada pela UERJ. Trabalha como professora na Secretaria de Estado de Educação (RJ) e tutora de ensino superior a distância na UFF. É membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni, em Minas Gerais.

Também foi aprovada por unanimidade pelos Dirigentes da Litteraria Academiae Lima Barreto para o recebimento do Diploma de Distinção Literária, laurel máximo dessa instituição. Além disso, a partir dessa distinção máxima lhe foi conferido o título de Acadêmica Honorária da Litteraria Academiae Lima Barreto. Publicou artigos e ensaios literários em revistas acadêmicas especializadas e livros. Também tem resenhas e matérias publicadas na mídia, em revistas, sites e jornais importantes como O Globo, R7, A Crítica (Manaus), Divulga Escritor, entre outros.

A autora participou do livro À roda de Machado de Assis, ficção, crônica e crítica, com um ensaio literário, organizado pelo professor Doutor João Cezar de Castro Rocha. Tem um livro de crítica literária, publicado em 2008, fruto de sua dissertação de Mestrado em Literatura Brasileira, Literatura, Mito e Identidade Nacional. Organizou juntamente com um amigo, Doutor em Letras, Ulysses Maciel, um livro de ensaios literários, intitulado Inventário de literariedades e outras vertigens. Publicou os primeiros livros de poemas em 2011, pela editora Multifoco: 40 poemas e Painel. Oferta é seu terceiro livro de poemas, pela editora Scortecci. Em 2016, publicou pela Penalux o livro de poesia Dormindo no verbo, que ganhou o Prêmio de melhor livro de poesia em 2016 pelo “Congresso da Sociedade de Cultura Latina – Seção Brasil”. Ganhou outros prêmios literários, entre eles o 5º Prêmio Literário de Poesia Portal Amigos do Livro. Alexandra ublica suas poesias em antologias, revistas, jornais e alternativos por todo o Brasil e também no exterior. Destacam-se os seguintes meios de comunicação, onde a autora publicou alguns de seus textos: o jornal Rascunho e a Revista Brasileira, da Academia Brasileira de Letras. Seus poemas também foram publicados nas prestigiadas revistas de literatura mallarmargens, Germina, Diversos Afins, 7faces, desenredos, Escritoras Suicidas, entre outras.

Tem poemas traduzidos para o inglês, espanhol, alemão, italiano, holandês e chinês. Começou a produzir contos e crônicas, recentemente, e tem o intuito de produzir novelas e romances, após estudos e pesquisas. Como resultado, tem um conto traduzido para o francês, que participou de Antologia da editora Helvetia.

Em 2017, começou a produzir uma série ilustrada por Giselle Vieira, “Xandrinha e seus amigos”, que teve grande repercussão na mídia. Como resultado, há três volumes da série, sendo dois gratuitos para as pessoas baixarem no site da autora e da ilustradora, e um volume impresso pela editora Penalux, o segundo número, intitulado Xandrinha em: o jardim aberto. Pretende se dedicar a escrever mais livros em vários gêneros da literatura.

A Obra

A Serenidade do Zero: livro de poemas de Alexandra vieira de Almeida

*RAQUEL NAVEIRA

Enquanto objeto, A Serenidade do Zero, da poeta, professora e crítica literária, Alexandra Vieira de Almeida, editora Penalux, é um livro lindo. Capa dura de um céu azul lírico, lombada cor de rosa, refletindo a pureza do infinito. Quando o abrimos, somos convidados a nos libertar “da luz do estado de vigília e da mente daqueles sonhos”, conforme ensinamento Dos Upahishads-Rig Veda; alertados de que “a consciência é uma garrafa vazia num oceano de afetos em maremoto”, como escreveu o filósofo Nietzsche.

O prefaciador, o professor de Literatura, Marcos Pasche, explica que em nossa cultura, o zero é símbolo da insuficiência e nulidade; que a nota zero é um frequente pesadelo dos estudantes; que a expressão “zero à esquerda” enche a boca de quem deseja desqualificar a outrem. A poesia, no entanto, é fenômeno de revelação e ressignificação. A autora traz uma concepção original do número. Não é o único assunto dos trinta e nove poemas que compõem o livro, mas é a ideia estrutural, o eixo do conjunto. “Do zero proveio a multiplicidade dos outros números”, diz o poema que dá nome à obra.

Os números, que aparentemente servem apenas para contar, fornecem uma base de escolha para as elaborações simbólicas. Exprimem ideias e forças, têm personalidade própria, relações com o Princípio Uno. O zero é o vazio, a concha, o feto. Sem valor por si mesmo ocupa o lugar dos valores ausentes, os intervalos, as pausas que multiplicam ou anulam.

Em uma recente entrevista dada a uma Rádio, Alexandra confessou ter sido influenciada, entre outras referências,   pelo Livro sobre Nada, do poeta Manoel de Barros.  Palavras e expressões como “nada”, “vazio”, ”segredo”, “casulo”, “letra morta”, “preces sem um único som”, “silêncio-relicário”, “silêncios meticulosos”, “deserto”, “orgasmo do esvaziamento”, “nirvana de um gozo etéreo e pleno de desfolhagens”, “despir é silenciar a mente”, “natação do silêncio”, “rosto do abismo”, “iniciados do vasto”, “anticor”, “pó de estrelas”, “placidez perpétua”, “mar transparente”, “vazio inaugural”, “árvore de esqueletos”, “utensílios ocos” povoam o livro e dão o clima dessa busca alva e seca da serenidade do zero.

A poeta afirma que, na consciência de sua limitação e finitude, “busca o olho que nada vê”, como se, a partir daí, pudesse ver o paraíso. Ela é a “pagã zero” que ama a solidão das ilhas desertas, o sereno sossego de quem reconhece o humano em si como traço do divino.

Solitária e solidária, amiga dos amigos, com quem conversa constantemente através de mensagens e textos, Alexandra dedica vários poemas a outros poetas capazes de decifrá-los como Igor Fagundes, Olga Savary, Luiz Otávio Oliani. Que alegria um poema dedicado a mim, o “Alfabeto Transcendental”! Diz assim: “A comunhão dos signos/ se faz pela hóstia do silêncio/ Que traduz o que a boca não vê/ Transcendência de nomes/ No papel mágico da vida.”  Amei. Acredito nas letras do alfabeto como constelações, firmamentos, galáxias de Gutenberg, correntes elétricas, forças mágicas que regem o mundo e transformam criaturas em criadores.

Outro detalhe: à maneira da prosa de Saramago, Alexandra não pontua seus versos. A disposição perfeita das letras maiúsculas e minúsculas provoca o ritmo fluente do pensamento que se abre e se fecha sucessivamente em ondas extensas.

Que bela é uma alma que procurou no caracol do zero, no ovo cósmico, “o grau zero da serenidade/ o divino em pleno despertar!”

*RAQUEL NAVEIRA é escritora, professora universitária, crítica literária, Mestre em Comunicação e Letras pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, de São Paulo, autora de vários livros de poemas, ensaios, romance e infantojuvenis. Pertence à Academia Sul-Mato-Grossense de Letras (onde exerce atualmente o cargo de vice-presidente) , à Academia Cristã de Letras de São Paulo e ao PEN Clube do Brasil.