Cinédia em palestra na ABI


04/04/2006


Claudio Carneiro 

A origem da Cinédia e o esforço para preservar seu acervo de mais de 30 filmes e salvar parte importante da memória do cinema nacional. Estes serão os temas da palestra-debate “75 anos de Cinédia”, na próxima terça-feira, às 17h, com a produtora e diretora Alice Gonzaga, filha de Adhemar Gonzaga, criador e executor desta que foi a primeira iniciativa brasileira de desenvolver a indústria cinematográfica no País. A palestra integra o projeto Estação ABI, iniciativa da Casa do Jornalista de discutir e pensar a cultura brasileira em suas diversas manifestações.

Na avaliação de Alice Gonzaga, o cinema feito hoje no Brasil pouco mudou em relação a 1930, ano em que a Cinédia produziu seu primeiro filme, “Lábios sem beijos”, de Humberto Mauro:
— A estrutura é praticamente a mesma da década de 30. Mas é evidente que os filmes hoje são mais caros e contam com verbas do Governo e patrocínios. Em sua época, meu pai fazia filmes com seus próprios recursos. Hoje, a Cinédia não tem verba para produzir um filme e sobrevive da locação de estúdios e de pesquisas sobre o cinema nacional.

Pouca gente sabe, mas a Cinédia surgiu a reboque da revista Cinearte, que defendia a necessidade de uma indústria cinematográfica no Brasil.
— Meu pai era jornalista e idealista. Hoje a realidade é outra. Administro o estúdio e tomo conta de nosso acervo cultural — diz Alice.

No acervo da Cinédia estão filmes como “O ébrio”, de 1946, que foi protagonizado por Vicente Celestino e dirigido por Gilda de Abreu e levou mais de 4 milhões de pessoas ao cinema. Entre outras relíquias preservadas e restauradas está também “Tereré não resolve”, produção de 1938, dirigido por Luiz de Barros, tendo no elenco Alvarenga, Maria Amado e Carlos Barbosa:
— Minha preocupação maior é salvar estas obras. Para mim, elas têm valor inestimável. 

Próximas palestras

No dia 20 — excepcionalmente uma quinta-feira — Luiz Carlos Barreto falará sobre “O processo de produção e a estética do Cinema Novo” e exibirá o documentário “Dez anos de CDI”.

No dia 25, a atriz Letícia Spiller — que atuou em “O pulso”, “Oriundi”, “Villa-Lobos” e “A paixão de Jacobina” — “ABI pensa o cinema” com a palestra “O ator no cinema nacional”.

  • Os cem anos da ABI na tela