Caseiro contradiz polícia e afirma não ter confessado participação no crime


Por Igor Waltz*

06/05/2014


Wadih Damous e os senadores da Comissão de Direitos Humanos do Senado deixam a Delegacia no Leblon, após encontro com o caseiro acusado de matar Paulo Malhães (Crédito: Gustavo Miranda/O Globo)

Wadih Damous e os senadores da Comissão de Direitos Humanos do Senado deixam a Delegacia no Leblon, após encontro com o caseiro acusado de envolvimento na morte de Paulo Malhães (Crédito: Gustavo Miranda/O Globo)

Uma comitiva, formada pelo presidente da Comissão da Verdade do Estado do Rio, Wadih Damous, e pelos senadores Ana Rita (PT-ES), João Capiberibe (PSB-AP) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), compareceu nesta terça-feira, 6 de maio, à Delegacia Anti-Sequestro (DAS), no Leblon, zona sul do Rio, onde está preso o caseiro Rogério Pires, acusado de envolvimento na morte do coronel reformado Paulo Malhães. Segundo eles, Pires negou ter confessado participação no crime como alega a polícia, e que sua abordagem pelos policiais na delegacia foi feita sem a presença de um advogado no dia da prisão.

O grupo compareceu à delegacia para averiguar possíveis falhas na investigação da morte do ex-militar. Os três parlamentares, que integram a subcomissão de Memória, Verdade e Justiça, da Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado, chegaram a ser barrados ao tentarem entrar na delegacia. Quando já davam entrevista criticando a postura da Polícia Civil foram convidados a entrar e falar com o detento. “Ele demonstrou firmeza. Vamos solicitar uma cópia do inquérito e do depoimento dele à Polícia Civil”, disse a senadora Ana Rita (PT-ES).

Segundo os membros da comitiva, Pires alega ter reconhecido o irmão por uma tatuagem e que durante o período em que os assaltantes ficaram na casa fizeram uma ligação de um telefone fixo para uma pessoa ir buscá-los. A CDH deve pedir a quebra do sigilo da linha telefônica.

Versão da polícia

A comitiva se reuniu com o chefe da Polícia Civil, Pedro Medina, e os delegados do departamento de Homícidios da Baixada Fluminense, Marcos Castro e William Pena Junior. Os três reafirmaram a confissão do caseiro, dada em três depoimentos. Disseram ainda não ver qualquer ilegalidade no fato de o principal suspeito não ter sido acompanhado por um advogado ou defensor público. Os delegados não quiseram dar mais detalhes sobre as investigações.

Ana Rita, presidente da CDH, disse que Veloso garantiu que nenhuma hipótese sobre a morte do coronel reformado tenha sido descartada. A senadora informou que a Comissão Estadual da Verdade do Rio enviará ofício à defensoria pública do Estado para que assuma o caso.

Os senadores criticaram a condução do caso pelas autoridades do Estado. “Esse encontro foi o mais transparente e esclarecedor sobre o caso. O fato de ele não ter advogado e negar a autoria não ter se tornado público mostra que falta transparência na condução do processo”, disse Randolfe Rodrigues.

Na última segunda-feira, 5 de maio, Rodrigues, que é pré-candidato do PSOL à Presidência, criticou a atuação da Polícia Civil do Rio na investigações sobre a morte do coronel Paulo Malhães. “O caminho tomado pela polícia me preocupa muito. Desde o começo, estão tentando descartar qualquer hipótese que não seja a de latrocínio simples”, afirmou Randolfe.

*Com informações do jornal O Globo, Folha e Estadão.