Assembleia decide manter a greve na Rádio e TV Cultura


12/09/2016


cultura-greve-640x424Os funcionários da Fundação Padre Anchieta (FPA), mantenedora da Rádio e TV Cultura, realizaram assembleia na tarde do último dia 9, em frente à emissora, no bairro da Água Branca, e decidiram continuar a greve iniciada na madrugada do dia 8.

Segundo o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, a paralisação é histórica por reunir jornalistas e radialistas, em luta unificada pela aprovação da um acordo coletivo específico aos trabalhadores da Fundação e por reajuste salarial. O movimento segue organizado e com o apoio da instituição e do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Radiodifusão e Televisão no Estado de São Paulo (Radialistas-SP).

Os jornalistas reivindicam reajuste de 25,12% para reposição da inflação, pois o último aumento salarial foi há mais de dois anos de nove meses, em dezembro de 2013. Para os radialistas, o último aumento foi há mais de dois anos e quatro meses, em maio de 2014, e os profissionais reivindicam reajuste 20,72% para repor a inflação do período.

Historicamente, a Fundação sempre estendeu aos trabalhadores a mesma convenção coletiva das emissoras de rádio e TV da capital. Mas há três anos a FPA passou a questionar a aplicação das cláusulas e, desde então, segue um impasse nas negociações de campanha salarial das categorias.

Prática antissindical

A empresa está acusando o SJSP de não garantir o mínimo de 60% de jornalistas trabalhando – como determinou liminar concedida na quinta-feira pela juíza Alcina Maria Fonseca Beres, do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo (TRT-SP) – e a entidade de representação dos trabalhadores está sujeita à multa de R$ 50 mil por dia.

Porém, o Sindicato rebate a direção da FPA e está tomando as medidas judiciais cabíveis, pois, apesar da contingência, a programação da emissora segue normalmente. Além disso, denunciam os sindicalistas, a direção da FPA está informando um quadro de jornalistas maior do que o existente de fato, numa manobra para tentar dissuadir o poder judiciário.

“Estamos cumprindo a liminar, mas, além de não dar reajuste salarial, a Fundação ataca a entidade que representa os jornalistas, tentando desmontar a greve inflando números para levar o Sindicato à Justiça”, critica Paulo Zocchi, presidente do SJSP.

O Sindicato publicou em seu site que solicitou que a juíza reconsidere a liminar, pois, no entendimento da entidade, apenas telefonia é considerado serviço essencial no setor de telecomunicações, mas não radiodifusão.

A prática antissindical da FPA também se expressa nas denúncias de assédio moral relatadas pelos trabalhadores em greve. A empresa enviou comunicado por e-mail no dia 8, no qual informa que os profissionais estariam livres para votar e participar da greve, mas, nas redações, as chefias estão organizando listagens e ligando para convocar os jornalistas a trabalhar.

Defesa da comunicação pública

Para os dirigentes do SJSP, o descaso da empresa com os trabalhadores integra um cenário mais amplo e que se aprofunda a cada ano – o do desmonte da Rádio e TV Cultura e da comunicação pública paulista pelo governo estadual de Geraldo Alckmin (PSDB).

“É difícil chegar no final do mês e olhar o salário do mesmo jeito há quase três anos. E quem sobrevive com um vale-alimentação de R$ 80,00? É uma situação muito delicada a ponto de fazer com que a gente se sinta humilhado”, pontua Evany Sessa, trabalhadora da TV Cultura e secretária de Relações Sindicais e Sociais do SJSP.