Adesg propõe ação em defesa da Amazônia


29/05/2008


A Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra propôs à ABI nesta quinta-feira, dia 29, a efetivação de uma parceria para a realização de um seminário sobre a Amazônia, que ambas consideram que deve ser defendida da cobiça de poderosas nações e empresas estrangeiras. Este seria um dos temas da colaboração a ser estabelecida entre as duas entidades, que contemplaria outras questões de interesse estratégico do País.

A proposição foi apresentada pelo Presidente da Adesg, Pedro Ernesto Mariano, no almoço mensal da entidade, dedicado em meio à realização de homenagem ao centenário da ABI, cuja trajetória de serviços ao País foi por ele exaltada. O encontro, realizado no Clube de Aeronáutica, contou com a participação de cerca de uma centena de membros da Adesg, entre eles o editor dos “Cadernos de estudos estratégicos de logística e mobilização nacionais”, Coronel Antônio Celente Videira, que representou o Comandante da Escola Superior de Guerra, General-de-Exército José Benedito de Barros Moreira.

Por indicação do Presidente Pedro Ernesto Mariano, a saudação à ABI, representada pelos diretores Maurício Azêdo, Presidente; Estanislau Alves de Oliveira, Diretor Administrativo; e Paulo Jerônimo de Sousa, Diretor de Assistência Social; e pelo Conselheiro Pery Cotta, foi feita pelo jornalista, escritor e acadêmico Arnaldo Niskier, que integrou a turma de 1976 da ESG. Niskier lembrou que essa turma recebeu o nome do Almirante Álvaro Alberto, após intenso proselitismo que ele fez junto aos formandos, para que se homenageasse um dos mais destacados incentivadores da ciência no Brasil. Entre os títulos de Álvaro Alberto, citou Niskier o de Presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) e de criador do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, instituição que promoveu o fomento das pesquisas científicas no País:
— Eu concorria à eleição para orador da turma — contou Niskier. — Diante do meu empenho para a escolha do Almirante Álvaro Alberto para paraninfo, os colegas me advertiram que, como havia outro candidato, eu deveria me preparar para perder essa eleição. Eu não perdi a eleição: retirei minha candidatura.

Além de ressaltar a contribuição da ABI à defesa da liberdade de imprensa e à construção da democracia no Brasil e elogiar o processo de revitalização da Casa ora em curso, Niskier defendeu a melhoria da educação no País, sem a qual serão limitados os avanços no desenvolvimento econômico e no progresso social. Nesse ponto, mencionou o pronunciamento feito na véspera em um fórum no Banco Ncional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) pelo ex-Ministro do Planejamento João Paulo dos Reis Veloso, que acentuou a necessidade de os progressos tecnológicos não se afastarem de uma perspectiva humanista.

Ao agradecer a homenagem, o Presidente da ABI declarou que a Casa se sente desvanecida com a manifestação da Adesg, pois as duas entidades têm pontos em comum, como a preocupação com a defesa da soberania nacional e especialmente da Amazônia, exposta a riscos referidos em seus pronunciamentos pelo Presidente Pedro Ernesto Mariano e pelo acadêmico Arnaldo Niskier. Lembrou Maurício Azêdo que há cerca de 15 anos um eminente membro da Casa, o Professor Henrique Batista Aranha Miranda, que foi oficial da Marinha, teve a iniciativa de propor a criação em dependência da ABI da Campanha Nacional de Desenvolvimento e Valorização da Amazônia (CNDDA), que se dedicou ao estudo dessa região e à defesa da soberania nacional sobre essa importante parcela de seu território. Mais recentemente, há cerca de quatro anos, a ABI promoveu em seu auditório concorrida conferência do General-de-Exército Cláudio Barbosa de Figueiredo, ex-Comandante Militar da Amazônia, o qual fez relato minucioso sobre a região e seus problemas e sobre a ação desenvolvida pelas unidades do Exército lá sediadas para defendê-la e para assistir as populações locais.

Disse ainda Maurício Azêdo que nas questões relacionadas com o interesse nacional a ABI segue a orientação fixada por seu grande patriarca, o jornalista, professor, economista, escritor, historiador e acadêmico Barbosa Lima Sobrinho, que aprofundou seu engajamento na defesa do Brasil sobretudo nas duas últimas décadas de sua longa vida. O Doutor Barbosa Lima, disse o Presidente da ABI, a partir dos 90 anos e até o seu passamento, em 16 de julho de 2000, aos 103 anos, orgulhava-se de dizer que só servia a um patrão:
— Meu patrão é o Brasil, ao qual todos devem servir sem nada postular ou exigir — dizia o Doutor Barbosa Lima, sustentando que o Brasil tem dois partidos, o Partido de Silvério dos Reis, partido dos entreguistas, dos que abdicam do interesse e da soberania nacional, e o Partido de Tiradentes, constituído por pessoas de variada origem política, filosófica e social, que têm como elementos de unificação o amor ao País e à defesa do interesse nacional. Barbosa Lima Sobrinho era a maior expressão do Partido de Tiradentes.

Antes do encerramento do ato, o Coronel Antônio Celente Videira entregou ao Presidente da ABI um conjunto de publições doadas pelo Comandante da Escola Superior de Guerra: o número 01 de 2007 dos citados “Cadernos de estudos estratégicos”, o número 48, volume 23, julho-dezembro de 2007, da Revista da Escola Superior de Guerra e o número 26, janeiro-abril de 2008, da publicação Idéias em Destaque, do Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica.