ABI manifesta solidariedade a pataxós e cobra medidas do governador Rui Costa


19/08/2022


Por meio da sua Comissão de Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos (CLIDH) e da sua Comissão de Meio Ambiente, a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) vem a público cobrar do governador Rui Costa e demais autoridades estaduais e federais medidas urgentes para proteger os direitos das comunidades indígenas de Boca da Mata e Cassiana, no Território Indígena (TI) Barra Velha, na Bahia.

Ao mesmo tempo, a ABI manifesta irrestrita solidariedade às famílias pataxó dessas comunidades, que habitam a região há décadas e há mais de um mês são vítimas de uma série de ataques por parte de fazendeiros, pistoleiros e milicianos que atuam livremente. Impedidas de transitar, sem possibilidade de comprar alimentos ou sair para trabalhar, sofrem violência física sem que nenhuma autoridade as proteja.

Tais fatos ferem os direitos humanos, garantidos pela Constituição Federal, e precisam ser urgentemente apurados e esclarecidos, bem como seus responsáveis punidos. Também é fundamental assegurar a demarcação do território de Barra Velha, como previsto pela Lei Magna.

Conforme denuncia a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), ali vem ocorrendo “uma retaliação do agrobanditismo, conduzida por proprietários de fazendas vizinhas ao TI”, os quais ameaçam as lideranças locais que denunciam os fatos. Pelos relatos da APIB, os agressores são responsáveis pela “monocultura de eucalipto e têm ainda interesse na especulação imobiliária, visto que as terras no entorno das comunidades, além de férteis e preservadas, se localizam numa região paradisíaca, buscada pelas elites para construção de mansões de veraneio”.

Os indígenas têm convivido diariamente com barulho de tiros e ameaças de invasão às aldeias, além de fake news, lamentavelmente fomentadas pela imprensa regional, que atentam contra a reputação dos indígenas acusados da queima de pertences em fazendas, o que, segundo a ABIP, é feito pelos próprios pistoleiros, a mando dos fazendeiros, para responsabilizar os indígenas.

A ABI se coloca, ainda, amplamente em defesa de todos os povos originários brasileiros que, em âmbito nacional, são diuturnamente vilipendiados pela política danosa praticada pelo atual (des)governo. Como é público, este (des)governo trabalha sistematicamente pela desarticulação das instituições de defesa das populações indígenas e pela militarização e inoperância dos órgãos que existem para proteger estas comunidades. Numa inversão de papéis, estes órgãos – incluindo a Polícia Militar – atuam na defesa do agrobanditismo.