Polícia investiga morte de cronista em Goiás


09/07/2012


A polícia de Goiás já tem pistas do assassino do cronista esportivo Valério Luiz de Oliveira, 49 anos, morto com quatro tiros no tórax disparados por um motoqueiro na tarde da última quinta-feira, 5 de julho, quando saía da Rádio Jornal 820 AM, em que trabalhava, em Goiânia. A informação é da Delegada de Homicídios, Adriana Ribeiro. O jornalista é o sétimo profissional assassinado no Brasil, em 2012.
 
 
A Delegada Adriana Ribeiro disse que todas as hipóteses do crime estão sendo investigadas. Ela também falou da postura crítica de Valério:
― Ele era um jornalista crítico como os demais aqui (de Goiânia) da área esportiva e não do setor policial, mas também sujeito a qualquer tipo de ameaça, comentou a policial
 
 
Adriana Ribeiro disse que a polícia ainda não tinha como determinar qual a verdadeira causa do crime (vingança, desavença ou encomenda), mas que está conversando com os familiares de Valério, para obter mais informações que possam ajudar nas investigações:
― Já tivemos uma conversa com o pai do jornalista e com a sua esposa, para poder traçar a linha investigativa do assassinato e verificar se foi um crime por vingança e devido a algum fato ligado ao jornalismo. Já temos um suspeito, mas não podemos divulgar mais informações, disse a policial.
 
 
Segundo testemunhas, Valério tinha acabado de entrar em seu carro quando foi abordado por um homem que atirou contra o veículo. Ele tentou fugir, mas o assassino o perseguiu, fez mais cinco disparos e depois fugiu em uma moto. O cronista chegou a ser atendido por uma ambulância no local do crime, mas não resistiu aos ferimentos.
 
 
Como as câmeras de segurança da rádio estavam desligadas, na tentativa de identificar o assassino, a polícia está analisando as imagens registradas pelas câmeras de segurança de um prédio localizado ao lado da emissora de rádio.
 
 
De acordo com o Delegado adjunto da Delegacia de Homicídios, Carlos Caetano Júnior, como não houve roubo a polícia trabalha com a hipótese de que o crime tenha sido encomendado:
― Ele era um jornalista esportivo, mas era muito duro em algumas opiniões. Não media palavras. Era muito amado e muito odiado, disse o delegado ao Jornal de Hoje, de Goiânia.
 
 
 
Selvageria
 
 
Para o amigo e também jornalista esportivo Cassin Zaiden, a opinião de um comentarista, mesmo que não seja do agrado de quem é contrário ao comentário emitido não pode ser rebatida a tiros:
― Opinião se combate com opinião. Se alguém não estava satisfeito com algum comentário sobre um time de futebol, o time pode dar a resposta dentro do campo. Não tem que estar dando resposta na bala. Essa atitude significa o predomínio da selvageria. Eu não consigo aceitar que uma opinião tenha que ser silenciada a tiros. Se eu aceitar isso, tenho que abandonar a profissão, declarou Zaiden.
 
 
O suposto clube criticado por Valério teria sido o Atlético Goianiense, que, segundo o site Terra, chegou a proibir a entrada em suas dependências de dois veículos em que o cronista trabalhava supostamente em represália aos seus comentários.
 
 
Assim que saiu a notícia da morte de Valério, o Atlético Goianiense divulgou uma nota de pesar pela sua morte, na qual diz que a agremiação está de luto “pelo brutal assassinato do cronista esportivo e atleticano Valério Luiz de Oliveira, ex-integrante da Rádio Jornal 820 AM e do DM TV. Valério Luiz se caracterizava por seus comentários, que em alguns momentos desagradou alguns setores do clube, porém, a opinião forte do cronista já serviu até para a tomada de decisões que colaboraram desta forma com o crescimento do Atlético”.
 
 
Na nota o clube pede que a Secretaria de Segurança Pública do Estado de Goiás faça “a mais profunda apuração do assassinato e que os responsáveis pelo crime sejam punidos com a devida justiça”.
 
 
Rigor
 
 
A Delegada Geral da Polícia Civil de Goiás, Adriana Accorsi, disse aos jornalistas que o crime vai ser apurado com todo rigor:
― É um caso emblemático de uma pessoa pública e muito querida. Com certeza será também investigado com todo rigor e atenção. Nós com certeza vamos fazer o possível para elucidar esse crime o mais rápido possível, disse a delegada.
 
 
Com mais de 30 anos de profissão, Valério era considerado um profissional polêmico. Ingressou no jornalismo seguindo os passos do pai, Mané de Oliveira, que também trabalhou na imprensa esportiva.
 
 
Valério trabalhou em várias emissoras de rádio e TV de Goiânia. Ao lado do Presidente do Diário da Manhã, Júlio Nasser, ajudou a fundar do canal de notícias DM TV, do qual foi um dos seus primeiros diretores. Valério deixa esposa e três filhos.
 
 
* Com informações do Terra, O Povo  e Diário da Manhã.