Morre no Rio o jornalista Rodoldo Fernandes


29/08/2011


A notícia da morte do jornalista Rodolfo Fernandes, diretor de Redação do Globo, foi recebida com muita tristeza por familiares, colegas do jornal, amigos e os admiradores que conquistou ao longo da sua brilhante carreira profissional. Ele morreu em conseqüência de uma esclerose lateral amiotrófica, na tarde do sábado, 27 de agosto, na Clínica São Vicente, na Gávea, aos 49 anos de idade.
 
 
Rodolfo Fernandes lutava há dois anos contra a doença neurodegenerativa, que vai retirando aos poucos os movimentos do corpo. Determinado no cumprimento das suas funções jornalísticas, como a enfermidade já o impedia até de falar, usava os olhos para se comunicar com os editores nas reuniões de pauta do jornal. A última que ele participou foi na quinta-feira, 26 de agosto.
 
 
Rodolfo Fernandes ingressou no jornalismo aos 16 anos de idade, como estagiário do jornal carioca Tribuna da Imprensa do qual seu pai Hélio Fernandes é o proprietário. Transferiu-se para Brasília, onde trabalhou nos jornais Última Hora, Jornal de Brasília e nas sucursais da Folha de S.Paulo e do Jornal do Brasil.
 
 
Em 1989 ele ingressou no Globo, na sucursal do Distrito Federal, onde exerceu as funções de repórter, coordenador de política e mais tarde foi promovido a chefe de Redação. Em 1995, Rodolfo Fernandes voltou ao Rio de Janeiro e passou à função de editor de O País. Foi promovido no ano seguinte a editor-chefe, e em 2001 assumiu o cargo de diretor de Redação do jornal da família Marinho, da qual curiosamente seu pai era desafeto.
 
 
Na opinião de João Roberto Marinho, Vice-presidente das Organizações Globo, nos últimos dez anos em que comandou a redação do jornal, Rodolfo Fernandes demonstrou características indispensáveis ao bom jornalismo e por isso era visto por ele e por seus irmãos como “um jornalista de um talento imenso, curioso, competente, criativo, incansável e ético”.
 
 
Em depoimento ao Globo, Ricardo Kotscho lembrou que Rodolfo Fernandes sempre conduziu o seu ofício com “prazer e bom humor”. Segundo o jornalista, ele “tinha alma de repórter. Nunca o vi dando bronca em um subordinado. E Rodolfo continuou sendo repórter, com faro de notícia”.

O Presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL), Marcos Vinicius Vilaça, também se maniefstou sobre a morte de Fernandes:
— Perde o Brasil um grande jornalista, o Globo deixa de contar com um profissional da mais alta competência, e a Academia lamenta o desaparecimento de um excelente amigo. Durante todos esses anos, Rodolfo Fernandes sempre teve muita atenção para as atividades da ABL e de seus membros, declarou Vilaça. 

 
 
Hélio Fernandes disse que vai sentir muita falta do filho que ele considerava extremamente amoroso e próximo. “Desde pequeno, jogávamos futebol na praia, corríamos na Lagoa, íamos ao Maracanã. Fez uma carreira brilhante como jornalista, e absolutamente independente de mim, o que é raro, quando se é filho de um dono de jornal… Acho que todos vão concordar comigo: era um homem sem inimigos. Ao contrário do pai, o que prova que nem tudo é genética”, declarou Fernandes ao Globo.
 
 
Nesta segunda-feira, 29 de agosto, João Roberto Marinho anunciou que Ascânio Seleme, atualmente editor executivo, será o substituto de Rodolfo na direção de Redação do Globo. Já o Governador Sérgio Cabral decretou luto de três dias e disse, no sábado, que vai batizar uma escola estadual com o nome do jornalista.
 
 
Rodolfo Fernandes era sobrinho do cartunista e humorista Millôr Fernandes. Era casado pela segunda vez com a economista Maria Silvia Bastos Marques, atual Presidente do Instituto Rio Olímpico 2016. Além da viúva, deixa os filhos Letícia e Felipe do seu primeiro casamento com Sandra Araújo.