Teixeira Heizer lança “Maracanazo”


24/05/2010


O consagrado jornalista autografa no próximo dia 1, às 19h, na Livraria Argumento (Rua Dias Ferreira, 417, no Leblon), o livro “Maracanazo — tragédias e epopéias de um estádio com alma”, com prefácio de Zico, apresentação de Villas-Bôas Corrêa, e crônicas assinadas por Maurício Azêdo, Presidente da ABI, Eduardo Galeano, Ferreira Gular, Luiz Mendes, Manolo Epelbaum, Sérgio Cabral e Washington Oliveira.

Na orelha da publicação, Eucimar de Oliveira, aplaude a importante contribuição de Teixeira Heizer para o jornalismo esportivo:

“Teixeira andou fisicamente por quase todas as redações. Como inspirador, em todas. Foi com ele, ainda preso a técnicas jornalísticas dos bancos universitários, que também aprendi (ou penso ter aprendido) a contar histórias. Teixeira também formou gerações de grandes jornalistas como professor. Mas quem quisesse mesmo aprender, nem deveria ir à aula. Bastava lê-lo. Teixeira Heizer é daqueles homens que merecem viver mil anos para contar uma ou várias histórias mil vezes e de mil maneiras diferentes. Esta, neste livro, é uma delas, tão rica quanto as passadas e preciosa como serão as futuras.”

Com passagem pelas redações de O Estado de S.Paulo, Veja, Placar, Mundo Ilustrado, Correio Fluminense, O Dia, Diário da Noite, Última Hora, Diário de Notícias, Rio Gráfica e Editora, Editora Abril, Empresa Brasileira de Notícias, TV Continental, TV Excelsior, TV Tupi, TV Nacional de BSB e TV Globo, rádios Continental, Globo e Nacional, Teixeira Heizer acompanhou diversas Copas do Mundo, além de dezenas de outras competições nacionais e internacionais. Residiu na França, na década de 1990, onde trabalhou em documentários de sucesso, participou de transmissões especiais para emissoras estrangeiras, entre as quais a BBC, de Londres; Wrul, dos Estados Unidos; e Nacional, de Lisboa. É autor do livro “O Jogo Bruto das Copas do Mundo”. 

A edição de 1950 da Copa do Mundo marcou a quarta participação da Seleção Brasileira de Futebol na competição, a primeira sediada no País. Em 16 de julho de 1950, o estádio do Maracanã reuniu 200 mil pessoas, público recorde para um jogo de futebol.

Dias antes da partida final, a seleção brasileira já era aclamada campeã mundial de futebol pela imprensa especializada e pelo público em geral. O Brasil havia vencido os dois últimos jogos; o Uruguai empatara contra a Espanha e obtivera uma vitória magra sobre a Suécia. Contudo, o País acabou perdendo o lendário jogo que ficou conhecido como Maracanazo. 

Veja abaixo alguns trechos do livro:

Maurício Azêdo 

“Tão doloroso quanto aquele fim de tarde de 16 de julho de 1950 foi a segunda-feira. O condutor do bonde 33 evitava tilintar as moedas. Temia que o pequeno ruído ferisse aqueles que, como ele, carregavam uma dor irreparável e mereciam a solidariedade de piedoso silêncio.”

Villas-Bôas Corrêa 

“A Copa de 50 foi perdida na véspera. E o res-ponsável foi Flávio Costa, ao mudar a Seleção do paradisíaco sossego da Casa das Pedras, em São Conrado, para o inferno do estádio do Vasco, em São Januário, antes da final contra o Uruguai.” 

Sérgio Cabral 

“Pouca coisa se compara aos gritos das arquibancadas de ’fica! fica!’, quando Pelé dava a volta olímpica numa das suas inúmeras despedidas do futebol. Não há dúvida de que há entre nós, amantes do futebol, e o Maracanã, um maravilhoso e eterno caso de amor.”

Luiz Mendes 

“Corre que a CBD pagou US$15 mil a fim de que Steban Marino não comparecesse ao julgamento para acusar Garrincha (expulso no jogo contra o Chile). O juiz voltou para Montevidéu, não houve a acusação, nosso craque jogou e vencemos a Copa de 62.”

Eduardo Galeano 

“Caí al suelo.

Y de rodillas, llorando, rogué a Dios, ay Dios, ay Diosito, haceme el favor, yo te lo ruego, no me podés negar este milagro.

Y le hice mi promesa.

Y entonces el partido se dio vuelta y Uruguay ganó el partido y la copa del mundo, contra todo pronóstico, contra toda evidencia.”

Zico (Arthur Antunes Coimbra) 

“Além de ter marcado 333 gols, vivi momentos de alegria praticamente impossíveis de serem descritos. Trafeguei por caminhos que fizeram sentido muitos anos depois. Derrotas que antecipam vitórias. Sofrimentos que nos ensinam a beleza de vencer.”

Ferreira Gullar 

“Como a maioria dos pernas-de-pau, tornei-me torcedor. Depois que me mudei para o Rio, fui algumas vezes ao Maracanã torcer pelo Vasco. O estádio me fascinou, sobretudo porque por ali passaram os grandes heróis que situaram o Brasil no topo da hierarquia mundial.”

Manolo Epelbaum 

“No futebol, bem pequeno, experimentei a dor brasileira com a derrota de 1950. Gardel e Le Pera não construiriam, “al compas”, tangaço de igual dramaticidade. Até o título, zombeteiramente criado pelos vencedores, Maracanazo, mexeu com a alma da gente do Rio de Janeiro.”

Washington Olivetto 

“Nasci em setembro de 1951. Mas, não escapei incólume à tragédia. Mesmo sendo uma criança corajosa – sem medo de cuca, lobisomem ou mula-sem-cabeça –, tinha medo de uruguaios, medo que me acompanhou até quase os 19 anos de idade.”