Magistrados e ABI defendem o diploma


08/08/2009


Em declaração firmada em Brasília nesta quinta-feira, 6 de agosto, a Associação dos Magistrados Brasileiros-AMB e a ABI manifestaram-se em  defesa da conclusão do curso de Jornalismo ou Comunicação Social para o exercício da profissão de jornalista. Firmado pelos Presidentes da AMB, Mozart Valadares, e da ABI,  Maurício Azêdo, o pronunciamento foi a principal conclusão do 2º Encontro Nacional de Jornalistas das Associações Filiadas à AMB, que reuniu no Salão Caxambu do hotel Kubitschek Plaza mais de três dezenas de profissionais dessas entidades, procedentes de vários Estados.
 
Ao abrir o Encontro, pela manhã,  o Presidente da AMB salientou a importância da liberdade de imprensa e da liberdade de expressão para o fortalecimento e ampliação da democracia no Pais e da contribuição que o Poder Judiciário pode oferecer com esse propósito. De seu lado, o Presidente da ABI  preconizou uma colaboração mais estreita entre as instituições de magistrados e de jornalistas, para afastar incomprensões e evitar decisões como as que, nos últimos dias,  impuseram censura aos jornais O Estado de S. Paulo e A Tarde, de Salvador, com grave agressão ao texto constitucional, que em seu artigo 220, parágrafo 2º, veda “toda e qualquer censura de natureza  política, ideológica e artística”. 
 
Acentuando que exporia com “extrema franqueza” este entendimento, disse Maurício Azêdo que a ABI tem sustentado nos últimos anos que atualmente  o maior inimigo da liberdade de imprensa no Brasil  é o Poder Judiciário, dada a freqüência com  que juízes de diferentes pontos do País, sobretudo na primeira instância, têm adotado decisões que    impõem censura aos meios de comunicação. Esses magistrados, acrescentou, ignoram tanto o texto da Constituição como a recente História do País, pois não sabem como foi difícil e penosa  a luta para restabelecer o Estado de Direito entre nós.
 
Após a abertura da sessão, o Professor João José  Forni, do Centro Universitário de Brasilia-Ceub,  fez uma conferência sobre o tema Gerenciamento de Crise, a qual se estendeu por mais de uma hora  e meia e foi seguida, com  a platéia sem arredar pé do plenário, por mais de uma hora de perguntas ao conferencista e, em diálogos com  este,  de relatos de casos por vários dirigentes e representantes de associações estaduais de magistrados. Gaúcho de origem, advogado e jornalista de profissão, Forni trabalhou nas assessorias de imprensa do Banco do Brasil e da Infraero e pôde ilustrar sua exposição com farto material audiovisual e com exemplos da uma experiência profissional muito rica.
 
À tarde, o Encontro contou com exposições do jornalista Fernando Foch, desembargador do Tribunal de Justiça do Estado do Rio e membro efetivo do Conselho Deliberativo da ABI, das jornalistas Débora Diniz, Gerente de Comunicação da AMB, e Simone  Caldas, que discorreram sobre o tema Mídia x Judiciário: Como vender uma pauta.
 
A declaração conjunta das duas entidades, proposta e redigida  pelo Vice-Presidente da AMB,  Cláudio Dell’Orto, juiz do Tribunal de Justiça do Estado do Rio,  tem o seguinte teor:
 
“Como resultado do 2º Encontro Nacional de Jornalistas das Associações Filiadas à AMB, realizado hoje em Brasília, DF, a Associação dos Magistrados Brasileiros-AMB e a Associação Brasileira de Imprensa-ABI reafirmam o compromisso com  os principios fundamentais da República democrática, com ênfase na essencial liberdade de imprensa e na defesa das prerrogativas dos profissionais que representam. A AMB e a ABI renovam o compromisso com a construção de um conjunto de normas regulamentadoras da profissão de jornalista, com a exigência de curso superior.
 
Brasilia, 6 de agosto de 2009. (a) Mozart Valadares, Presidente da AMB.  (a) Maurício Azêdo, Presidente da ABI.”