17/08/2022
Por Moacyr Oliveira Filho, diretor de Jornalismo da ABI
Em 1982, como repórter da sucursal da Veja, em Brasília, fui pautado para fazer uma Página Amarela, a disputadíssima e valorizadíssima entrevista semanal da revista, com o Major Curió, que era candidato a deputado federal pelo Pará.
Gravador em punho, fui entrevistá-lo no seu escritório, num prédio da W3 Norte. Perguntei tudo sobre o seu passado, mas ele não respondeu quase nada.
Voltei para a redação, desgravei a entrevista – que durou quase 2 horas, escrevi a Amarela e mandei por telex para São Paulo.
Horas depois recebi um telefonema do Elio Gaspari com um elogio e uma ordem:
“A entrevista está boa, mas ficou faltando uma coisa. Volta lá e diz pro Curió que só vamos publicar se ele responder onde está enterrado o corpo do Maurício Grabois” (que era um dos comandantes militares da Guerrilha do Araguaia).
Na mesma hora, liguei pro Curió e disse que precisava lhe fazer mais uma pergunta. Voltei ao seu escritório, fiz a pergunta e ele – como era de se esperar – não respondeu. Disse que não sabia.
De volta à redação, liguei para o Gaspari para lhe informar que Curió disse que não sabia onde estava enterrado o corpo do Grabois.
E a Amarela não foi publicada.